A 446 km daqui, por Ronald Gimenez*

Depois de meio século, minha primeira vez no samba do Rio de Janeiro.

Desde sempre tive um gosto muito particular pelo samba de qualidade. Aquele oriundo de escolas de samba então, nem se fala. Nos anos 80, quantos não foram os ensaios da Prova de Fogo, na antiga Avenida Um. Sempre tudo muito precário, mas era samba de verdade. Que felicidade quando a nossa escola conseguiu chegar no grupo de acesso (o máximo na história da agremiação). Foram tantos desfiles na Avenida Tiradentes e depois o Anhembi.

De tanto gostar, virei até comentarista de carnaval na Rádio Bandeirantes. Antes já tinha sido repórter em plena “avenida”. Adoro tudo que diz respeito a essa festa.

Eu e Magda fomos para o Rio de Janeiro e tínhamos em mente visitar uma escola. Encontramos inúmeros guias na praia e um deles pareceu ser confiável. Decidimos ir na noite de sábado para a quadra do Acadêmicos do Salgueiro. Preço: R$ 85,00 por pessoa, com traslado e ingresso incluídos.

O horário de saída do Hotel, em Copacabana, seria por volta de 21h30min. 20 minutinhos de atraso e chega a Van. Pensei que um carioca típico nos receberia, mais eis que surge Alejandro, argentino, vestindo uma camisa do Salgueiro e um cabelo pintado na cor laranja. Sotaque portenho, “por supuesto”.

Só pra sair de Copacabana e seguirmos na direção do Andaraí demoramos uns 40 minutos. O guia e o motorista da Van não tinham estudado o roteiro de captura dos outros turistas. Isso resolvido e mais 20 minutos de caminho, estávamos na porta da histórica quadra da vermelho e branco.

Muito do samba do Rio de Janeiro, idolatrado em todo o mundo, passava por aquele local que estávamos pisando. Um mundo de fantasia. Lá estavam a bateria “Furiosa”, as passistas premiadas, os intérpretes, as baianas e a velha guarda. Pessoas que vivem o samba intensamente.

O Salgueiro, assim como outras escolas do RJ, entendeu que é um produto de visitação. Quando perguntaram quem estava lá pela 1ª vez, mais da metade levantou a mão. Muitos gringos e nós, de Pirituba para um templo do Samba.

Cantamos sambas históricos e assistimos à apresentação feita pra nós. Às duas da manhã, Alejandro já nos esperava. Pra traz ficava uma página linda da história do carnaval. Já na Van, o motorista contava que precisou dar alguns reais aos “meninos do tráfico” pra poder parar ali. Estávamos de volta ao mundo real.

*Ronald Gimenez é jornalista da Rádio Bandeirantes

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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