Instituto acusa Salgueiro de prática racista por blackface; bateria não usará maquiagem

O Instituto Hoju, que milita no movimento negro, cobra que a comissão de frente do Salgueiro não desfile com seus integrantes com o rosto pintado de preto, neste sábado, no Desfile das Campeãs. O grupo, responsável pela pesquisa do enredo “Senhoras do Ventre do Mundo”, entende que a escola praticou o chamado “blackface” e cobra um posicionamento por parte dos salgueirenses. O termo blackface, de origem americana, designa a prática de atores em pintar a face de preto, para realizarem números em que os negros eram retratados de forma satírica e racista.

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Além da comissão de frente, os ritmistas da bateria também desfilaram com os rostos pintados de negro. O blog entrou em contato com a assessoria de comunicação da escola, que informou apenas que os integrantes da bateria não desfilarão com a maquiagem neste sábado, o que já estava combinado antes mesmo do protesto do Hoju, segundo a agremiação. Mas não houve manifestação sobre a comissão de frente.

“Nós do Instituto Hoju estamos nos posicionando publicamente sobre os agravos que ocorreram no desfile do Salgueiro. O intuito é revindicar a interdição do Black face contido na comissão de frente no desfile das campeãs”, publicou o instituto em seu perfil no Facebook, seguido de uma carta em que explica as motivações, a relação com a escola e acusa o Salgueiro de descumprir o que estava combinado com as responsáveis pela pesquisa do enredo, desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza.

O blog entrou em contato com o instituto pelo Facebook, mas um representante informou que o atendimento à imprensa só poderia ser feito a partir de segunda-feira. A pessoa disse apenas que “as pesquisadoras tomarão as medidas cabíveis a questões previamente negociadas e descumpridas”.

No comunicado, o Hoju critica, além do uso do blackface, a “utilização de um corpo de bailarinos formado majoritariamente por homens” na comissão de frente e a ausência de mulheres em posições de destaque nos carros alegóricos. “A exemplo do convite feito a Dra Berenice Aguiar que viria como destaquem em um carro alegórico, mas que na última hora não teve acesso a à sua fantasia”, afirma.

O instituto diz ainda que a equipe de pesquisadores não receberam fantasias para o desfile oficial, “ficando impedidos de comparecer à Avenida sem nenhuma comunicação por parte da agremiação”, e que a ausência das mães de maio na última alegoria, “um manifesto contra o genocídio da população negra em nosso país”, por imposição da escola, dificultou a leitura do protesto”.

“Requeremos uma resposta agremiação pelo agravo ocasionado por quebra de acordo tácito com o que foi apresentado na proposta inicial, admitindo sua responsabilidade na contratação de um profissional do carnaval que, ao desenvolver plasticamente o enredo criado e desenvolvido pelo Instituto, apresenta em um espetáculo transmitido a mais de 70 países uma notória violação cênica ao princípio da igualdade no que tange aos povos afrodescendentes que carregam em seu fenótipo as características das populações originárias do continente africano escravizados no Brasil”, diz o Hoju no comunicado.

O Salgueiro ficou o 3º lugar na apuração da última quarta-feira, que consagrou a Beija-Flor campeã. A Paraíso do Tuiuti conquistou o vice-campeonato. A escola tijucana será a quarta agremiação a desfilar neste sábado.

Veja o comunicado do Instituto Hoju na íntegra abaixo: