Passista anã da Viradouro denuncia preconceito de vendedora que se recusou a atendê-la

Viviane de Assis, a Vivi, posa com o boletim de ocorrência – Reprodução/Facebook

A passista Viviane de Assis, portadora de nanismo, acusa uma vendedora de loja da Praça Saens Peña, na Tijuca, na Zona Norte do Rio, de preconceito, por ter se recusado a atender a sambista na última terça-feira.

Vivi, como é conhecida, é destaque da Viradouro e famosa no universo do samba. Em 2015, ela fez uma campanha e conseguiu que a Prefeitura modificasse o regulamento do concurso de Rainha do Carnaval, abolindo a exigência de altura mínima de 1,60m – Viviane tem 1,23m.

Vivi fez uma transmissão no Facebook para denunciar o caso.

“Em pleno século 21, ela está com medo de mim, tem pavor. ‘Tira isso daqui’, foi o que ela falou, por causa da minha deficiência. Ela está passando mal. Acho até que vou chamar um médico. É constrangedor. Não é só na novela que tem isso. É muita falta do que fazer. Eu, Viviane de Assis, mãe, bem resolvida da minha vida… Pessoas mal amadas, mal resolvidas, mal comidas, mal vividas… É assim. Ela está se escondendo, com medo de mim. Não quero medo, quero respeito, porque respeito guarda os dentes dentro da boca”, discursou Vivi no vídeo. (veja abaixo)

Horas depois, a passista registrou boletim de ocorrência na delegacia e prometeu ir até o fim no caso.

“Sim, fiz o B.O e estarei aqui atualizando o resultado do ocorrido ,estou muito triste pelo ocorrido comigo. Não é só na novela é a nossa vida real com o mundo. Tenho nanismo e tenho um monte de amigos com a minha deficiência queremos e exigimos respeito. #xopreconceito. Viviane de Assis Diva Vivi Assis por um mundo melhor. Obrigada ao apoio de todo. E pra vc Débora te desejo luz”, publicou.

Fobia

Em contato com o Setor 1, a proprietária da loja, Márcia Alves, disse que dispensou a vendedora assim que soube do ocorrido. “Não sou conivente com esse tipo de coisa. Ela foi contratada apenas para o mês de dezembro, quando as vendas aquecem por causa do Natal. Eu não estava na loja no momento. Fiquei muito chateada. Não temos preconceito com nada. Uma vendedora tem que atender todos os tipos de público”, disse ela.

Segundo Márcia, a vendedora alegou sofrer de automatonofobia – medo de bonecos ou criaturas que se assemelham a um ser humano – e que faz tratamento psiquiátrico. “Disse que ela teria que explicar isso para a Viviane”, afirmou.

A dona da loja disse que se encontrou com Vivi e pediu desculpas, além de ter convidado a passista para voltar ao estabelecimento para ganhar um presente. “Não é um ‘cala boca’, mas é porque estou na causa também”, concluiu Márcia.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

1 comentário

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  • Fobia é uma doença como qualquer outra, e ninguém escolhe ter essa doença. A doença da vendedora devia ser respeitada. Nota-se que a vendedora está encolhida com medo sem condições de debochar como essa moça relatou. O medo paralisa. E preconceituosa, na minha opinião, foi essa moça que já partiu para a acusação.