R$ 26 milhões no Carnaval geram R$ 2,2 bilhões para economia do Rio, diz ministro

Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, em entrevista na BandNews FM

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, defendeu nesta segunda-feira o investimento federal no Carnaval do Rio de Janeiro. E usou matemática para justificar o repasse de R$ 13 milhões (mais outros R$ 13 milhões da Prefeitura) para as escolas de samba.

Segundo Leitão, os R$ 26 milhões de verba pública para as agremiações é o início de um processo que atrai um milhão de turistas e geram uma renda de R$ 2,2 bilhões para a economia da cidade.

“É uma questão de matemática. O Carnaval do Rio custa R$ 150 milhões. A prefeitura entra com R$ 13 milhões, o Governo Federal entra com mais R$ 13 milhões e dá início no processo. Mais R$ 124 milhões são as receitas Carnaval (venda de ingressos, de camarotes, dos patrocínios, direitos de transmissão de televisão, venda de CDs, etc). Com isso a gente gera R$ 2,2 bilhões para a economia da cidade. E não é só o hotel e restaurante. É o camelô que está vendendo uma cervejinha, as costureiras (de fantasias)… É um mundo que vive em torno disso”, declarou Leitão em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, do programa O É da Coisa, da rádio BandNews FM.

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O ministro confirmou que a verba virá de ações de marketing de empresas estatais. Ele afirmou que os R$ 26 milhões representam o investimento necessário para a engrenagem do Carnaval começar a funcionar.

“O desfile leva um ano para ser preparado. Sem os R$ 26 milhões iniciais, os outros R$ 124 não aparecem. A conta não fecha e o Carnaval não acontece”, disse Leitão.

“A prefeitura do Rio está na ‘pindaíba’, com problemas fiscais seríssimos, alegou que não tem os R$ 26 milhões, apenas os R$ 13 milhões. E a turma do Carnaval ficou entregue ao ‘deus-dará’”, disse, relembrando a crise gerada pelo anúncio do prefeito Marcelo Crivella, de tirar R$ 13 milhões que seriam destinados às escolas de samba para investir em creches.

“Empurrãozinho”

Segundo o ministro, a iniciativa privada não se interessa em investir no início do processo do Carnaval por entender que não terá retorno. “Aí entra o poder público para dar o empurrãozinho para essa máquina ficar de pé e começar a girar”, explicou o ministro, que enxerga o investimento na festa como algo legítimo também pela importância cultural.

“Não há dúvida que o Carnaval do Rio e das outras cidades são expressões culturais. Carregam em si valores culturais de uma sociedade, tem a ver com sua própria tradição, a formação dessa sociedade. E são festas populares e arranjos produtivos locais de grande impacto na geração de renda e emprego”, defendeu.

Salgueiro, 2017 – Fernando Grilli/Riotur

Entenda o caso do corte de verba

Crivella anunciou que pretende cortar em 50% a verba destinada às escolas de samba para investir em creches. O valor em 2017 foi de R$ 24 milhões, sendo R$ 2 milhões para cada agremiação. Como em 2018 serão 13 escolas no Grupo Especial, a expectativa era que o montante chegasse a R$ 26 milhões. Mas, conforme a Riotur (Empresa Municipal de Turismo do Rio de Janeiro), responsável por organizar a festa, já confirmou, o valor ficará mesmo em R$ 13 milhões.

A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) anunciou que, sem os R$ 13 milhões, os desfiles ficam inviáveis em 2018, e decidiu suspender as apresentações até que as partes cheguem a um acordo. A entidade espera conseguir um encontro com o prefeito, algo que vem tentando há meses, sem sucesso.

A Riotur disse, em nota, que o Carnaval está garantido e afirmou que vai buscar na iniciativa provada os recursos para as escolas. Mas confirma que as creches são prioridade.

Em resposta, sambistas realizaram um protesto. O grupo se concentrou em frente ao edifício administrativo da prefeitura, na Cidade Nova, e caminhou até a Marquês de Sapucaí.

O prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, se prontificou a ajudar e ofereceu levar os desfiles para a cidade da Baixada Fluminense. “A festa traz receita, movimenta a economia. Tem dinheiro para tudo. Se puder levar a Sapucaí para Caxias, eu banco. Vai dar lucro, traz turistas, é importante para a cidade”, disse Reis ao jornal Extra.

No dia 28 de junho, Crivella recebeu as escolas de samba e ficou decidido que haverá desfile em 2018.

A Prefeitura acertou pagar R$ 1 milhão para cada escola e se comprometeu a conseguir mais R$ 500 mil da iniciativa privada.

No dia 25 de julho, o presidente da República, Michel Temer, prometeu repassar mais R$ 1 milhão para cada agremiação, cobrindo o corte promovido por Crivella.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

5 comentários

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  • Parabéns, o carnaval no Brasil, disseminou a doença, quem lucrou está gastando 10 vezes mais que o lucro que teve pra se manter, de novo parabéns vamos fazer carnaval em 2021 e reveillon, se não tivesse tido Carnaval nem reveillon, nossas crianças ainda estavam na escola, mas o olho Grande e tanto que os empresários e governo estão pagando, ainda falam em carnaval 2021, se não tivesse carnaval e reveillon, não estaríamos nessa situação