Categorias: Intendente Magalhães

Contra conservadorismo, escola do Rio estreia no Carnaval defendendo a diversidade

Símbolo da Acadêmicos da Diversidade

Em meio à onda conservadora que avança sobre o Brasil, o Rio de Janeiro ganhou uma escola de samba criada justamente para defender o direito das pessoas serem o que bem entenderem, independentemente de cor da pele, orientação sexual e religião. Essa é a bandeira da Acadêmicos da Diversidade, que estreia no Carnaval carioca em 2019.

“Não queremos guerra com ninguém, mas lutamos pelo o que acreditamos. Queremos mostrar que podemos viver todos em paz. Vamos na contra mão de tudo que esta acontecendo no país. E não podemos ter medo. Não posso ser censurado na minha própria consciência e esquecer que vivo num país democrático. Exigimos respeito”, discursa Marco Antônio Pereira Guimarães, o Mestre Faíscca, 52 anos, famoso ritmista do Rio, um dos fundadores da Diversidade.

Fundada em 14 de agosto de 2018, a escola vai desfilar no Grupo E, a última divisão do Carnaval carioca – será a terceira a se apresentar no sábado 8 de março, na Estrada Intendente Magalhães. Para subir, precisa ficar entre as duas primeiras colocadas.

Faíscca, um dos fundadores da Diversidade, em ação em bloco – Reprodução: Facebook Imaginou? Agora Amassa!

A ideia surgiu de um papo entre Faíscca e o amigo Deodônio Fogo, que se tornaria presidente da escola. “Voltando de uma roda de samba, eu disse: ‘nós temos que quebrar paradigmas. Os gays sofrem preconceito já dentro de casa. Eu, negro, quando sento num restaurante, até o garçom já me olha desconfiado. Os nordestinos também sofrem preconceito… Deus fez o mundo de forma diversa, com vários tipos de pessoas”, conta Faíscca, filho de Alcides Gregório, primeiro mestre de bateria do Império Serrano.

Leia também:
Liesa capta R$ 600 mil para ensaios técnicos no Rio

Elza Soares desfilará como destaque na Mocidade
Após declaração de Damares, Rosas de Ouro faz promoção para ensaio
Acesso de SP receberá mais verba que escolas do Especial do Rio
Bateria da Mangueira prepara ‘marcha’ para trecho do samba sobre ditadura militar

Na mesma conversa, conta, nasceu o nome e o símbolo, cheio de elementos: o arco-íris, uma arara vermelha (“para lembrar que o Brasil não tem só a azul”, defende Faíscca), duas cobras (“o mesmo veneno que mata, cura”), um globo (simbolizando a união dos povos) e uma coroa (“só temos um rei, que é Deus”).

A escola ainda não tem sede, e vem ensaiando na rua ou locais cedidos. Para pagar os custos do desfile e outras despesas, a diretoria conta com a ajuda financeira de pequenos patrocinadores, em que empresários podem adotar uma ou mais alas, por exemplo, e cobrir os gastos com a fantasia. Na estreia, serão cerca de 500 componentes espalhados em 15 alas, que contarão a história de Vovó Catarina, primeiro enredo da Diversidade, sobre a ex-escrava parteira, conhecida pela obra de caridade, que se tornou entidade espiritual da Umbanda.

Segundo o espírita Faíscca, a ideia partiu justamente de Deodônio, um fiel católico. Nada mais emblemático.

Ouça o samba da Acadêmicos da Diversidade de 2019. Em seguida, a letra. Os compositores são Carlos Senna e Dudu Senna.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

Ver Comentários

  • Olá. Meu nome é Paul Davies e sou um dos responsáveis pela Escola de samba, Embaixadores da Alegria - a primeira Escola de samba inclusivo do Brasil e do mundo. Fundada em 2006, ela foi criada para levar pessoas com qualquer tipo de deficiência na Sapucaí, pois não há espaço para isso nas Escolas tradicionais. Desde então levamos circa de 1.800 foliões (sendo que 1.200 com algum tipo de deficiência) para desfilar e abrirmos o Desfile das Campeãs no Rio. Este ano, apesar dos problemas de não receber patrocínio nenhum, desfilaremos pela 12a vez no maior palco da terra. Gostaria de poder conversar um pouco mais sobre nossa Escola e trabalho em prol as pessoas com deficiência. Abração

  • Acompanho essa escola no Facebook e semana passada fui no ensaio de rua com feijoada. No coração de Madureira. Levei minha filha. Programa delicioso!!! É muito importante levantar essas bandeiras em tempos de ódio. Resistência e respeito. ?

Posts Recentes

Milton Nascimento é o enredo da Portela no Carnaval 2025; cantor comemora: “a nossa procissão sai de Madureira”

Divulgação A Portela anunciou nesta quinta-feira (4) o enredo da escola para o Carnaval 2025:…

1 mês atrás

“Teu filho venceu, mulher”: mães dos carnavalescos da Portela narram trajetória dos artistas; leia os depoimentos

Portela 2024 - Marco Terranova/Riotur Em um enredo - inspirado no livro "Um defeito de…

3 meses atrás

Capa do CD? Ciça aprova brincadeira com foto jogando baralho na concentração da Viradouro

Em uma das fotos que mais circularam no Carnaval deste ano, o mestre de bateria…

3 meses atrás

Carro da Imperatriz quebra e atrasa em mais de 1h a Viradouro, que desfila fora de ordem

Carro da Imperatriz empacado na concentração - Romulo Tesi O último carro da vice-campeã Imperatriz…

3 meses atrás

Renato Lage está de volta à Mocidade após 22 anos

Anúncio da contratação de Renato e Márcia Lage pela Mocidade - Divulgação/Mocidade O casal Renato…

3 meses atrás

Sétima colocada em 2024, Mangueira demite dupla de carnavalescos

Annik Salmon e Guilherme Estevão - Foto: Mangueira A Estação Primeira de Mangueira anunciou nesta…

3 meses atrás
Advertisement