Acesso de SP receberá da prefeitura verba maior que a das escolas do Grupo Especial do Rio

Tatuapé 2018 – Foto: Liga SP

Chamada de “túmulo do samba” por Vinícius de Moraes, São Paulo, pelo menos no apoio financeiro do poder público às escolas de samba, já supera o Rio de Janeiro no Carnaval 2019.

Enquanto as agremiações do Rio ainda lutam para receber R$ 1 milhão da administração municipal, sem sequer terem assinado o contrato com a Riotur, em São Paulo o acordo da Liga SP com a SPTuris foi firmado em novembro – a publicação no Diário Oficial foi feita no dia 15 do mesmo mês. E o valor distribuído, pelo segundo ano seguido, supera o montante repassado no Rio. Só que agora a diferença aumentou.

De acordo com informações da Secretaria Municipal de Turismo de São Paulo, a prefeitura vai destinar R$ 1.181.546,88 para cada uma das 14 agremiações do Grupo Especial, totalizando R$ 16.541.656,32. No Rio, até o momento, a gestão Marcelo Crivella só garante R$ 500 mil por escola – R$ 681.546,88 a menos que o liberado às paulistas.

O curioso é que até a subvenção destinada às escolas do grupo de Acesso de São Paulo é maior que a do Especial do Rio, na conta por agremiação.

A prefeitura paulistana destinou R$ 783.358,86 para cada uma das oito escolas do Grupo de Acesso I. O total, de R$ 6.266.870,88, fica um pouco abaixo dos R$ 7 milhões garantidos ao Especial do Rio até o momento, a serem divididos entre 14 agremiações.

Cada escola do Acesso II paulista, com 12 concorrentes, receberá R$ 186.932,10 (R$ 2.243.185,20 no total).

Outros R$ 488.745,39 serão distribuídos como premiação para as cinco primeiras classificadas no Grupo Especial e as três primeiras do Acesso I.

Há ainda a previsão de R$ 65.118,65 para o afoxé, que se apresenta antes dos desfiles no sábado no Anhembi.

São R$ 25.605.576,44 no total, a título de apoio institucional para as agremiações e o afoxé.

Contando os gastos com a infraestrutura no Sambódromo do Anhembi, de R$ 6.586.319,41, a prefeitura de São Paulo anunciou a despesa de de R$ 32.191.895 para as atividades das escolas. Parte do valor será usado na montagem da estrutura para os desfiles e ensaios técnicos, que começam em janeiro. Algo que o Rio, pelo segundo ano seguido, deve ficar sem.

Ensaio técnico no Anhembi – Foto: Romulo Tesi

Entenda o caso

Escolas de samba e prefeitura do Rio voltaram a se desentender este ano – após a redução em 50% da verba do município promovida em 2017 – por causa da demora na assinatura do contrato de subvenção e a falta de informações.

Segundo os dirigentes do samba, a gestão Crivella se comprometeu a repassar R$ 1 milhão para cada uma (R$ 14 milhões no total), além de ajudar a buscar mais R$ 500 mil junto à Uber, via Lei Rouanet.

No entanto, a empresa de transporte particular desistiu do patrocínio, reduzindo o montante esperado. Na semana passada, saiu finalmente no Diário Oficial a liberação dos recursos para as escolas, só que no valor de R$ 500 mil divididos em duas parcelas: R$ 214 mil este ano e o restante em 2019, sem fixar prazos. A relação, que já não era das melhores, azedou de vez.

No entendimento das agremiações, o R$ 1 milhão prometido viria da prefeitura, com o complemento da Uber, totalizando R$ 1,5 milhão. Para a administração da cidade, os R$ 500 mil da empresa estavam inclusos no R$ 1 milhão – por isso a publicação no DO com o valor menor.

Agora as escolas tentam fazer com que Crivella repasse R$ 1 milhão, reduzindo em parte o rombo – isso porque alguns dirigentes afirmam que já gastaram por conta do repasse esperado.

A Série A, correspondente carioca do Acesso I paulista, não tem previsão de quando assinará o contrato com a Riotur. Em 2018, a verba só chegou a 20 dias dos desfiles, e 50% menor que o ano anterior. Caso não aconteça novo corte, as 13 escolas receberão cerca de R$ 6,4 milhões – pouco mais de R$ 490 mil para cada uma. O clima, porém, é de pessimismo.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

5 comentários

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    • Não seja tosco, nenhum dinheiro é jogado fora, porque tudo volta em troco e esse dinheiro do carnaval é passado pra várias partes do estado. Pesquise pra onde vai o dinheiro em vez de bostejar por ai!

  • TUMULO DO SAMBA para mim era um elogio! Pena que ressuscitou! Deveriam bancar ‘escolas de samba” a Globo e seus patrocinadores. Conversa fiada que dinheiro arrecadado, muito menor que a economia perdeu com os dias parados, vai para escolas, creches, saúde, etc.