Aílton Graça: escolas de samba devem ser do povo, não de celebridades

Aílton Graça joga capoeira no vão do Masp – Romulo Tesi
Aílton Graça - Romulo Tesi
Romulo Tesi

O ator Aílton Graça é figura fácil nas escolas de samba. Em São Paulo e no Rio. E está sempre atento aos movimentos de defesa dos negros e da cultura popular. Falando com conhecimento de causa, Graça faz um alerta: as agremiações devem ser do povo, e precisam valorizar mais os negros e as suas raízes do que musas de ocasião e certos oportunistas.

“As escolas não podem virar lugar de celebridade. Tem que ser o lugar do povo, que é quem sustenta tudo”, disse o ator ao Setor 1, durante ato de movimentos negros na Avenida Paulista.

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“Há um grande equívoco. Algumas escolas partiram para o caminho da industrialização, viraram ‘escolas de samba SA’ (citando o samba do Império Serrano de 1982). Mas a base ainda é negra. Há uma dificuldade, ainda, de algumas comunidades entenderem que esse é um legado quase quilombola. As escolas são pequenos quilombos. Na hora que isso ficar entendido, aí sim teremos uma grande virada dentro das escolas de samba”, declarou.

Paulista, o ator pretende desfilar pelo menos em duas agremiações no Rio em 2018: Mangueira, sua escola, e o Salgueiro. Em São Paulo, costuma integrar a equipe de comentaristas de Carnaval de TV Globo.

“Muito estranha”

Sobre a Manga, Graça exaltou o enredo criado pelo carnavalesco Leandro Vieira, “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”, uma reação ao prefeito do Rio, Marcelo Crivella, e aos cortes de verba para o Carnaval.

“É uma resposta muito significativa para o que está acontecendo. Tem uma coisa muito estranha se passando no Rio. Quero entender direito o que ele quer fazer”, disse, referindo-se à postura distante e pouco amigável de Crivella em relação ao Carnaval.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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