Barulho de camarote da Sapucaí motivou fotógrafo a registrar imagem que viralizou na internet

Foto de alegoria da Portela com público de camarote ao fundo viralizou nas redes sociais – Foto: Felipe Silva

Uma foto (acima) do desfile da Portela, no sábado de Carnaval fora de época (22) ganhou as redes sociais e viralizou na internet nesta quarta-feira (4). A imagem mostra a frente da alegoria que reproduz um navio negreiro, com a escultura de um escravizado preso pelo pescoço e, em segundo plano, o público de um camarote – quase todos de pele branca e alheios ao desfile.

O fotógrafo Felipe Silva, autor da imagem, disse ao Setor 1 que percebeu a indiferença dos presentes no camarote ao abrir a foto no computador, dias depois, em casa.

“Na momento em que fiz a foto, não tinha tinha percebido que ninguém estava olhando. Tivesse impacto ao abrir no computador, ampliada. Pensei: ‘p… que pariu!”, disse Felipe ao blog.

Curiosamente, o que motivou o click foi o incômodo que o camarote estava causando a ele próprio.

“Eu estava assistindo à escola, mas havia muito barulho de som atrapalhando o desfile, a evolução do samba. Então eu vi o carro em frente ao camarote e tive a ideia de fazer essa comparação entre a elite e a alegoria”, explica.

Poluição sonora

Felipe verbaliza uma reclamação recorrente do público sambista na Marquês de Sapucaí: o vazamento de som dos camarotes do Sambódromo. E com música que nada tem a ver com o que passa na pista.

O mestre de bateria da Grande Rio, Fafá, reclamou publicamente em uma live do canal de Youtube Ouro de Tolo, dedicado à memória do Carnaval.

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O jurado de bateria Philipe Galdino registrou a bronca nas justificativas das notas.

“Muito vazamento de som dos camarotes para dentro da avenida durante a passagem das escolas. Uma falta de respeito para com o espetáculo e podendo inclusive atrapalhar os jurados da parte musical”, detonou Galdino.

Nas redes sociais, não é raro achar reclamações do público presente na Sapucaí com a música que escapa dos camarotes para as outras áreas do Sambódromo.

Para o fotógrafo paulistano, que faz cliques para o site Amantes do Carnaval e desfila pela Dragões da Real, a imagem motiva muitas reflexões.

“Dá para refletir sobre onde a nossa cultura está, se está sendo valorizada, como está sendo vista. Mas também é possível pensar sobre essa imagem por outros ângulos, para além do Carnaval”, concluiu Felipe.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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