Chocolate já deu título para escola em São Paulo (mas não sem polêmica)

Uma das estrelas das comemorações de Páscoa, o chocolate já deu o que falar no Carnaval de São Paulo.

Foi em 2010, quando a Rosas de Ouro levou para o Anhembi o enredo, assinado pelo carnavalesco Jorge Freitas, sobre o cacau, matéria-prima do doce. O desfile rendeu o título à escola, que acabou com um jejum de 15 anos sem conquistas. Mas não sem polêmica.

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A agremiação acertou um patrocínio (ou parceria, como gosta de falar a cartolagem do Carnaval) com a empresa Cacau Show para a apresentação daquele ano, que prometia focar mais no cacau que no chocolate. A escola contou a história do fruto a partir de mil anos antes de Cristo e seus usos até ganhar o mundo. Na prática e na hora de explicá-la em uma única palavra, a apresentação foi entendida mesmo como uma homenagem ao produto final.

Só que o título do enredo já anunciava um problema meio amargo para resolver: “Cacau é show”. Impossível não lembrar na hora da rede de varejo especializada em bombons, trufas e etc.

Mais: a letra do samba tinha um verso que poderia ser entendido como um merchandising, com um quase direto “o cacau é show”. E merchandising é proibido nos desfiles.

“Chegou”

Faltando pouco para o Carnaval, título e letra acabaram mudando. Assim, o simples “Cacau é show” virou “Cacau: um grão precioso que virou chocolate, e sem dúvida se transformou no melhor presente”. E no refrão do samba, “o cacau é show” foi reescrito para um nonsense “o cacau chegou”. Ainda que muita gente, fora do avenida, cantasse mesmo a versão original. (Nota do blog: na época membros da escola alegaram que a TV Globo pediu a mudança, mas a insistência na letra poderia render descontos preciosos dos julgadores do quesito samba enredo)

Em tempo: a Rosas gabaritou cinco notas 10 em Samba e mais quatro em Enredo, onde levou um 9.75 (a maior e a menor notas eram descartadas). O título veio numa emocionante apuração, na última nota do último quesito lido, Comissão de Frente, numa virada sobre a Mocidade Alegre.

Ouça o samba:

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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