Sidclei já teve que dançar para escapar de bandidos (mas levou um Estandarte para casa)

Casal de mestre-sala e porta-bandeira do Salgueiro, Sidclei e Marcella, em 2017 – Paulo Portilho/Riotur

Desligado do Salgueiro nesta segunda-feira, por vontade própria, após saída da parceira Marcella Alves, o mestre-sala Sidclei viveu pelo menos um episódio de superação nos oito Carnavais em que defendeu o pavilhão da escola tijucana. Uma história que começou com susto, ganhou cenas insólitas e terminou em premiação.

Em 2017, horas antes de entrar na avenida, ouvi Sidclei lamentando algo com a carnavalesca Márcia Lage, que tentava confortar o companheiro de escola. De fininho, me aproximei do mestre-sala para saber o que havia acontecido e, se possível, publicar o que estava por trás do drama. O sambista então, conhecido também por sua simpatia e sorriso fácil, narrou o perigo pelo o qual passou e sobreviveu na noite da véspera.

Sidclei contou que, ao chegar em casa, na Zona Norte do Rio, foi abordado por dois assaltantes armados, que exigiram seu carro. Rendido, o sambista deixava o automóvel quando foi confundido com algum bandido inimigo dos meliantes. Para se defender, o dançarino explicou que era mestre-sala do Salgueiro. A menção à escola deixou o clima ainda mais tenso: os ladrões associaram a agremiação ao Morro do Salgueiro, comandado por uma facção rival deles.

“Eles acharam que eu era do Morro do Salgueiro. Expliquei que era mestre-sala, mas eles não se convenceram e apontaram a arma para minha cabeça”, contou-me na época.

A solução foi provar para os bandidos que ele era, de fato, mestre-sala.

Como? Sambando.

“Eu tive que dançar para eles acreditarem que eu não era do morro, mas da escola de samba”, relembrou Sidclei, que passou a comemorar aniversário todo dia 25 de fevereiro a partir de então.

Já na concentração da Marquês de Sapucaí, Sidclei soube que o carro havia sido recuperado.

“Foi um livramento de Deus. Agora é cabeça fria para fazer um grande desfile”, comentou, antes de se preparar para uma apresentação, ao lado de Marcella Alves, que valeria 40 pontos e um Estandarte de Ouro de melhor Mestre-Sala. As notas ajudariam o Salgueiro e ficar em terceiro-lugar, na liderança do ranking da Liesa.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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