O Sambódromo da Marquês de Sapucaí acabou nas delações dos ex-executivos da Odebrecht. Em depoimento, Pedro Augusto Ribeiro Novis, ex-presidente da construtora, afirmou que pessoas ligadas ao governador do Rio de Janeiro na época da construção da Passarela do Samba (1983), Leonel Brizola, “teriam recebido vantagens indevidas por meio do Setor de Operações Estruturadas”, escreveu o ministro do STF Edson Fachin.
O trecho é parte do texto de Fachin sobre abertura de investigação contra os citados nos depoimentos de delação premiada de ex-executivos da Odebrecht. O documento pode ser lido na íntegra aqui.
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Não há mais informações sobre o caso do Sambódromo, como quem recebeu as tais “vantagens indevidas” e o que foi negociado. Novis cita também outras obras e governadores, como Paulo Maluf (São Paulo).
Fachin acata o pedido do procurador-geral da República Rodrigo Janot pelo arquivamento do caso. “Aludidas afirmações revelam-se insuficientes a demonstrar prática de delito criminal, o que afasta o interesse do Ministério Público Federal em dar continuidade ao feito”, diz Fachin.
Reação
A informação de Novis sobre o Sambódromo foi contestada por defensores de Brizola nas redes sociais. Segundo estes, a Odebrecht não teria participado na construção da passarela na Marquês de Sapucaí.
De fato, a construtora Mendes Júnior foi a responsável pela obra, que aparece no portfólio da empreiteira publicado na internet. Mas segundo a assessoria de comunicação da Odebrecht, em contato com o Setor 1, a empresa também participou da construção. A companhia, porém, não sabe dizer qual trabalho foi realizado.
Nesta terça-feira, o jornal O Globo afirma que um relatório da Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO), empresa incorporada pela Odebrecht, publicado no jornal em 1985 cita a participação no Sambódromo. No mesmo documento, Novis aparece como membro do Conselho de Administração da CBPO.
Darcy e Niemeyer
O Sambódromo é um dos orgulhos brizolistas. A Passarela foi construída para dar um local fixo para as escolas de samba se apresentarem. Além disso, a ideia era acabar com o monta-e-desmonta de arquibancadas e outras estruturas dos desfiles, alvo de suspeitas na época, dizem alguns. As obras começaram no fim de 1983, com projeto assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Apenas 110 dias depois, estava pronta a Passarela Professor Darcy Ribeiro, batizada com o nome do antropólogo então vice-governador do Rio, um dos maiores entusiastas do Sambódromo.
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