O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, afirma que não vai voltar atrás na decisão de cortar a verba para as escolas de samba do Grupo Especial. Crivella teve nesta segunda-feira a primeira agenda pública desde o início da polêmica, ao inaugurar um painel em uma escola municipal do Centro da cidade.
O prefeito estava em uma viagem internacional, iniciada logo depois anunciar que reduziria o valor dos repasses em 50%.
Crivella disse que está disposto a conversar, mas ressaltou que a prioridade é a educação e voltou a defender o corte. Nesta tarde, a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) tinha uma reunião marcada com a Riotur para discutir o assunto, mas o encontro foi adiado.
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“Eu não posso voltar atrás. O que nós estamos fazendo é voltar o orçamento do Carnaval a todos os anos anteriores do ano passado. Ano passado teve um aumento num momento de euforia, mas que deu no que deu. Olha só as dívidas que a cidade do Rio de Janeiro hoje se debate, se contrai”, disse Crivella, colocando o Carnaval entre os culpados pelos problemas de caixa do Rio.
Crivella se refere ao ano em que o então prefeito Eduardo Paes dobrou a verba para as escolas, de R$ 1 milhão para R$ 2 milhões, a fim de cobrir o buraco deixado pelo governo estadual, que havia deixado de fazer repasses às agremiações. A Petrobras também cortou verbas.
“Cólicas redentoras”
O prefeito voltou a ressaltar a pressão causada pelos problemas financeiros e comparou a crise a dores de parto.
“Mas essas crises, essas cólicas, não são de maneira nenhuma para nos deixar desanimados. São como as cólicas de uma mulher prestes a dar à luz. São cólicas redentoras. Nós vamos sair dessa crise para dias muito melhores”, afirmou o prefeito, que fez um anúncio em tom de brincadeira.
“Eu estou lançando um bloco chamando é conversando que a gente se entende. É importante que esse momento difícil da Prefeitura seja repartido por todos. Nós estamos numa crise, tem que priorizar e não existe prioridade maior do que as nossas crianças nas creches”, declarou.
Entenda o caso
Crivella anunciou que pretende cortar em 50% a verba destinada às escolas de samba para investir em creches. O valor em 2017 foi de R$ 24 milhões, sendo R$ 2 milhões para cada agremiação. Como em 2018 serão 13 escolas no Grupo Especial, a expectativa era que o montante chegasse a R$ 26 milhões. Mas, conforme a Riotur (Empresa Municipal de Turismo do Rio de Janeiro), responsável por organizar a festa, já confirmou, o valor ficará mesmo em R$ 13 milhões.
A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) anunciou que, sem os R$ 13 milhões, os desfiles ficam inviáveis em 2018, e decidiu suspender as apresentações até que as partes cheguem a um acordo. A entidade espera conseguir um encontro com o prefeito, algo que vem tentando há meses, sem sucesso.
Na última sexta-feira, a Riotur disse, em nota, que o Carnaval está garantido e afirmou que vai buscar na iniciativa provada os recursos para as escolas. Mas confirma que as creches são prioridade.
Em resposta, sambistas realizaram um protesto no sábado. O grupo se concentrou em frente ao edifício administrativo da prefeitura, na Cidade Nova, e caminhou até a Marquês de Sapucaí.
O prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, se prontificou a ajudar e ofereceu levar os desfiles para a cidade da Baixada Fluminense. “A festa traz receita, movimenta a economia. Tem dinheiro para tudo. Se puder levar a Sapucaí para Caxias, eu banco. Vai dar lucro, traz turistas, é importante para a cidade”, disse Reis ao jornal Extra.
(Com BandNews FM)
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