No debate da Band, Crivella volta a dizer que Paes gastava R$ 70 milhões com Carnaval; afirmação é falsa

Crivella e Paes duelaram no debate da Band – Reprodução/Band

O prefeito do Rio de Janeiro e candidato à reeleição, Marcelo Crivella (Republicanos), voltou a dizer, no debate da Band Rio, nesta quinta-feira, 19, que Eduardo Paes (DEM), seu adversário no segundo turno das eleições, gastava R$ 70 milhões com o Carnaval. A afirmação, já feita durante a campanha, é falsa.

Segundo dados do site Rio Transparente, o valor máximo gasto em um único ano durante os dois mandatos de Paes foi de R$ 50.242.902,31, em 2015.

No Carnaval de 2016, o último da gestão Paes, o valor gasto segundo o Rio Transparente foi de R$ 43.513.834,56.

Crivella também afirmou no debate da Band que Paes deixou R$ 70 milhões referentes ao Carnaval para serem pagos pela gestão seguinte, em 2017. “Deixou a conta para eu pagar no último ano”, afirmou o atual prefeito. A afirmação também não é verdadeira.

De acordo com dados do Rio Transparente, o valor gasto no Carnaval de 2017 foi de R$ 30.841.734,88. A informação também já foi checada pelo jornal O Globo.

No debate, Crivella afirmou que o Carnaval de Paes “era o mais caro que existia, e quem ganhava com isso era a Rede Globo, que patrocina ele”.

Paes respondeu que, ao perguntar sobre propostas para a cultura, “é inacreditável, mas você consegue atacar a principal manifestação cultural dessa cidade, aliás, mentindo. O pai da mentira sempre mente”.

Crivella também disse que atualmente o Carnaval vive de patrocínio. A afirmação não vale para as escolas de samba.

Em apenas um ano, em 2018, a prefeitura, por meio da Riotur, conseguiu um patrocinador para os desfiles, a Uber. A empresa de transporte individual repassou R$ 500 mil para cada agremiação do Grupo Especial, totalizando R$ 6,5 milhões. Outros R$ 3,1 milhões foram liberados para a montagem da estrutura dos desfiles de grupos de acesso que se apresentam na Estrada Intendente Magalhães, em Campinho, na Zona Norte do Rio. Ainda assim, os recursos, na prática, eram federais, já que foram viabilizados por meio da Lei de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet.

Nos anos seguintes, os patrocínios, quando ocorreram, foram obtidos pelas próprias escolas. E a ajuda estatal veio do governo estadual.

Corte

Apesar de ter recebido o apoio das agremiações e da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) na campanha de 2016, Crivella promoveu, no primeiro ano de mandato, o corte de 50% na subvenção, reduzida para R$ 1 milhão. Desde então, o prefeito passou a ser tratado como inimigo do Carnaval, ainda que os dirigentes das agremiações tentassem manter algum elo com o Crivella.

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No ano seguinte, porém, a prefeitura promoveu novo corte, para R$ 500 mil. Até que, no Carnaval de 2020, a subvenção para as escolas que desfilam na Marquês de Sapucaí foi totalmente zerada.

Além das tesouradas na subvenção, Crivella foi, ao longo dos anos, intensificando o discurso contra a festa, chamada por ele de “bebê parrudo que precisa ser desmamado”. Curiosamente, o prefeito tirou dinheiro do Carnaval alegando que investiria em creches, aumentando as diárias das unidades conveniadas.

Apesar do discurso, a Riotur, responsável pela festa, sempre se gabou dos bilhões movimentados na cidade nos dias de Momo. Em 2020, esse valor teria sido de R$ 4 bilhões.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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