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Crivella quer cortar verba de escolas de samba em 50% e repassar para creches

O que era uma suspeita agora é realidade.

Da Agência Brasil

A prefeitura do Rio quer cortar pela metade os recursos da subvenção destinada às escolas de samba do grupo especial. A diferença seria transferida para aumentar o repasse de manutenção de creches conveniadas com o município. Atualmente, cerca de 15 mil alunos são atendidos em 158 unidades. Os estudos iniciados pelo prefeito Marcelo Crivella indicam que a diária que as instituições recebem por criança deve ser dobrada a partir de agosto. Hoje o valor é de R$ 10.

De acordo com a prefeitura, as agremiações receberam cerca de R$ 24 milhões para os desfiles de 2017, e, agora, 50% do valor serão revertidos para melhorar a alimentação e o material escolar das crianças.

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O prefeito disse que o valor atual é muito baixo e por isso precisa ser revisto. “O valor que é pago hoje é muito pouco até mesmo para comprar um iogurte. O que estamos fazendo é refletir como gastar melhor. Se vamos usar esses recursos para uma festa de três dias [Carnaval] ou ao longo de 365 dias ao ano”, disse Crivella.

A prefeitura, no entanto, negou que as escolas do grupo especial serão prejudicadas. Conforme o planejamento da administração do município, o carnaval do Rio vai receber novos investimentos no Sambódromo, em 2018. A Avenida Marquês de Sapucaí, conhecida como a Passarela do Samba, passará por obras de infraestrutura, com a previsão de modernização dos sistemas de luz e som, além da instalação de telões por toda a extensão.

A prefeitura garantiu ainda que o remanejamento não significa que as escolas de samba ficarão sem recursos. A ideia é fazer os investimentos diretamente nas agremiações por meio do Conselho de Turismo com a utilização de um fundo setorial ou por cadernos de encargos.

A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) informou, que, por enquanto, não vai se pronunciar sobre a decisão do prefeito. Estava prevista para esta segunda-feira uma reunião de Crivella com a direção da Liesa, mas por questões de agenda do prefeito, o encontro foi cancelado, segundo a entidade, na semana passada. A liga não foi informada se haverá uma nova data para a reunião. A prefeitura confirmou que não há previsão de quando deverá ocorrer o encontro.

Portela 2017 – Fernando Grilli/Riotur

Do blog:

No fim de semana, o presidente da União da Ilha do Governador, Ney Filardi, já havia antecipado a intenção do prefeito do Rio. O dirigente criticou a postura de Crivella e citou os R$ 3 bilhões de retorno da cidade com o Carnaval como justificativa para o repasse de R$ 24 milhões.

Recentemente, as escolas já perderam as verbas da Petrobras e do Governo do Estado. A Lava Jato e a crise, portanto, também atingiram em cheio as escolas de samba, que, caso o corte da Prefeitura se confirme, terão que buscar soluções para o rombo.

Filardi ameaça tirar a União da Ilha desfiles em 2018. “Se esse corte realmente acontecer, peço desculpas antecipadamente, mas a União da Ilha não desfilará no carnaval de 2018”, alertou.

“São 7 dias de folia, onde o rico se mistura com o pobre e vice-versa. Isto sem contar, que o ‘período de momo’ gera uma entrada nos cofres do município de R$ 3 bilhões. E a prefeitura investe 60 milhões de reais. Matemática é uma ciência exata e isso gera um ganho real da prefeitura de 2 bilhões e 940 milhões”, diz Filardi, citando números divulgados pela Riotur.

O debate deve esquentar ainda mais nos próximos capítulos. O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, disse ao Setor 1 que a verba será dividida igualmente entre as 13 escolas, uma a mais que o normal, por causa do não rebaixamento da Paraíso do Tuiuti. Os recursos seriam os mesmos e, na prática, as agremiações receberiam um valor inferior aos anos anteriores. O bolo é do mesmo tamanho, mas o número de fatias será maior.

Por causa disso, há entre as escolas quem quisesse inclusive um aumento na verba da Prefeitura, o que hoje parece distante. Além disso, os dirigentes do samba querem que os recursos sejam repassados mais cedo, durante o ano. Alguns deles ouvidos pelo blog dizem que são obrigados a contratar serviços e comprar materiais com promessa de pagamento para meses depois. Isso sem falar com o gasto da folha de pagamento, que não pode ser pago a prazo. Crivella, por sua vez, quer mais rigor na prestação de contas por parte das escolas.

Vale lembrar que a maioria das escolas do Grupo Especial declararam apoio a Crivella nas eleições do ano passado. Em encontro durante a campanha, as partes trocaram elogios mútuos e o então candidato foi aplaudido várias vezes, segundo relatos da época.

Opinião do blog: Ou Carnaval das escolas de samba mudam de vez e retomam o caminho da tradição, voltando-se para suas origens e seus fundamentos, ou corre sério risco de perder a relevância na sociedade brasileira. Ou vai ou racha.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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