Dispersão | Fórmula 1, Tijuca, Liesa, Imperatriz, sorteios e mais

Fórmula 1
A possível volta da Fórmula 1 ao Rio de Janeiro já vem motivando ciúmes entre a cartolagem das escolas de samba. Para o presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, o Carnaval traz muito mais benefícios à cidade que uma eventual corrida – e com menos investimento público.

“Estão querendo trazer a Fórmula 1 para o Rio gastando não sei quantos milhões, com nosso espetáculo rendendo muito mais, com arrecadação muito maior. E as divisas ficam todas aqui dentro do Brasil. Não dá para atender”, disse Horta ao Setor 1. A bronca, claro, é com os seguidos cortes de verba da prefeitura destinada às escolas de samba.

Fernando Horta, presidente da Unidos da Tijuca – Foto: Facebook Fernando Horta

Deodoro
A construção do novo autódromo, em Deodoro, é uma iniciativa da trinca Jair Bolsonaro-Wilson Witzel-Marcelo Crivella – este um declarado opositor ao investimento público no Carnaval. A promessa é erguer um circuito com R$ 700 milhões, bancados com recursos privados, para receber a Fórmula 1, cujo Grande Prêmio acontece atualmente em Interlagos, em São Paulo. Até o momento foram gastos R$ 86 milhões – dinheiro do antigo Ministério do Esporte, atual Secretaria Especial do Esporte, do Ministério da Cidadania – no preparo do terreno.

Economia
Segundo dados da prefeitura de São Paulo, a passagem da categoria pela cidade em 2018 movimentou R$ 334 milhões com turismo – 19% maior que no ano anterior. No Rio, de acordo com a Riotur, foram R$ 3,78 bilhões em 2019, contando toda a folia, e não somente os desfiles das escolas de samba. Não confundir com a arrecadação em tributos.

Projeto do novo autódromo do Rio, em Deodoro – Divulgação

Acelera, Tijuca
Curiosamente, a escola do Borel já levou o universo do automobilismo para a Sapucaí, com o enredo sobre Ayrton Senna. Foi em 2014 e valeu o título, o último da agremiação, que marcou a saída de Paulo Barros.

Enredo
Por falar em nisso, a escola planeja anunciar o enredo de 2020 na próxima semana. “Terá a cara do Paulo Barros e da Tijuca, o que é mais importante”, promete Horta.

Comissão de frente da Tijuca de 2014, no desfile das campeãs: teve Senna e McLaren – Raphael David/Riotur

Sem dinheiro
Horta diz que ainda tem esperança, mesmo que pouca, de que a prefeitura dê dinheiro para as agremiações. Mas admite que hoje não contaria com esses recursos. “O prefeito não gosta do Carnaval”, lamenta o dirigente, que vê com bons olhos uma possível “privatização” de parte das atividades dos desfiles, com anunciou Crivella. “Mas oficialmente não nos apresentaram nada”, frisou Horta.

Aliás
Na comunidade do samba já é generalizada a expectativa de que a gestão Crivella corte totalmente a subvenção às escolas. Alguns enxergam no governo do Estado a salvação.

Impasse
Horta acredita que a indefinição causada pela tentativa de virada de mesa no Grupo Especial atrapalhou todo mundo. “Você fica numa insegurança, não sabe os caminhos que vai tomar com respeito a patrocínios, contratos…”, declarou o presidente. “Essa reivindicação [da Imperatriz] veio um pouco tarde”, avalia.

Imperatriz Leopoldinense 2019 -Fernando Grilli/Riotur

Mudança de voto
A Tijuca foi uma das três escolas que trocaram de lado e abriram caminho para a “desvirada de mesa” que rebaixou a Imperatriz. As alegações, pelo menos publicamente, foram o pagamento da multa de R$ 750 mil estipulada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e a péssima repercussão junto à opinião pública.

Hoje não
Depois da “desvirada” da última quarta-feira, 10, a Imperatriz voltou à Justiça, pedindo a saída do presidente da Liesa, Jorge Castanheira. A escola defende que, uma vez que Castanheira tenha anunciado sua renúncia, no dia 3 de junho, o dirigente não poderia continuar à frente da liga. O presidente, apesar do anúncio, não formalizou sua saída e acabou desistindo da renúncia.

Em tempo
A advogada da Imperatriz na ação, Valéria Stelet, é a mesma que defendeu a Mocidade Independente de Padre Miguel no episódio da divisão do título com a Portela, em 2017. A escola da Zona Oeste é aliada da agremiação de Ramos contra o rebaixamento. O vice-presidente da Mocidade, Rodrigo Pacheco, por sua vez, é um dos possíveis candidatos à presidência da Liesa.

Lembrando que…
Pela ordem normal, o mandato de Castanheira, reeleito no ano passado, vai até 2021.

Comissão de frente da Mocidade em 2017 – Tata Barreto/Riotur

O Captain! My Captain!
Gente próxima ao poder do Carnaval afirma que Capitão Guimarães foi quem saiu mais fortalecido no fim da trama envolvendo o rebaixamento da Imperatriz. A permanência de Castanheira é uma das evidências.

Sorteio Especial
Enquanto isso, a Liesa volta a funcionar aos poucos. O sorteio da ordem deve acontecer na próxima quarta-feira, 17, na sede da entidade. A princípio não haverá formação de duplas, como já aconteceu no último Carnaval.
ATUALIZAÇÃO (17H): No fim da tarde desta sexta, a Liesa informou que o sorteio será na quinta-feira, 18, às 19h.

Série A
A Lierj, que também esperava uma definição da Liesa, anunciou que seu sorteio da ordem das apresentações será no dia 23 de julho, na sede da liga, já contando com Imperatriz e Império Serrano. E no acesso haverá formação de duplas, com uma escola em cada dia, sexta-feira ou sábado. Ficou assim: Imperatriz/Império; Unidos de Padre Miguel/Cubango; Porto da Pedra/Império da Tijuca; Inocentes/Renascer; Santa Cruz/Rocinha; Bangu/Ponte. Campeã da Série B em 2019, Vigário Geral abre os desfiles na sexta; no sábado, Sossego será a primeira.

Por falar em Sossego
A escola de Niterói manteve Anderson Morango como 3ª porta-bandeira para o Carnaval de 2020. Morango dançará com o mestre-sala Hugo César, anunciado esta semana.

Anderson Morango e Hugo César – Divulgação

Festa alvinegra
O Botafogo Samba Clube lança seu enredo no dia 18 de agosto, aniversário de um ano da escola, com festa na quadra da São Clemente. O primeiro lote dos ingressos estão sendo vendidos na Loja Oficial do Botafogo, no Estádio Nilton Santos, o Engenhão. Sai por R$ 10 para os primeiros 100. O enredo é uma homenagem a Beth Carvalho.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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