Em meados de 2020, previa-se a realização dos desfiles das escolas de samba em julho do ano seguinte, quando, imaginava-se, a pandemia de Covid-19 já teria perdido força e vacinação, embalado. Nada disso aconteceu, e a Marquês de Sapucaí continua vazia. Mas a turma do samba não vai ficar sem Carnaval: no lugar das apresentações inéditas, as escolas passarão pelo Boi Careta, a “micareta” do canal de YouTube Boi com Abóbora, que promove pela segunda vez, nos próximos dias 16 e 17, uma competição entre desfiles antigos.
“O Boi Beleza foi um sucesso gostoso e decidimos criar uma espécie de carinho na bolha nos mesmos moldes com esta micareta de desfiles. Ainda precisamos estar em casa até todo mundo se vacinar e nada melhor do que voltarmos à estética de uma folia delirante, quebrando tempo e espaço, fazendo com que as pessoas revivam grandes desfiles no conforto e segurança de seus sofás”, disse ao Setor 1 o jornalista Fábio Fabato, que comanda o “delírio folião” com a turma do canal – o carnavalesco André Rodrigues e os também jornalistas João Gustavo Melo e Rodrigo Hilário. Thayssa Menezes, do coletivo Sambistas da Depressão, completa o time de transmissão.
O Boi Careta é versão “fora de época” do Boi Beleza, realizado nas datas originais do Carnaval de 2021, consagrou a Imperatriz Leopoldinense de 1996. Na ocasião, as 12 escolas – ou quase isso – “desfilaram” na mesma ordem definida pelo sorteio da Liesa.
Agora a brincadeira cresceu: serão 17 agremiações, contando as 12 do Grupo Especial mais cinco convidadas: União da Ilha, Império Serrano, Caprichosos de Pilares, Estácio de Sá e Porto da Pedra. E um sorteio foi feito para definir a ordem das apresentações, com direito à transmissão pelo YouTube e trocas de posições entre as escolas, como na vida real.
Os desfiles foram definidos por enquete, e o público optou por clássicos como Vila Isabel 2012 (o aclamado “Você Semba de Lá, Que Eu Sambo de Cá – O Canto Livre de Angola”) e Beija-Flor 2001 (“A Saga de Agotime, Maria Mineira Naê), apontado como desde já um dos favoritos ao título, que escapou no Carnaval real. (Veja a lista completa no fim do texto)
A campeã será definida pelo júri do concurso. São 50 jurados, sendo cinco por quesito – no Boi, Conjunto ainda vale nota. Os demais são os mesmos dos desfile real. As notas, porém, são fracionadas por meio ponto, sendo atribuídas de 5 a 10.
“Seguimos insistindo nos rituais da festa. Ou seja, tem que ter julgamento, apuração, polêmica. Escola de samba também traz a competição por característica e, por isso, mantivemos o julgamento e a vontade de boas polêmicas quando as notas forem abertas”, completa Fabato.
Agora, “micareta” com escola de samba? O termo, muito associado ao Carnaval fora de época no Nordeste, especialmente na Bahia, na verdade tem origem francesa. Como explica o próprio Boi:
“O termo micareta vem da expressão francesa “mi-carême”, que significa “meio da Quaresma”. Como o próprio nome diz, os primeiros carnavais fora de época da nossa história aconteceram na França do século XV, bem no meio da Quaresma, tempo estipulado pelo calendário católico-cristão para as pessoas se absterem dos prazeres terrenos”.
Primeira edição
O primeiro concurso promovido pela turma, o Boi Beleza, aconteceu nos dias 12 e 13 de fevereiro – sexta-feira e sábado do Carnaval sem desfiles, por causa da pandemia de Covid-19.
Na sexta, mais de 20 mil pessoas assistiram aos desfiles, comentados como se estivessem acontecendo ao vivo, desafiando “tempo e espaço”, como Fabato diz. O Boi teve abertura oficial com o prefeito Eduardo Paes – o próprio – e chegou aos trending topics – assuntos mais comentados – do Twitter.
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No segundo dia, porém, a live foi derrubada pela Globo quando ainda faltavam as apresentações de Unidos da Tijuca de 2004 e Vila Isabel de 1993. O canal ficou impedido de realizar novas lives momentaneamente. O ocorrido chegou a motivar um debate dentro da chamada “bolha” de Carnaval sobre a utilização das imagens dos desfiles, de valor histórico.
Na terça-feira, 16, com o canal restabelecido, o Boi anunciou os vencedores do Duju de Ouro – uma versão do Estandarte de Ouro, do jornal O Globo, só que patrocinado pela marca de geleia de pimenta Duju. Os experts Luiz Antonio Simas, Rachel Valença, Felipe Ferreira, João Gustavo Melo e Fábio Fabato elegeram os melhores em categorias especiais. A Vila Isabel venceu como melhor escola. (Veja aqui a lista de vencedores do Duju)
Veja a ordem dos desfiles do Boi Careta:
SEXTA – 16 de julho (20h30)
Mocidade 2002
Portela 2014
União da Ilha 1994
Estácio de Sá 1993
Viradouro 2007
Caprichosos 2005
Salgueiro 2012
Unidos da Tijuca 2011
SÁBADO – 17 julho (20h30)
Vila Isabel 2012
São Clemente 2012
Império Serrano 2006
Grande Rio 2001
Imperatriz 2005
Mangueira 2003
Paraíso do Tuiuti 2019
Porto da Pedra 1997
Beija-Flor 2001
Veja quem são os jurados:
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