Estácio lança enredo ‘Pedra’; leia a sinopse

A Estácio de Sá, do Grupo Especial do Rio de Janeiro, lançou na última quarta-feira, 31, a sinopse do enredo da escola para 2020, intitulado apenas “Pedra”.

O texto fala sobre as pedras em várias abordagens, inclusive o da mineração, citando poetas como Carlos Drummond de Andrade.

A carnavalesca Rosa Magalhães disse aos compositores para não mencionarem a questão da preservação ambiental de forma explícita nos sambas. “Não é necessário. Para bom entendedor, meia palavra basta”, declarou a Professora.

Leia abaixo a sinopse:

A pedra, para o ser humano, representa a permanência do tempo. A camada externa e dura da Terra, a rocha.

A beleza sólida desse material é a essência de nosso planeta. E foi essa beleza sólida que nossos ancestrais usaram como caminho para registrar suas passagens pelo mundo.

Descobriu-se a beleza dos diamantes, de tantas pedras preciosas ou semipreciosas e do ouro. Foi esta uma das primeiras atividades de exploração dos homens no Brasil, mais precisamente em Minas Gerais, no século XVIII. A partir de 1771, criou-se a Real Extração, sob o controle da Coroa portuguesa, decreto que durou até mesmo depois da Proclamação da Independência. Foram as primeiras pedras que trilhamos no nosso caminho.

E vamos seguir pela estrada de Minas, pedregosa…

O poeta Carlos Drummond de Andrade nasceu e cresceu em Itabira, em Minas. Da janela de seu quarto, costumava observar o perfil montanhoso cujo destaque era o pico do Cauê.

“Chego à sacada e vejo minha serra, a serra de meu pai e meu avô, a serra que não passa … Essa manhã acordo e não a encontro britada em bilhões de lascas…”.

Fora-se a Pedra, engolida pelo enorme trem, fora-se a pedra do poeta.

Outro escritor mineiro, Guimarães Rosa, enfocou “a biodiversidade do cerrado e o relevo constituído pelo calcário, rocha maleável e moldável pela ação das águas. O Morro da Garça só emite recados porque é uma pirâmide no meio de Minas e de uma história imemorial do garimpo, da pecuária, dos boiadeiros viajantes e da surda vidência sertaneja.”

Outra pedra que faz parte do nosso caminho é a Serra dos Carajás. Recebeu o nome de seus antigos moradores – os índios Carajás. Segundo suas crenças, eles nasciam do interior do solo – solo rico e pedregoso, repleto de grutas. Quando nasciam, saíam desse mundo subterrâneo para ir habitar a superfície.

A região é uma pedra enorme toda feita de ferro, e em seu entorno nascem pequenas cidades. Segundo uma artesã do Centro Mulheres de Barro, na cidade de Parauapebas, surgiram muitos conflitos por aquele rico pedaço de chão.

A própria cidade é um amálgama de pessoas vindas de todos os cantos do Brasil. Vêm do norte e do nordeste, do sul e do sudeste, vêm do centro e vêm do leste. Todas sonhando em extrair daquela terra as muitas riquezas que ela guarda. E acabam também formando uma amostra da variedade do povo brasileiro.

A rocha mais antiga que conhecemos uma lasca com pouco mais de dois centímetros, foi coletada na Lua pelos astronautas da nave Apollo. Tem quatro bilhões de anos.

A nossa Terra, vista da Lua, ainda é linda, azulzinha… Até quando?

Rosa Magalhães
Carnavalesca

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

Cosmologia e Sociedade Karaja – Andre Amaral de Toral – Universidade Federal do Rio de Janeiro – Museu Nacional – 1992 – pags 145 a 162
Pedra – O Universo Escondido – Denise Milan – S. Paulo – Bei Comunicação – 2018
Maquinação do Mundo – Drummond e a mineração-Wisnik,José Miguel – 1a. edição-S. Paulo – Companhia das Letras- 2018
Peret , João Américo – Mitos e Lendas Karajás – Rio de Janeiro 1979
A margem do projeto ferro carajas- uoma pequena contribuição a história social e cultural de Parauopebas 1980 – 2009 Rocha,Avon Jose Araujo.
A história de Parauopebas Força e Trabalho em Carajá -Miguel Angelo Braga Reis – 2016

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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