Leandro Vieira é novo carnavalesco da Imperatriz

Anúncio da chegada de Leandro Vieira à Imperatriz - Divulgação
Anúncio da chegada de Leandro Vieira à Imperatriz – Divulgação

Leandro Vieira é o novo carnavalesco da Imperatriz Leopoldinense. A escola divulgou a notícia da contratação nesta terça-feira (3), em anúncio cercado de expectativa.

O artista, que vem de seis desfiles na Mangueira, chega em Ramos para substituir Rosa Magalhães, que voltou à escola para 2022 e permaneceu por apenas um Carnaval.

Curiosamente, Rosa é uma das maiores influências de Vieira, que já conhece bem a Imperatriz. O carnavalesco já trabalhou como assistente na Rainha de Ramos nos anos 2010 e, em 2020, foi campeão do acesso – então Série A – com a escola. Na ocasião, a Imperatriz reeditou o clássico “Só Dá Lalá”, de 1981.

O bom filho, a casa torna! Vem, Leandro! A casa é sua!

Anúncio de boas-vindas da Imperatriz a Leandro Vieira

Vieira chega à Imperatriz credenciado por dois títulos do Grupo Especial, com a Mangueira, e dois do acesso – o último dele com o Império Serrano, em 2022.

“De traço estético refinado e criativo, o artista que vem revolucionando o fazer artístico da folia voltou a ser campeão em 2019 pela verde-e-rosa, e em 2020 foi o artista responsável pelo desfile que premiou a Imperatriz com o retorno ao grupo especial, mesmo feito realizado no Império Serrano este ano”, publicou a escola.

No anúncio, Vieira publicou uma montagem em que aparece em frente ao ônibus da linha 940 (Ramos – Madureira), imitando a foto icônica da cantora Anitta.

“O busão é o 940, de chinelos, com a gaiola sem tranca, as asas abertas, o sol suburbano, a gelada na esquina e aquela “fezinha” diária!”, escreveu o carnavalesco em seu perfil no Twitter.

A escola também anunciou a contratação do novo coreógrafo da comissão de frente, Marcelo Misailidis, ex-Beija-Flor.

Título com Bethânia

O carnavalesco é apontado hoje pela crítica especializada como um dos maiores nomes do Carnaval, responsável também por uma revolução estética e conceitual a partir de 2016. Na ocasião, Vieira chegou à Mangueira apenas como uma promessa, após o elogiado desfile da Caprichosos de Pilares no acesso em 2015.

Em 2016, com o enredo sobre Maria Bethânia, faturou o primeiro título da Mangueira em 14 anos. Na época, o desfile se destacou tanto pela estética como pela tratamento do tema, partindo do aspecto religioso da cantora para revelar uma Bethânia não tão conhecida do grande público.

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O auge da carreira do artista na Mangueira se dá em 2019. Com o enredo “História para Ninar Gente Grande”, sobre personagens apagados da história oficial, Vieira cria um monumento para o Carnaval, considerado por alguns críticos como um dos três maiores do século 21 – “Áfricas”, da Beija-Flor de 2007, e “Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu”, da Grande Rio de 2022.

Mangueira 2019 – Gabriel Nascimento/Riotur

“Samba da Marielle”

Impulsionado pelo samba de Manu da Cuíca, Luiz Carlos Máximo, Deivid Domênico e parceiros – obra que ficou conhecida como o “samba da Marielle” [Franco, a vereadora assassinada em 2018], o desfile deixou uma marca eterna no Carnaval, influenciando trabalhos posteriores em desfiles fora do Rio de Janeiro, inclusive.

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Em meio ao efervescente momento político no país, com a ascensão da extrema-direita, personalizada em Jair Bolsonaro, a apresentação furou a “bolha carnavalesca”. O “samba da Marielle” virou hino de protesto, foi parar nas rodas e viajou para Paris, onde ganhou uma versão em francês.

Uma obra do desfile, a bandeira do Brasil nas cores verde e rosa, com a inscrição “Índios, Negros e Pobres” foi exposta no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM). A imagem ganhou status de ícone pop, sendo reproduzida e estampando camisetas.

O último trabalho de Vieira na Mangueira foi a homenagem ao trio de baluartes Cartola, Jamelão e Delegado. O carnavalesco, como que numa despedida, “inundou” a Marquês de Sapucaí de verde e rosa para exaltar os três sambistas. O júri, no entanto, deu apenas o sétimo lugar à escola, que, consequentemente, sequer voltou no Sábado das Campeãs – algo que aconteceu com todos os outros desfiles assinados por Vieira na Manga.

Desfile da Imperatriz em 2020 – Fernando Grilli/Riotur

Leia o anúncio da Imperatriz na íntegra:

“O bom filho, a casa torna.

É com muito orgulho e felicidade que a Imperatriz Leopoldinense anuncia a contratação do brilhante e campeoníssimo carnavalesco Leandro Vieira para assumir o projeto do Carnaval de 2023.

Com atuação em projetos da Grande Rio, da Portela e da própria Imperatriz, Leandro estreou como carnavalesco na Estação Primeira de Mangueira em 2016, sendo campeão logo em sua estreia.

De traço estético refinado e criativo, o artista que vem revolucionando o fazer artístico da folia voltou a ser campeão em 2019 pela verde-e-rosa, e em 2020 foi o artista responsável pelo desfile que premiou a Imperatriz com o retorno ao grupo especial, mesmo feito realizado no Império Serrano este ano.

A Imperatriz Leopoldinense o recebe de braços abertos, desejando que essa parceria possa trazer o tão sonhado título para nossa comunidade em 2023.

Vem, Leandro!
A casa é sua!”

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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