No ano em que a crise voltou a rondar os barracões, as escolas de samba dos grupos especiais do Rio de Janeiro e São Paulo não conseguiram, em geral, convencer empresas a patrocinarem seus desfiles de 2020 pela Lei de Incentivo à Cultura – a Lei Rouanet.
Veja a ordem dos desfiles de 2020
O caso do Rio é mais grave: as agremiações não receberam a tradicional verba da prefeitura, após dois anos seguidos de cortes, e quase todas também não obtiveram dinheiro pelo mecanismo até a sexta-feira, 14 – a uma semana do Carnaval. O governo aprovou 10 projetos, com um total de R$ 27,5 milhões, mas só uma agremiação captou: a Grande Rio, com R$ 536 mil.
Das 13, só Estácio de Sá, Paraíso do Tuiuti e Beija-Flor não tiveram projetos inscritos na Secretaria Especial (antigo ministério) da Cultura.
Um caso emblemático é da Vila Isabel. A escola conseguiu a aprovação para captar quase R$ 5 milhões, mas não viu um centavo. Em entrevista ao jornalista Pedro Willmersdorf, do blog Repinique, de O Globo, o presidente da agremiação, Fernando Fernandes, desabafou ao dizer que, dos R$ 4 milhões prometidos via Lei Rouanet pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), nada chegou. A verba seria arrecadada junto a empresas de Brasília, a quem a Vila dedica seu desfile este ano.
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O projeto com maior valor é o da Mocidade Independente de Padre Miguel, com R$ 5,6 milhões – bem perto do teto de R$ 6 milhões.
Única a ter sucesso na captação, a Grande Rio levantou o dinheiro com três empresas: Copagaz (R$ 375 mil), cuja filial no estado do Rio fica em Duque de Caxias; Suez Energy (R$ 91 mil); e Estok (R$ 70 mil). No ano passado, a escola também já tinha sido uma das poucas a obter patrocínio pela Rouanet.
São Paulo, o quadro não é muito diferente. Somente duas escolas conseguiram levantar dinheiro pela Lei Rouanet: Mocidade Alegre e Mancha Verde. E a agremiação ligada à torcida organizada do Palmeiras foi responsável, sozinha, por praticamente toda verba arrecadada via mecanismo federal. Foram cerca de R$ 15,8 milhões aprovados. Mas, ao contrário do Rio, a prefeitura não só manteve o apoio financeiro às escolas como aumentou o valor do aporte.
Veja a evolução das captações via Lei Rouanet das escolas desde 2017
Dos R$ 4,5 milhões captados, R$ 3,98 milhões correspondem ao patrocínio para a Mancha – a Mocidade teve “modestos” R$ 550 mil (integralmente da Cebrace – Cia. Brasileira de Cristal), mais inclusive que a Grande Rio.
A escola palmeirense mantém uma sólida relação com a mesma patrocinadora do clube alviverde, a Crefisa, que nos últimos anos vem garantindo a saúde financeira da agremiação. Desde 2016, foram R$ 11,3 milhões repassados pela financeira em cinco carnavais – a primeira ajuda foi de R$ 250 mil -, dinheiro que viabilizou a contratação de um dos principais carnavalescos de São Paulo, Jorge Freitas, e culminou com o título inédito no ano passado.
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