A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) anunciou nesta quinta-feira, 24, que não haverá desfiles em fevereiro de 2021, por causa da pandemia de Covid-19. Após reunião plenária na sede da Liesa, o presidente da entidade, Jorge Castanheira, disse que as agremiações estudam agora a possibilidade de um adiamento para até o meio do ano – provavelmente a partir do mês de abril.
“Tem que ter um prazo que seja viável”, disse Castanheira, prevendo que em janeiro haja uma perspectiva de vacinação.
“Não há como fazer em fevereiro. As escolas não terão condições financeiras e tempo para viabilizar os desfiles”, afirmou o dirigente.
Castanheira afirmou que as escolas vão se manter em “permanente reunião” para estudar a possibilidade dos desfiles fora do Carnaval, o modelo de apresentação e o regulamento da disputa. Tudo deve ser debatido nos próximos meses. De prático ou concreto, nada ainda.
A ideia é evitar que a realização dos desfiles de 2021 comprometa o Carnaval do ano seguinte. Mas o cancelamento total ainda não está descartado.
Transmissão
A Liesa afirma também não ter ainda o compromisso firme da TV Globo, detentora dos direitos de transmissão.
“Já conversamos com a TV Globo. Nesse momento não dá para avançar muito, porque são somente hipóteses”, disse Castanheira.
A verba da TV Globo é a única no horizonte das escolas no momento. Isso porque não há previsão de venda de ingressos, e a subvenção municipal depende do próximo prefeito, além da situação econômica da prefeitura. Nos últimos dois anos, as agremiações foram salvas por recursos privados em acordos costurados pelo governo estadual, e ainda assim com o dinheiro liberado depois dos desfiles.
O adiamento passa também pela concorrência com outros eventos. Castanheira citou, por exemplo, os Jogos Olímpicos de Tóquio, previstos para julho.
Mudança
O anúncio de que a Liesa estuda um adiamento, e não o puro cancelamento, evidencia uma mudança de postura das lideranças do Carnaval. Anteriormente, Castanheira havia praticamente descartado a possibilidade de desfiles fora de fevereiro. Comenta-se nos bastidores que forças políticas e representantes da indústria do turismo estariam pressionando para que o Rio de Janeiro não fique sem o evento no próximo ano.
Duas cidades com carnavais importantes, Salvador e São Paulo, anunciaram o adiamento da festa. O Rio, onde o Carnaval movimentou R$ 4 bilhões em 2020 (segundo a Riotur) agora pode seguir o mesmo caminho.
Nem a guerra
O cancelamento seria inédito. Nunca na história dos desfiles das escolas de samba houve um Carnaval sem que elas se apresentassem, nem que fosse sem competição, como em 1938 – uma chuva teria impedido a chegada dos jurados. Nem mesmo o período da Segunda Guerra Mundial foi capaz de impedir os cortejos das agremiações.
A decisão de descartar desfiles em fevereiro foi tomada em meio a um cenário de profunda crise na cadeia produtiva do Carnaval. Os barracões estão fechados desde abril, deixando sem trabalho uma parte considerável da mão-de-obra das agremiações, sem falar nos empregos indiretos.
A decisão desta quinta pode dar algum alento para esses profissionais, que em sua maioria trabalham sem qualquer tipo de vínculo ou formalização, desamparados de qualquer proteção e direitos básicos como férias remuneradas e seguro desemprego em caso de desligamento. Resta saber o que a Liesa e as escolas decidirão nos próximos encontros.
Divulgação A Portela anunciou nesta quinta-feira (4) o enredo da escola para o Carnaval 2025:…
Portela 2024 - Marco Terranova/Riotur Em um enredo - inspirado no livro "Um defeito de…
Em uma das fotos que mais circularam no Carnaval deste ano, o mestre de bateria…
Carro da Imperatriz empacado na concentração - Romulo Tesi O último carro da vice-campeã Imperatriz…
Anúncio da contratação de Renato e Márcia Lage pela Mocidade - Divulgação/Mocidade O casal Renato…
Annik Salmon e Guilherme Estevão - Foto: Mangueira A Estação Primeira de Mangueira anunciou nesta…
Ver Comentários
Totalmente inviável, por vários motivos, entre eles, o sanitário, não temos garantias de aplicação da vacina.