Mangueira cancela feijoada de julho e convoca sambistas para luta contra ‘desmonte’ do Carnaval

A Estação Primeira de Mangueira anunciou que sua feijoada de julho está cancelada. Motivo: a reação contra o corte de verba da Prefeitura do Rio de Janeiro para as escolas de samba.

Na primeira atitude prática das agremiações afetadas pela decisão do prefeito Marcelo Crivella (e a Manga é uma das que mais sentirá a “facada”), a Verde-e-Rosa convocou seus sambistas, incluindo torcedores, para se engajarem na luta contra o que chama de “desmonte do maior espetáculo cultural do planeta”.

Em texto publicado em seu perfil no Facebook, a Mangueira cita “Juízo Final”, samba antológico (top 5 musical de todos os estilos deste blogueiro) de Nelson Cavaquinho (“o sol há de brilhar mais uma vez”), e anuncia: “Estaremos nos organizando e nos mobilizando para as jornadas de lutas em defesa do samba, da arte e do nosso carnaval”.

“Os nossos surdos estarão todos os dias batucando nas praças, ruas, becos e vielas em defesa do samba, do carnaval, da alegria, dos nossos corpos e da nossa tradição”, afirma a escola, no que parece a senha para uma série de protestos contra a administração Crivella.

A Manga promete anunciar nos próximos dias uma série de atividades em seus canais oficiais, como o Facebook e o site da escola.

Leia também:
Vereador diz que Carnaval é culto a orixás com dinheiro público e fonte de lucro para tráfico e prostituição
Carnaval SP: Doria sinaliza redução de verba da prefeitura, mas garante recursos
Presidente de escola se desculpa por ter apoiado Crivella nas eleições
Eduardo Paes critica corte de verba e cutuca Crivella
Presidente da Riotur diz que polêmica é favorável e revela mais cortes
Site fala em ‘profecia’ feita por cantora gospel: ‘Carnaval vai falir’
Alcione: ‘nesse país os caras roubam na Petrobras e a culpa é do samba’
Secretário de Crivella sugere corte de 100% da verba para escolas e critica Paes

Veja o comunicado na íntegra:

Entenda o caso

Crivella anunciou que pretende cortar em 50% a verba destinada às escolas de samba para investir em creches. O valor em 2017 foi de R$ 24 milhões, sendo R$ 2 milhões para cada agremiação. Como em 2018 serão 13 escolas no Grupo Especial, a expectativa era que o montante chegasse a R$ 26 milhões. Mas, conforme a Riotur (Empresa Municipal de Turismo do Rio de Janeiro), responsável por organizar a festa, já confirmou, o valor ficará mesmo em R$ 13 milhões.

A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) anunciou que, sem os R$ 13 milhões, os desfiles ficam inviáveis em 2018, e decidiu suspender as apresentações até que as partes cheguem a um acordo. A entidade espera conseguir um encontro com o prefeito, algo que vem tentando há meses, sem sucesso.

A Riotur disse, em nota, que o Carnaval está garantido e afirmou que vai buscar na iniciativa provada os recursos para as escolas. Mas confirma que as creches são prioridade.

Em resposta, sambistas realizaram um protesto no sábado. O grupo se concentrou em frente ao edifício administrativo da prefeitura, na Cidade Nova, e caminhou até a Marquês de Sapucaí.

O prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, se prontificou a ajudar e ofereceu levar os desfiles para a cidade da Baixada Fluminense. “A festa traz receita, movimenta a economia. Tem dinheiro para tudo. Se puder levar a Sapucaí para Caxias, eu banco. Vai dar lucro, traz turistas, é importante para a cidade”, disse Reis ao jornal Extra.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

1 comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.