Lá vem polêmica – mais uma – no Carnaval da Mangueira. Nesta segunda-feira, a escola divulgou a letra oficial do samba-enredo da escola para 2018 com duas pequenas mudanças, pelo menos no tamanho.
Uma delas, inofensiva, a direção trocou o “já usei papel barato” por “já usei cetim barato”. Mas a outra tem potencial para incendiar ainda mais a relação da escola com o prefeito Marcelo Crivella.
Na repetição dos versos do refrão, a Manga colocou um “Eu sou Mangueira meu senhor, sou Universal” no lugar do original “não me leve a mal”. A referência é clara: a Igreja Universal do Reino de Deus, da qual Crivella é bispo licenciado, ainda que caiba o sentido de algo larga abrangência. Mesmo assim, o “Universal” da letra publicada no perfil de Facebook da escola está grafada com “U” maiúsculo.
Mais:
“Os desfiles ficaram caretas”, diz carnavalesco da Mangueira
Em fase paulista, Ivo Meirelles abandona samba-enredo, abraça o sertanejo e exalta carnaval crítico da Mangueira
Caixa vai repassar R$ 8 milhões para escolas de samba
De volta ao Rock in Rio, samba já levou vaia e chuva de latinhas no festival
Secretário de Crivella se defende de críticas por inscrever samba na Mangueira
A mudança na letra é mais um round da briga das escolas de samba com o prefeito, que cortou m 50% a verba destinada às agremiações do Grupo Especial. A promessa era investir a diferença de R$ 13 milhões em creches. A Mangueira tratou de responder Crivella com o enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu samba”, assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira. A ideia é repensar o Carnaval e lançar a ordem para o povo brincar, mas sem deixar de responder Crivella, que faz questão de se dissociar de tudo relativo à festa, ainda que tenha recebido apoio da maioria das escolas.
Veja a letra na sua nova versão:
Chegou a hora de mudar
Erguer a bandeira do Samba
Vem a luz à consciência
Que ilumina a resistência dessa gente bamba
Pergunte aos seus ancestrais
Dos antigos carnavais, nossa raça costumeira
Outrora marginalizado já usei cetim barato
Pra desfilar na Mangueira
A minha escola de vida é um botequim
Com garfo e prato eu faço meu tamborim
Firmo na palma da mão, cantando laiálaiá
Sou mestre-sala na arte de improvisar
Ôôô somos a voz do povo
Embarque nesse cordão
Pra ser feliz de novo
Vem como pode no meio da multidão
Não… Não liga não!
Que a minha festa é sem pudor e sem pena
Volta a emoção
Pouco me importam o brilho e a renda
Vem pode chegar…
Que a rua é nossa, mas é por direito
Vem vadiar por opção, derrubar esse portão, resgatar nosso respeito
O morro desnudo e sem vaidade
Sambando na cara da sociedade
Levanta o tapete e sacode a poeira
Pois ninguém vai calar a Estação Primeira
Se faltar fantasia alegria há de sobrar
Bate na lata pro povo sambar
Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal
Pecado é não brincar o Carnaval!
Eu sou Mangueira meu senhor, sou Universal
Pecado é não brincar o Carnaval!
Compositores: Lequinho, Júnior Fionda, Alemão do Cavaco, Gabriel Machado, Wagner Santos, Gabriel Martins e Igor Leal.
Intérpretes: Ciganerey e Péricles
Entenda o caso do corte de verba
Crivella anunciou que pretende cortar em 50% a verba destinada às escolas de samba para investir em creches. O valor em 2017 foi de R$ 24 milhões, sendo R$ 2 milhões para cada agremiação. Como em 2018 serão 13 escolas no Grupo Especial, a expectativa era que o montante chegasse a R$ 26 milhões. Mas, conforme a Riotur (Empresa Municipal de Turismo do Rio de Janeiro), responsável por organizar a festa, já confirmou, o valor ficará mesmo em R$ 13 milhões.
A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) anunciou que, sem os R$ 13 milhões, os desfiles ficam inviáveis em 2018, e decidiu suspender as apresentações até que as partes cheguem a um acordo. A entidade espera conseguir um encontro com o prefeito, algo que vem tentando há meses, sem sucesso.
A Riotur disse, em nota, que o Carnaval está garantido e afirmou que vai buscar na iniciativa provada os recursos para as escolas. Mas confirma que as creches são prioridade.
Em resposta, sambistas realizaram um protesto. O grupo se concentrou em frente ao edifício administrativo da prefeitura, na Cidade Nova, e caminhou até a Marquês de Sapucaí.
O prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, se prontificou a ajudar e ofereceu levar os desfiles para a cidade da Baixada Fluminense. “A festa traz receita, movimenta a economia. Tem dinheiro para tudo. Se puder levar a Sapucaí para Caxias, eu banco. Vai dar lucro, traz turistas, é importante para a cidade”, disse Reis ao jornal Extra.
No dia 28 de junho, Crivella recebeu as escolas de samba e ficou decidido que haverá desfile em 2018.
A Prefeitura acertou pagar R$ 1 milhão para cada escola e se comprometeu a conseguir mais R$ 500 mil da iniciativa privada.
No dia 25 de julho, o presidente da República, Michel Temer, prometeu repassar mais R$ 1 milhão para cada agremiação, cobrindo o corte promovido por Crivella.
Divulgação A Portela anunciou nesta quinta-feira (4) o enredo da escola para o Carnaval 2025:…
Portela 2024 - Marco Terranova/Riotur Em um enredo - inspirado no livro "Um defeito de…
Em uma das fotos que mais circularam no Carnaval deste ano, o mestre de bateria…
Carro da Imperatriz empacado na concentração - Romulo Tesi O último carro da vice-campeã Imperatriz…
Anúncio da contratação de Renato e Márcia Lage pela Mocidade - Divulgação/Mocidade O casal Renato…
Annik Salmon e Guilherme Estevão - Foto: Mangueira A Estação Primeira de Mangueira anunciou nesta…
Ver Comentários
Posso estar enganado, mas a letra não deixa de ter um tom provocativo.
Bem,pela proximidade de Crivela com o PSDB,as crianças das creches devem ser Aecio,Serra,Bolsonaro,FHC,Doria,Alckmin,Moro,Gilmar Mendes,Carmem Lúcia,...
Triste é a falta de ignorância dessas escolas que de samba não tem nada, fazer uma critica de um prefeito que esta reconstruindo um município que sofreu a maior corrupção na história politica do Brasil. Tendo a oportunidade de da o troco aos politico que estão presos que são mais de 19 bandidos.
fazem uma péssima critica contra o prefeito Marcelo Crivella.