Mocidade critica impasse de Crivella e já prevê escolas sem verba; pagamento pode ser feito a 20 dias do Carnaval

Mocidade no Desfile das Campeãs de 2018 – Gabriel Monteiro/Riotur

O sinal de alerta está ligado para as escolas de samba do Rio de Janeiro. Tudo por causa de mais um ano de dificuldades no recebimento da verba da prefeitura, após a redução em 50% no último Carnaval. Agora a preocupação é com os prazos e até se haverá, de fato, subvenção.

Há na administração municipal quem defenda o pagamento em uma parcela de R$ 900 mil, mas somente após o dia 10 de fevereiro de 2019 – portanto a menos de um mês dos desfiles.

“Não dá para fazer Carnaval em 20 dias”, reclamou o vice-presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel, Rodrigo Pacheco, ao Setor 1. O dirigente criticou duramente a falta de informações sobre o repasse da Prefeitura, previsto em R$ 1 milhão por escola. Em protesto, a agremiação cancelou o ensaio de rua marcado deste domingo, 25.

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Pacheco conta que, após reuniões com representantes da Prefeitura (a primeira no início de outubro), sem a presença do prefeito Marcelo Crivella, ficou acertado que o pagamento da subvenção se daria em três parcelas. A primeira no dia 12 de novembro, no valor de R$ 250 mil, mas não houve sequer a assinatura do contrato, conta o dirigente. As outras duas estão previstas para 10 de dezembro e 10 de fevereiro – R$ 250 mil e R$ 400 mil, respectivamente. Os R$ 100 mil restantes são pagos após a prestação de contas. Além disso, há outros R$ 500 mil previstos do Uber, no mesmo modelo do ano passado, viabilizados por meio da Riotur, com repasse feito via Lei Rouanet.

Rodrigo Pacheco, vice-presidente da Mocidade

A ideia do parcelamento a partir de novembro, segundo o vice-presidente da Mocidade, foi do secretário de Casa Civil, Paulo Messina, contra a proposta do secretário de Fazenda, Cesar Augusto Barbiero, que levantou a possibilidade do pagamento em uma única parcela de R$ 900 mil em fevereiro. Pacheco conta que Messina se mostrou ciente de que as escolas precisam receber pelo menos parte da subvenção com alguma antecedência para preparar o desfile. No entanto, há dias, segundo o dirigente, a Prefeitura não se pronuncia.

“Até agora nada, nem assinamos o contrato, não há uma definição, uma data, e não se consegue falar com ninguém. A Riotur afirma está aguardando o prefeito, mas o prefeito não reponde. A insegurança é total”, critica.

Zero de verba

Diante do impasse e da falta de informações, Pacheco já começa a trabalhar com a ideia de não receber a subvenção.

“Eu acendi essa luz de alerta, tenho essa preocupação. É algo real. Se acontecer, vai inviabilizar os desfiles como planejados, porque 90% das escolas não vão conseguir terminar seus projetos”, declarou o dirigente, que não descarta, porém, a hipótese de as apresentações não acontecerem.

“Desfile vai ter que acontecer de qualquer jeito, porque a TV Globo já pagou o direito de imagem. Temos um contrato que diz que temos que desfilar, mas como vai acontecer vai depender do que o poder público vai colocar em prática. A gente aumenta de forma absurda a arrecadação na época do Carnaval. Falta dar a devida importância”, afirmou. “É constrangedor ter que ficar atrás do prefeito para assinar o contrato”, completou.

Prefeito do Rio, Marcelo Crivella – Renan Olaz/CMRJ

Mudanças

Pacheco diz que a Mocidade já busca novas formas de cobrir um possível buraco no orçamento causado pela falta de pagamento da subvenção, mas que tem encontrado dificuldades. A ideia, portanto, é se preparar para não depender da verba oficial.

“O Carnaval como um todo precisa ser repensado. Nós temos que desenvolver ações diferentes, porque estamos ficando para trás. A gente tem falado bastante sobre isso e eu estou ansioso para sentar com a Liesa e as escolas tocar um novo projeto, com um novo modelo de captação, com outros mecanismos que atraiam novos parceiros. Do jeito que está, não estamos atraindo”, concluiu.

 

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

Ver Comentários

      • E o que dizer dos milhares de empregos que são gerados em função do carnaval?? Não é só hotel não, filho, ele gera empregos em diversas fábricas, o ano inteiro. O carnaval consome bebidas, toalhas de banho, cabeleireiro, táxi, pneus, combustíveis, isopor, ferro, solda, eletricidade, alimentos, lençóis de cama, velas e tudo o que você puder imaginar. Geram emprego no campo e na cidade.

      • Concordo com tigo durante o carnaval são varias empresas com informe publicitário, E outra nunca ouvir dizer que o dinheiro publico realmente da retorno há sociedade, eles dizem que gera emprego turismo etc..? mas isso durante alguns meses o ano tem, 12. meses, e não uma ilusão de 4.dias.

      • Música, cinema, teatro, livros, televisão, rádio, imprensa, artes e games geram na França um volume de negócios superior ao da indústria automobilística ou de luxo. As indústrias culturais empregam 1,2 milhão de pessoas Na França. Cada real público investido no Carnaval deve voltar em dobro para a cidade. Indústria cultural é um excelente negócio....

      • Interessante é que na verdade trata-se de um investimento, não vejo como dinheiro público jogado.. Sabe-se que a prefeitura do Rio arrecada somas altíssimas por conta do Carnaval e aumento de emprego e se deve queira ou não, engula ou não; ás escolas de samba o prestígio, fama, grandiosidade, crescimento do turismo. O Povo do Rio deve as Lindas Escolas de Samba o reconhecimento mundial que a cidade tem. Ademais Crivela passa e as Escolas ficam.

    • Já que é o maior espetáculo da Terra, certamente tem condições de se auto-financiar e não depender do setor público que mal consegue fornecer o básico à sua população.

  • Ta ficando humilhante e chato esse negocio de repasses de verbas, ou concede ou não concede, que tal as escolas de sambas vender a festa para as agencias de Turismo, rede hoteleiras e uma porcentagem de ingressos colocar nas bilheterias.
    Chega de se humilhar para esse pastorzinho da igreja universal

  • Se quiserem fazer escola de samba, que façam, mas não com o dinheiro do povo, nem compensacão nos impostos.
    As prioridades são: SEGURANÇA, SAÚDE, EDUCAÇÃO, ALIMENTAÇÃO.
    Se sobrar dinheiro, pode ser, mas bem simples.

    • Pelo tanto de gente que vai na avenida e desfila ou assiste , acho que o povo já decidiu o que quer, há muitos anos. Ou você é prepotente o bastante pra se achar no direito de falar por eles

    • Cara, pensa! Isso que você está falando não faz sentido.

      Veja bem, vamos imaginar uma situação hipotética:
      você mora no rio e precisa passar um final de semana em são paulo porque fará uma prova de um concurso por exemplo, pra isso juntou 300 reais, com esse dinheiro não dá pra você pagar o onibus, hotel e alimentação. Mas se você pega esse dinheiro e ao invés de já usar pra pagar a passagem investe em carnes e cerveja pra um churrasco, chama 40 amigos e cobra 30 reais de cada um. você transformou os seus R$300 em R$1200, agora dá pra ir, pagar tudo e ainda pode sobrar pra comprar uma roupa na viagem.

      Pela sua lógica alguém poderia dizer: "nossa, mas você não tem nem o dinheiro do hotel que vai precisar e vai gastar em um churrasco? Deveria gastar com o que precisa, só se sobrar que gasta fazendo churrasco!!"
      Bem essa pessoa não tem muita noção de investimento!

      E é exatamente a mesma coisa, a prefeitura já tem pouco pra investir no básico, mas o carnaval, onde ela investe por volta de 25 milhões nas escolas e estruturas rende anualmente mais de 1 BILHÃO para os cofres públicos e isso segundo a própria secretaria da prefeitura. Ou seja: você prefere pegar 25 milhões e gastar na educação e saúde? Veja quantos hospitais e escola há no Rio, quanto mais se incluir aí a questão da segurança, esse dinheiro não vai dar nem pra um mês, agora com o dinheiro que a prefeitura ganhou INVESTINDO no carnaval, esse dinheiro pode voltar pra saúde, educação e segurança e durar um ano!!!!

      E mais, quanto a falar "façam mas não com dinheiro do povo", é como dizer "faz o churrasco, mas não faz com seu dinheiro que você precisa, manda cada um trazer sua carne". Beleza, o churrasco vai rolar do mesmo jeito... mas porque as pessoas iriam te pagar por isso? Se foram elas que levaram tudo, você não vai ganhar nada da mesma forma. Pra lucrar é preciso investir.
      Então vamos deixar de lado o pensamento simplista e pensar e pesquisar.

    • Você só esqueceu de pensar em duas coisas.... Primeiro, Carnaval pro Rio é investimento e visibilidade.... É muito provável conta do Carnaval que onRJ é conhecido no mundo todo!!! Esse espetáculo traz mais arrecadação de impostos pra cidade do que custa em investimentos...Ou seja o $ pra Saúde, Educação e Segurança vêem em parte do Carnaval que traz milhões de turistas, movimentam a economia da cidade e dá notoriedade....Essa briga é ideológica/religiosa....Nada tem a ver com orçamento. Dois embustes são as igrejas que arrecadam milhões, não pagam impostos inclusive IPTU, controem templos faraônicos sem a menor contrapartida pra cidade!!!

  • Simples....Essas Empresas precisam aprender a Vender seu Produto....No Sambódromo tem quantos Camarotes? Quanto a Brahma/ Itaipava e outra cervejaria pagou no último carnaval? Dobra o preço esse ano ...Quanto a Globo e a Band pagam pelos desfiles, Dobra o preço...Ingressos de arquibancada só vai quem tem dinheiro...Há muito tempo o Carnaval no Sambódromo deixou de ser festa popular...Vamos deixar de hipocrisia e parar de depender do dinheiro público...De Público só o Sambódromo...É Preciso Profissionalização..Garanto que a Globo, Brahma não vão querer ficar de fora dessa Festa..

  • ué...esse povo não arruma dinheiro p. carnaval ??? vão trabalhar e fazer carnaval...pior que os bilhetes de entrada custam um absurdo...os safados pegam grana pública, enchem as burras e ainda cobram ingressos caros...vão trabalhar...

    • Assim como eu! Se realmente fosse o maior espetáculo da terra o porque da dificuldade de achar patrocinadores para financiar as escolas de samba?! Fazer carnaval com dinheiro público em vez de tornar o negócio rentável é mole! Deve ser uma lavagem de dinheiro a rodo nesse mundo do carnaval com dinheiro público dinheiro! E agora q o Crivella foi o único q teve coragem de acabar com a mamata, bate o desespero nessa gente das escolas de samba.

  • Com tantas propriedades como educação, segurança e saúde chega a ser um absurdo a Prefeitura do Rio conceder dinheiro sendo que as escolas do Tem em sua maioria presidentes e diretores com mansões e carrões, ou seja, renda existe ! Um evento dessa magnitude tem que ser totalmente bancada por capital privado. Uma vez que o Estado coloca coloca dinheiro público para um público diferente e não para o povo!

  • Tem que pedir para o Crivela explicar como que o muro da Estação de Trem Cosmos, no Rio de Janeiro, teve o muro derrubado e dentro do terreno, foi construída uma imensa igreja universal. Primeiro ela ficava a uns quatro metros da plataforma. Depois, com o passar dos meses, ela cresceu para trás e ficou a um metro da plataforma. Foi construída sem alvará, sem autorização do CREA. Detalhe: fiz uma denúncia, mas não adiantou, o CREA não foi lá para fiscalizar nada. E a prefeitura do Rio não aceita o registro da reclamação, manda ligar para a SUPERVIA que é 100% conivente, se não fosse, não teria permitido a construção.

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