Morre no Rio o músico Wilson das Neves, aos 81 anos

Wilson das Neves

Morreu na noite deste sábado, no Rio de Janeiro, aos 81 anos, o músico Wilson das Neves. Baluarte do Império Serrano, Das Neves foi um dos maiores bateristas do mundo, tendo tocado com grandes nomes da música. O sambista, com mais de 60 anos de carreira, passava por tratamento contra um câncer, diagnosticado há alguns anos, e estava internado em hospital da Ilha do Governador, na zona norte do Rio.

O perfil oficial do baterista informou seu falecimento: “É com profundo pesar que anunciamos o falecimento de um dos maiores nomes da música brasileira, o baterista Wilson Das Neves. Instrumentista diferenciado, compositor e cantor brilhante nos últimos anos. A saudade vai ser grande no coração de tantos amigos, parceiros e fãs que ele cultivou ao longo da vida. A família agradece as condolências e em breve informaremos sobre o funeral”.

Das Neves fez parcerias com os maiores da música brasileira, entre eles Paulo César Pinheiro, Aldir Blanc, Nei Lopes, Luiz Carlos da Vila, Nelson Sargento e muitos outros. Já tocou com Elis Regina, Wilson Simonal, Elza Soares, Elizeth Cardoso, Ed Lincoln, entre tantos – a lista é imensa. Só de Chico Buarque foi baterista por mais de 30 anos. Se o leitor ouve música brasileira, com certeza já ouviu o som da bateria de Wilson das Neves.

No Facebook, Chico Buarque prestou uma singela homenagem ao “mestre”.

Em 1996, lançou-se como cantor, lançando o disco “O som sagrado de Wilson das Neves”. Neste, em “O samba é meu dom”, Das Neves homenageia o gênero e presta tributo aos nomes que o influenciaram. Posteriormente gravou mais quatro álbuns com a própria voz, o último deles em 2013.

O samba é meu dom
Aprendi bater samba ao compasso do meu coração
De quadra, de enredo, de roda, na palma da mão
De breque, de partido alto e o samba-canção

Nos anos 2000, integrou a Orquestra Imperial, espécie de big band formada por artistas de várias gerações, que tocava um repertório tão extenso quanto eclético. Nos shows, Das Neves tinha uma parte solo, em que “Senhora Tentação”, do também imperiano Silas de Oliveira, era presença garantida.

Marcado pelo bom humor, Das Neves era conhecido pelo bordão “ô sorte” e pela fama de bom contador de causos.

O Império Serrano, escola da qual é benemérito, publicou uma nota de pesar no Facebook. Na agremiação da Serrinha, Das Neves tocou tamborim e chegou a ocupar cargos de direção, mas não há registro de que tenha disputado samba-enredo.

Discografia:

(2013) Se me chamar, ô sorte • MP,B Discos/ Universal Music • CD
(2010) Pra gente fazer mais um samba • MP,B/ Universal • CD
(2010) Que Beleza (c/ grupo Ipanema) • Far Out (Inglaterra) • CD
(2004) Brasão de Orfeu • Selo Acari Records/Biscoito Fino • CD
(2001) Quintal do Pagodinho • Universal Music • CD
(2001) Brasileira • Independente • CD
(2001) Nome sagrado-Beth Carvalho canta Nelson Cavaquinho • Jam Music • CD
(2001) Coisa de chefe • Carioca Discos/Rob Digital • CD
(1999) The return of The Ipanemas • Far Out (Inglaterra) • CD
(1996) O som sagrado de Wilson das Neves • CID • CD
(1976) O som quente é o das Neves • Underground/Copacabana • LP
(1970) Samba Tropi-Até aí morreu Neves • Elenco/Philips • LP
(1969) O som quente é o das Neves • Polydor • LP
(1968) Elza Soares • Odeon • LP
(1964) Os Ipanemas • LP

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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