Morre Casquinha, baluarte da Portela, aos 95 anos

Casquinha da Portela – Divulgação

Morreu na noite desta terça-feira, 2, o cantor e compositor Casquinha, baluarte da Portela, aos 95 anos. Foi um dos maiores nomes do samba, símbolo do jeito de ser e da alma portelense.

Casquinha estava internado desde o último dia 22 no CTI do Hospital São Matheus, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, com insuficiência renal – quadro agravado nos últimos dias. A causa da morte foi infecção generalizada. Ele deixa três filhos (outros dois já são falecidos). O velório acontece a partir das 20h desta quarta-feira, na quadra da Portelinha, em Oswaldo Cruz*. A cerimônia de despedida está marcada esta quinta, 4, às 9h, no Cemitério de Irajá, mesmo local do sepultamento, às 10h30.

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Otto Enrique Trepte, filho de imigrante alemão, nasceu em 1º de dezembro de 1922, no bairro de Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte carioca, mudando-se ainda criança para Oswaldo Cruz.

Casquinha chegou à Portela a convite de Candeia, tendo sido presidente da Ala de Compositores da escola. Foi também bancário e jogador de futebol (bom de bola, segundo Sergio Cabral).

Era um dos nomes mais conhecidos na Velha Guarda da Portela, autor de clássicos como “A chuva cai”, “Recado” (parceria com Paulinho da Viola) e “Gorjear da Passarada” – este gravado por Beth Carvalho no célebre álbum “Na Fonte”, onde a cantora reuniu um timaço de sambistas, incluindo Nelson Cavaquinho e um então jovem Arlindo Cruz.

Também é autor, ao lado de Candeia, de “Falsas Juras”, samba gravado no disco “Tudo Azul”, grande sucesso produzido por Marisa Monte, de 1999. O álbum é um marco do resgate do samba no Rio de Janeiro na década de 90 – uma espécie de Buena Vista Social Club portelense.

Somente em 2001 Casquinha gravou seu primeiro e único disco solo, “Casquinha da Portela”, pela Lua Discos.

Casquinha era presença constante na vida da Portela, sempre presente nas apresentações no Carnaval como membro da Velha Guarda. Com Candeia, Waldir 59, Altair Prego e Bubu, escreveu o samba-enredo “Brasil, Pantheon de Glórias”, com o qual a Águia foi campeã em 1959. A última vez que desfilou foi em 2017, ano em que a agremiação levantou seu último título.

O portelense ganhou o apelido de Casquinha na escola, por ter comido um pedaço de carne que caíra do prato de um amigo.

*A quadra da Portelinha (antiga sede da Portela) fica na Estrada do Portela 446, em Oswaldo Cruz, altura da Praça Paulo da Portela.

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A Portela está de luto. Morreu na noite desta terça-feira (2), aos 95 anos, o compositor Casquinha, baluarte da Velha Guarda da Portela. Ele estava internado desde o último dia 22 no CTI do Hospital São Matheus, em Bangu, na Zona Oeste, e teve o quadro de insuficiência renal agravado nos últimos dias. A causa da morte foi infecção generalizada. O presidente Luis Carlos Magalhães e toda a diretoria da Portela lamentam profundamente a morte do compositor Casquinha e se solidarizam com seus familiares e amigos neste momento de luto. "Casquinha viveu a vida que quis viver, sempre cercado de sambistas formidáveis e se fazendo parceiro de mitos como Paulinho da Viola, Candeia, Monarco e outros mais. Vida longa, bonita e intensa! Compôs "Brasil, Pantheon de Glórias", para o nosso desfile de 1959, e se tornou personagem importante na Portela. Por isso, terá sempre um lugar especial nesse pantheon que ele próprio ajudou a construir", exaltou Luis Carlos Magalhães. . . . . #casquinha #casquinhadaportela #portela #samba #sambaderaiz #partideiro #partidoalto

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Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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