Paulo Barros se defende em polêmica sobre enredos afro e diz: ‘Eu sou de santo’

O carnavalesco Paulo Barros, da Vila Isabel, esteve no centro da principal polêmica no pré-Carnaval 2025. Primeiro, com o vazamento da foto de uma das alegorias do desfile deste ano, sobre assombrações, decorado com esculturas de personagens do filme “Monstros S.A.”. Em seguida, pela entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, quando afirmou que “a maioria dos enredos” de 2025 são afro, “tudo já foi visto e revisto” e “90% de quem está assistindo não vai entender nada”. Nesta segunda-feira (3), o artista se defendeu do que considera uma interpretação equivocada das suas declarações.

“Colocaram numa posição de que eu sou contra, de que eu tenho preconceito. Gente, está aqui minha conta”, disse ao Setor 1, antes do desfile da Vila, mostrando uma guia religiosa no pescoço. “Eu sou do santo”, completou.

“É uma questão artística. Eu não posso misturar a minha religião com a minha arte. Eu respeito todos e sempre vou respeitar todos”, afirma Paulo, que vê no episódio uma tentativa de sensacionalismo e busca por relevância nas redes sociais.

“Alguns meios de comunicação às vezes querem causar esse tipo de polêmica”, discursa.”É muito triste. As pessoas transformam nossas falas em busca de notícia, de likes, de sucesso através de outras pessoas”, diz o carnavalesco, que também nega incômodo com a entrevista.

“Eu não estou um pingo incomodado porque eu sei exatamente o que eu falei. E a verdade é essa. Eu falei somente isso, eu não gosto de fazer, é um direito meu. Eu nunca disse: ‘Eu condeno esses enredos, eu sou contra esses enredos’. Eu nunca disse isso”, afirmou o artista, acusado de racismo religioso nas redes sociais por políticos e artistas em geral pelas declarações.

“Mais didático possível”

O carnavalesco, que tem como marca apresentações de temáticas de apelo popular, com surpresas e soluções artísticas de fácil entendimento pelo público, defende o direito de seguir no seu estilo. É o caso de 2025, com “Quanto Mais Eu Rezo, Mais Assombração Aparece”.

“Eu sempre tenho a preocupação de fazer um desfile para que eles sejam o mais didáticos possível. Porque as pessoas que estão assistindo na Sapucaí não têm alcance da leitura de uma defesa de um enredo. Então tento colocar na avenida imagens que sejam de reconhecimento fácil e objetivo”, explica o artista, que também enxerga em sua obra deste ano alguma erudição.

“Muitas desses personagens e lendas [do desfile] são de origem europeia e de outros países, mas que foram assimilados pela cultura popular brasileira. É um enredo extremamente culto nesse sentido”, diz.