Portela muda letra de samba e tira menção a ‘O canto das três raças’

A Portela divulgou nesta terça-feira, 10, a nova versão da letra do samba-enredo de 2019, sobre Clara Nunes.

A obra sofreu duas pequenas alterações.

Uma delas é simples: no verso “Tua filha voltou, minha mãe”, o pronome “tua” foi trocado para “sua”.

Outra foi a retirada do “ôôôô” após o verso “O canto das raças a me chamar”, que remetia justamente à música “O canto das três raças”, sucesso de Clara Nunes, composta por Paulo César Pinheiro (com quem a cantora foi casada) e Mauro Duarte.

Segundo a escola, as mudanças foram feitas para evitar possíveis problemas com direitos autorais.

Haverá ainda mudanças na melodia do samba, que serão conhecidas assim que a Portela gravar uma versão caseira – o que deve ser feito nos próximos dias. A oficial, que vai para o CD, começará a ser gravada no próximo dia 19, quando a escola registará o coro, na Cidade do Samba. A obra ganhará a voz de Gilsinho no dia 27, no estúdio.

Veja como ficou:

Enredo: Na Madureira Moderníssima, Hei Sempre de Ouvir Cantar uma Sabiá
Compositores: Jorge do Batuke, Valtinho Botafogo, Rogério Lobo, Beto Aquino, Claudinho Oliveira, José Carlos, Zé Miranda, D’Souza e Araguaci

Axé… sou eu
Mestiça, morena de Angola, sou eu
No palco, no meio da rua, sou eu
Mineira, faceira, sereia a cantar, deixa serenar
Que o mar… de Oswaldo Cruz a Madureira
Mareia… a brasilidade do “Meu lugar”
Nos versos de um cantador
O canto das raças a me chamar
De pé descalço no templo do samba estou
É rosa, é renda, pra Águia se enfeitar
Folia, furdunço, ijexá
Na festa de Ogum Beira-mar
É ponto firmado pros meus orixás

Eparrei Oyá, Eparrei…
Sopra o vento, me faz sonhar
Deixa o povo se emocionar (refrão)
Sua filha voltou, minha mãe

Pra ver a Portela tão querida
E ficar feliz da vida
Quando a Velha Guarda passar
A negritude aguerrida em procissão
Mais uma vez deixei levar meu coração
A Paulo, meu professor
Natal, nosso guardião
Candeia que ilumina o meu caminhar
Voltei à Avenida saudosista,
Pro Azul e Branco modernista… eternizar
Voltei, fiz um pedido à Padroeira
Nas Cinzas desta Quarta-feira… comemorar

Nossas estrelas no céu estão em festa
Lá vem Portela com as bênçãos de Oxalá
No canto de um Sabiá (refrão)
Sambando até de manhã
Sou Clara Guerreira, a filha de Ogum com Iansã

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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