Presidente da Riotur diz que polêmica sobre verba é favorável e revela mais cortes

Alves no dia da Apuração do Carnaval de 2017 – Alexandre Macieira/Riotur

O presidente da Riotur, Marcelo Alves, falou nesta segunda-feira sobre o corte de verba da Prefeitura do Rio para as escolas de samba. Em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, Alves disse que mira um Carnaval quatro vezes maior e vê um lado bom da questão.

“Essa polêmica está sendo até favorável, que é o momento em que estamos pensando ainda mais nesse produto que é o desfile das escolas de samba. É o momento de repensarmos esse evento extremamente importante para a cidade”, afirmou Alves, que disse contar com a própria Liesa um “caminho”. Uma reunião com a Liesa estava marcada para esta segunda, mas foi adiada. O prefeito Marcelo Crivella já disse que não volta atrás da decisão.

“Em nenhum momento a Prefeitura está contra os desfiles, pelo contrário. Queremos quadruplicar essa potência que é são os desfiles”, completou.

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Segundo Alves, não houve redução, mas atualização dos valores, e citou que a Prefeitura retornou aos repasses feitos no passado. Até 2015, com a subvenção era de R$ 1 milhão, e só aumentou porque o então prefeito Eduardo Paes aumento os recursos para poder cobrir o buraco deixado pelo governo do estado e a Petrobras, que cortaram os repasses às escolas. Na ocasião, a administração municipal passou a dar R$ 2 milhões.

Alves lembrou que um desfile do Grupo Especial custa cerca de R$ 8 milhões. “Era 8 (milhões de reais), virou sete (milhões de reais). Não dá para renegociar?”, afirmou.

O presidente da Riotur disse que há marcas interessadas em participar dos desfiles, o que poderia render ainda mais às escolas do que o R$ 1 milhão cortado pela Prefeitura. “Mas desde (as marcas) tenham retorno”, frisou.

Retorno de R$ 90 milhões

Uma das alegações das escolas é que o Carnaval de 2017 gerou retorno de R$ 3 bilhões, logo os R$ 26 milhões esperados pelas agremiações não seriam um problema para as contas do município. Alves explica que, na verdade, a Prefeitura fica somente com cerca de 3% deste valor.

Mocidade em 2017 – Fernando Grilli/Riotur

“O Carnaval tem impacto econômico, e impacto não é a receita da Prefeitura, de R$ 3 bilhões. Isso são os consumos nos restaurantes, nos shoppings, nos hotéis. A Prefeitura tem uma porcentagem disso, uma participação de R$ 90 milhões”, explicou. Segundo Alves, a Riotur investe R$ 55 milhões no Carnaval diretamente, incluindo os demais grupos.

Série A e Intendente afetados

Alves revelou ainda que o corte vai atingir Série A (acesso) e os desfiles da Liesb, na Intendente Magalhães (grupos B, C, D e E).

“A gente está fazendo as contas. Há reduções em todos os contratos. Efetivamente haverá, sim, redução, porque tudo está sendo reduzido”, disse.

Assista ao vídeo na íntegra:

Entenda o caso

Crivella anunciou que pretende cortar em 50% a verba destinada às escolas de samba para investir em creches. O valor em 2017 foi de R$ 24 milhões, sendo R$ 2 milhões para cada agremiação. Como em 2018 serão 13 escolas no Grupo Especial, a expectativa era que o montante chegasse a R$ 26 milhões. Mas, conforme a Riotur (Empresa Municipal de Turismo do Rio de Janeiro), responsável por organizar a festa, já confirmou, o valor ficará mesmo em R$ 13 milhões.

A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) anunciou que, sem os R$ 13 milhões, os desfiles ficam inviáveis em 2018, e decidiu suspender as apresentações até que as partes cheguem a um acordo. A entidade espera conseguir um encontro com o prefeito, algo que vem tentando há meses, sem sucesso.

Na última sexta-feira, a Riotur disse, em nota, que o Carnaval está garantido e afirmou que vai buscar na iniciativa provada os recursos para as escolas. Mas confirma que as creches são prioridade.

Em resposta, sambistas realizaram um protesto no sábado. O grupo se concentrou em frente ao edifício administrativo da prefeitura, na Cidade Nova, e caminhou até a Marquês de Sapucaí.

O prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, se prontificou a ajudar e ofereceu levar os desfiles para a cidade da Baixada Fluminense. “A festa traz receita, movimenta a economia. Tem dinheiro para tudo. Se puder levar a Sapucaí para Caxias, eu banco. Vai dar lucro, traz turistas, é importante para a cidade”, disse Reis ao jornal Extra.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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