Presidente da Ilha diz que Crivella cortará pela metade verba para escolas de samba e ameaça não desfilar

O presidente da União da Ilha do Governador, Ney Filardi, fez uma revelação neste sábado que tem potencial para abalar ainda mais a já combalida situação financeira de algumas escolas de samba do Rio de Janeiro. Segundo o dirigente, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, pretende reduzir a verba que a Prefeitura repassa às agremiações, de R$ 2 milhões para R$ 1 milhão.

O assunto já vem sendo comentado na comunidade do samba desde que Crivella assumiu. Uma das causas da redução do valor seria a crise financeira da Prefeitura. Há quem aponte certa má vontade do prefeito com o Carnaval.

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Em resposta, Filardi diz que a União da Ilha não desfilará em 2018. “Se esse corte realmente acontecer, peço desculpas antecipadamente, mas a União da Ilha não desfilará no carnaval de 2018”, alertou.

“São 7 dias de folia, onde o rico se mistura com o pobre e vice-versa. Isto sem contar, que o ‘período de momo’ gera uma entrada nos cofres do município de R$ 3 bilhões. E a prefeitura investe 60 milhões de reais. Matemática é uma ciência exata e isso gera um ganho real da prefeitura de 2 bilhões e 940 milhões”, diz Filardi, citando números divulgados pela Riotur.

O debate deve esquentar nos próximos capítulos. O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, disse ao Setor 1 que a verba será dividida igualmente entre as 13 escolas, uma a mais que o normal, por causa do não rebaixamento da Paraíso do Tuiuti. Os recursos seriam os mesmos e, na prática, as agremiações receberiam um valor inferior aos anos anteriores. O bolo é do mesmo tamanho, mas o número de fatias será maior.

Por causa disso, há entre as escolas quem quisesse inclusive um aumento na verba da Prefeitura, o que hoje parece distante. Além disso, os dirigentes do samba querem que os recursos sejam repassados mais cedo, durante o ano. Alguns deles ouvidos pelo blog dizem que são obrigados a contratar serviços e comprar materiais com promessa de pagamento para meses depois. Isso sem falar com o gasto da folha de pagamento, que não pode ser pago a prazo. Crivella, por sua vez, quer mais rigor na prestação de contas por parte das escolas.

Opinião do blog: Se acontecer, as escolas, ou a maioria delas, sentirão o baque, mas pode ser a chance de mudar a festa definitivamente, principalmente na captação de recursos. Hora de mostrar criatividade e jogo de cintura.

Prefeito do Rio, Marcelo Crivella – Renan Olaz/CMRJ

Veja a nota abaixo na íntegra:

NOTA IMPORTANTE DO PRESIDENTE
Em reunião realizada neste sábado, na quadra da União da Ilha do Governador, que contou com presença de todos os segmentos da escola, o presidente Ney Filardi levou ao conhecimento de todos a posição do prefeito Marcelo Crivella, em reduzir a subvenção de R$ 2 milhões para, 1 milhão, às escolas de samba do Grupo Especial.
Ney enfatizou que as agremiações vem sofrendo grandes perdas financeiras:

“O governo federal em nada contribui para o carnaval e a Petrobras cortou a verba (R$ 1 milhão), que dava para cada escola do grupo especial. O governo estadual também não ajuda. A vendagem de ingressos já não é mais a mesma. Arquibancadas e frisas não sofrem um reajuste há mais de cinco anos. O repasse da Rede Globo se dá através de vendagens de cotas (valores variados). E os impostos, taxas e salários não param de aumentar, bem como, a compra de materiais (cola, madeira, isopor…), afirmou.

“Vale frisar, que as escolas de samba mantém seus barracões e suas quadras abertas o ano todo. Isso gera despesa! E agora, com a notícia do prefeito do corte de verba oriundo da da prefeitura, impossibilita das escolas irem para avenida de maneira digna.

A União da Ilha, por exemplo, mantém cursos e oficinas para passistas, ritmistas, mestre-salas e porta-bandeiras o ano inteiro. Como sustentar todas essas atividades com menos dinheiro?, indagou Ney.

O presidente Ney FIlardi passou para os segmentos da escola que, em caso de redução desses 50%, ou seja, menos 1 milhão, a agremiação não irá desfilar no próximo ano: “Se esse corte realmente acontecer, peço desculpas antecipadamente, mas a União da Ilha não desfilará no carnaval de 2018”, alertou Ney, prometendo fazer de tudo para que os desfiles das escolas de samba não sofram outras baixas.

“E as escolas mirins? Terão seus sonhos interrompidos? E a cultura? Deixará de ser amplamente cultura brasileira? Não será mais propagada, divulgada, para o mundo inteiro?”, indagou.

O presidente reconhece o momento de crise que o país vive. Por outro lado, não entende e não concorda com a posição da prefeitura: “Se o prefeito me dissesse: ‘presidente, não vou dar dinheiro para a União da Ilha, porque preciso construir e reformar escolas e hospitais, além de garantir o pagamento salarial dos servidores do município”… Aí sim, eu entenderia! Mas o carnaval do Rio de Janeiro proporciona ganhos financeiros ao comércio, aos taxistas, as companhias aéreas, as agencias de.turismo, bares, vendedores, ambulantes credenciados, restaurantes, rede hoteleira, cervejarias e diversos outros beneficiários. Isto sem contar, com a alegria do povo. São 7 dias de folia, onde o rico se mistura com o pobre e vice-versa. Isto sem contar, que o “período de momo” gera uma entrada nos cofres do município de R$ 3 bilhões. E a prefeitura investe 60 milhões de reais. Matemática é uma ciência exata e isso gera um ganho real da prefeitura de 2 bilhões e 940 milhões Não são palavras minhas!. Esses dados foram recentemente veiculados na mídia e subscrita pela Riotur. Isto sem falar, que o nosso espetáculo é transmitido para mais de 200 países, dando assim, muita visibilidade ao município do RJ, relatou.

“Diante do que foi explanado, a pergunta que fica: se o carnaval deixa um lucro bastante significativo e expressivo, porque a redução da verba? Esse assunto já foi conversado na Liesa e acredito que todas as escolas tenham a mesma posição”, finalizou Ney com um pedido:

Prefeito,

“Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar”.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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