Primeiro palhaço negro do Brasil será homenageado em enredo do Salgueiro em 2020

Anúncio de apresentação de Benjamin de Oliveira – Reprodução

No próximo Carnaval, o Salgueiro fará uma homenagem a Benjamin de Oliveira, com o enredo sobre o primeiro palhaço negro do Brasil. Em 2020, completam-se 150 anos do nascimento do artista mineiro.

Nascido pobre em Pará de Minas (MG), Benjamin superou o preconceito para se tornar um dos maiores artistas do Brasil no início do século 20. Era filho de mãe escrava e pai capataz. Fugiu com a trupe de um circo até chegar ao Rio de Janeiro, onde fez fama e chamou atenção de gente poderosa. Morreu na então capital federal em 1954.

Benjamim de Oliveira em ação – Reprodução

O enredo pode abrir espaço para o carnavalesco Alex de Souza falar sobre racismo e intolerância. Em 2017, um episódio envolvendo Benjamin foi, inclusive, emblemático: a estátua do artista em sua cidade natal foi vandalizada com pichações de suásticas nazistas.

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O anúncio oficial acontecerá no dia 5 de maio, mas o Salgueiro já publicou nas suas redes sociais nesta quarta-feira, 24, a primeira pista: uma foto antiga de Pará de Minas e os versos: “Inspire-se e seja inspiração. Sorria e faça sorrir. Sonhe sempre!”

Benjamin já foi homenageado na Marquês de Sapucaí: em 2009, o palhaço foi o enredo da São Clemente, então no grupo de acesso. O desfile foi desenvolvido pelos carnavalescos Mauro Quintaes e Alexandre Louzada.

Ainda que o enredo não seja totalmente inédito, pesa o fato de que uma homenagem no Grupo Especial tem maior peso e visibilidade. Além disso, a discussão sobre racismo e intolerância se tornou muito mais densa nos último anos no Brasil, sobretudo pelo avança da extrema-direita política.


Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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