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Renato Thor deixa presidência da Lierj

Renato Thor – Reprodução/Facebook

Renato Marins, o Thor, renunciou à presidência da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. A entidade congrega as agremiações da Série A, principal divisão de Acesso, última escala antes do Grupo Especial. O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira, 28, por meio de uma carta de despedida.

“Infelizmente, não é possível agradar a todos. Por isso, com a consciência limpa e a total tranquilidade de que o trabalho foi bem executado ao longo desses oito anos, me despeço da presidência da Lierj, deixando votos para que as conquistas não sejam esquecidas e o Carnaval da Série A possa seguir em crescimento na próxima gestão”, diz Thor, que também preside o Paraíso do Tuiuti, no comunicado (leia a íntegra no fim da página).

A saída de Thor, presidente da Lierj desde 2018, já era aguardada durante toda a semana, como adiantou o blog Repinique, de O Globo. Tudo por conta da pressão promovida por um movimento de oposição que contava, pelo menos, com cinco escolas. Entre elas, Unidos de Bangu, Porto da Pedra e Acadêmicos do Sossego – desta, inclusive, deve sair o próximo presidente da Lierj: Wallace Palhares, que deixou o comando da escola nesta quinta.

Pelas informações que correm nos bastidores, Palhares será indicado e eleito em assembleia com as escolas, marcada para o próximo dia 5 de abril. Em contato com o Setor 1, Palhares admitiu apenas que existe a possibilidade de assumir a Lierj, mas disse que tudo será decidido somente no encontro com as escolas.

A convocação da reunião foi publicada nesta quinta. As mudanças devem ratificar a ampliação da influência do grupo que organiza os desfiles da Estrada Intendente Magalhães (grupos B, C e D) na Série A.

Leia a íntegra da carta de despedida de Renato Thor:

Caros sambistas e admiradores do Carnaval da Série A,

Não foram poucos os obstáculos que encontramos pela frente quando aceitamos o desafio de criar a Lierj, em 2012. Após receber dois grupos de acesso que estavam, naquela altura, totalmente desacreditados, precisávamos atuar não só para recuperar a credibilidade do espetáculo como para devolver ao folião a alegria em defender o pavilhão na avenida. Dessa forma, mesmo sabendo que a missão não seria fácil, não podia ignorar os pedidos sinceros de cidadãos humildes de diversas comunidades, que clamavam pela valorização do produto cultural e, principalmente, por resultados justos. Então, aceitei ser um dos líderes daquele novo time, na época, como vice-presidente.

E foi na base do trabalho e da competência que conseguimos gerar frutos impressionantes em um curto espaço de tempo, fato ratificado e exaltado pela mídia e por formadores de opinião. Criamos a Série A, um modelo inovador que colocou a sexta-feira e o sábado de Carnaval no calendário de eventos do Rio de Janeiro. Os efeitos foram tão positivos que conquistamos o apoio de diversos parceiros, como a Liesa e a TV Globo, que passou a transmitir os desfiles. Além disso, voltamos a valorizar as raízes, colocando ingressos a preços populares e aproximando o público das agremiações.

Ano a ano, a gestão foi se aprimorando e as escolas de samba evoluindo cada vez mais. Por mais que as inúmeras dificuldades fossem aparecendo, a paixão pelo samba ia falando mais alto. Assim, a partir de 2018, dei continuidade ao bom trabalho que já estava em andamento, assumindo o cargo de presidente.

E olha que não foram poucas as barreiras que tivemos que ultrapassar. Além de nos depararmos com sucessivos cortes de verba por parte da Prefeitura, sofremos junto com as agremiações para encontrar alternativas e viabilizar a produção dos desfiles, uma vez que muitas foram despejadas dos barracões sem qualquer indicação de novos locais por parte do poder público. Isso sem falar no temporal que assolou a cidade em pleno dia de desfile, alagando diversas ruas e o próprio Sambódromo. De maneira serena, usamos o bom senso e conseguimos administrar a situação de forma satisfatória, sem colocar em risco as apresentações, os espectadores e os desfilantes.

Vale ressaltar que, desde o primeiro dia da gestão, todos os atos foram realizados com total transparência e conformidade com o que rege o estatuto da Liga, sem histórico de questionamentos por parte de quaisquer agremiações. Desde o início, o objetivo era agir em prol do coletivo, sem deixar espaço para ego, vaidade e, principalmente, ambição ao poder e interesses pessoais, que jamais podem ser colocados à frente das comunidades, dos foliões e dos sambistas.

Infelizmente, não é possível agradar a todos. Por isso, com a consciência limpa e a total tranquilidade de que o trabalho foi bem executado ao longo desses oito anos, me despeço da presidência da Lierj, deixando votos para que as conquistas não sejam esquecidas e o Carnaval da Série A possa seguir em crescimento na próxima gestão.

Agradeço o respeito com que dirigentes, presidentes e integrantes de todas as escolas de samba que já passaram pela Liga trataram a mim e minha equipe durante todo esse tempo. Desejo sorte e sucesso para que todos possam honrar suas bandeiras e seguir militando incansavelmente em prol do maior espetáculo cultural do planeta.

Atenciosamente,

Renato Thor

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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