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Renato Thor volta atrás e anuncia permanência na Lierj

Renato Thor – Reprodução/Facebook

A Lierj viveu nesta quarta-feira, 17, mais um capítulo da sua longa temporada de reviravoltas. Renato Marins, o Thor, que havia anunciado sua saída da liga das escolas da Série A no último dia 28 de março, divulgou uma carta no início desta noite com a notícia de que permanece no comando da entidade.

“(…) em prol de uma Lierj que foi construída na base da honestidade, da competência e do coletivo, com o objetivo de fortalecer as escolas de samba, aproximando o público de um produto atrativo, recheado de beleza, criatividade e samba no pé, informo que, por ora, não protocolarei a carta de renúncia e retomarei as atividades como presidente da Liga, buscando a união entre aqueles que realmente têm boas intenções para o grupo”, escreveu Thor, revelando, inclusive, que não havia formalizado sua saída.

O atual mandato de Thor se encerra em 2022, quando, em tese, acontecem novas eleições na Lierj. No entanto, logo após o Carnaval, um grupo de escolas – notadamente Porto da Pedra, Acadêmicos do Sossego, Unidos de Bangu e Inocentes de Belford Roxo (esta campeã da Série B, recém promovida) – se “rebelou” contra o atual presidente e chegou a marcar uma assembleia para definir os rumos da Lierj, inclusive a eleição do novo presidente.

A oposição, que afirmava ter o apoio de mais de 10 agremiações, sofreu, porém, seguidas derrotas na Justiça, que inclusive anulou os efeitos da assembleia que aconteceria no dia 5 de abril, quando, esperava o grupo, seria empossado o novo presidente – no caso, Wallace Palhares, que deixou o comando do Sossego na mesma época. A oposição, liderada pelo grupo que comanda a Liesb (séries B, C e D, da Intendente Magalhães) chegou a recorrer, mas sofreu nova derrota na Justiça.

Diante do impasse, Thor anunciou que fica.

“(…) percebi que não se tratava da insatisfação de agremiações com o modelo de gestão em vigor, mas sim de uma ambição pessoal para ascensão ao comando. Ficou muito claro que os objetivos eram puramente individuais e nem de longe contemplariam as escolas de samba e seus segmentos, enfraquecendo aquele produto cultural que vem sendo lapidado com tanto carinho e alcançou resultados tão expressivos nos últimos anos”, afirmou Thor, que também preside o Paraíso do Tuiuti, do Grupo Especial.

Veja abaixo a carta de Thor na íntegra:

Caros sambistas e foliões,

No dia 28 de março, manifestei publicamente a minha vontade de não continuar na presidência da Lierj. Naquele momento, apesar de ter a total convicção na realização de um bom trabalho, achei por bem encerrar o meu ciclo na administração da entidade. Como sempre deixei muito claro, não me preocupo com cargos ou escalões. Por isso, ao tomar ciência da insatisfação de algumas escolas de samba, achei por bem tomar aquela atitude, justamente para não atrapalhar o crescimento que tanto batalhamos para viabilizar na Série A.

Desde aquele anúncio, porém, acabou sendo revelado um cenário completamente diferente daquele que imaginávamos. Antes mesmo que pudéssemos iniciar os trâmites burocráticos para que eu e minha diretoria deixássemos oficialmente a Liga e encaminhássemos uma transição salutar para um novo gestor, começou uma leviana busca pela cadeira, com tentativas ilegítimas de tomada do poder. Em vez de serem seguidas todas as etapas legais, foram realizados atos que buscavam atropelar a lei, a ética e o bom senso. No lugar em que deveriam estar ideias e projetos para que a Série A continuasse a evoluir, como vínhamos promovendo ano a ano, pudemos observar discursos vazios, carregados apenas por ofensas pessoais e, principalmente, por críticas e acusações infundadas, plantadas de maneira irresponsável em veículos de comunicação regionais.

Foi quando percebi que não se tratava da insatisfação de agremiações com o modelo de gestão em vigor, mas sim de uma ambição pessoal para ascensão ao comando. Ficou muito claro que os objetivos eram puramente individuais e nem de longe contemplariam as escolas de samba e seus segmentos, enfraquecendo aquele produto cultural que vem sendo lapidado com tanto carinho e alcançou resultados tão expressivos nos últimos anos.

Essa mesma percepção vem sendo incessantemente compartilhada por sambistas, desfilantes, espectadores, trabalhadores e militantes do Carnaval. Seja em eventos de samba, nas quadras das agremiações ou através das redes sociais, todos começaram a expressar o mesmo receio com o futuro da Série A.

Diante de todos os fatos, não posso ignorar a preocupação de milhares de foliões que seriam diretamente afetados por ações precipitadas que certamente causariam um retrocesso no espetáculo. Corre em minhas veias o sangue de um sambista na mais pura essência, cria de comunidade, apaixonado por Carnaval. Não posso virar as costas diante de tantos pedidos sinceros de pessoas apreensivas por conta de anseios isolados que poderiam, inclusive, colocar em risco a realização dos desfiles de sexta-feira e de sábado. Por isso, em prol de uma Lierj que foi construída na base da honestidade, da competência e do coletivo, com o objetivo de fortalecer as escolas de samba, aproximando o público de um produto atrativo, recheado de beleza, criatividade e samba no pé, informo que, por ora, não protocolarei a carta de renúncia e retomarei as atividades como presidente da Liga, buscando a união entre aqueles que realmente têm boas intenções para o grupo.

Vale ressaltar que eu e minha equipe seguiremos trabalhando naquilo em que sempre fomos pautados, com total transparência e conformidade com o que rege o estatuto, devidamente corroborado e assinado pelas escolas de samba. Esse lema será sempre levado em conta, até que chegue o dia em que o ciclo esteja completo e o Carnaval da Série A bem encaminhado para seguir na trilha do sucesso.

Atenciosamente,

Renato Thor
Presidente
Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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