A segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (3), teve a Beija-Flor de Nilópolis como destaque, com uma apreesentação que a credencia para disputar o título com a, até agora, favorita Imperatriz.
O desfile dedicado a Laíla, mítico “faz-tudo” do Carnaval, saiu como o homenageado gostava e exigia da turma de Nilópolis: samba aguerrido e canto potente da comunidade por anos comandada pelo seu maior regente.
O carnavalesco João Vitor Araújo optou por destacar a fé múltipla do sambista na primeira parte do desfile, que se definia como um “filho de Xangô osso duro de roer”, e a atuação decisiva no Carnaval, criando um jeito de realizar cortejos influente até hoje.
A plástica opulenta, como a turma de Nilópolis exige, foi outro destaque da apresentação, que teve alegorias volumosas e uma citação a “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”, cultuado desfile vice-campeão de 1989 – perdeu só para outro clássico, “Liberdade, Liberdade”, da Imperatriz Leopoldinense, com quem, passados dois dias, a Beija-Flor deve disputar, décimo a décimo, o título de 2025.
O destino – e as bolinhas do sorteio da ordem dos desfiles – colocou o Salgueiro, primeira escola de Laíla, na sequência da Beija-Flor. E com um enredo que dialoga diretamente com o homenageado da apresentação anterior: “De corpo fechado”.
Na estreia do carnavalesco Jorge Silveira na escola, o Salgueiro traduziu em alegorias em fantasias os rituais brasileiros em busca de proteção física e espiritual. A apresentação, abragente, passou por desde elementos das religiões de matriz africana até os amuletos e pactos dos cangaceiros para fechar o corpo.
Na cabeça da escola, a escultura do preto velho socando pilão remetia ao desfile de 1992. No fim, a homenagem ao cantor Quinho. Juntos, os dois momentos fizeram a noite dos noventistas – salgueirenses ou não.
Antigo problema, a escola acertou a evolução. E o samba, conduzido pela Furiosa bateria, rendeu o suficiente para deixar o Salgueiro em condições de voltar no Sábado das Campeãs, lugar que, ao que tudo indica, também briga a Unidos da Tijuca, que abriu a noite.
Com o enredo – há anos pedido pela torcida – sobre o Logunedé, o “santo menino que velho respeita”, os tijucanos mostraram um vigor que andava sumido na escola.
O carnavalesco Edson Pereira, em uma marca sua, fez um desfile volumoso, com um belo abre-alas e contando a história do orixá pelo viéis de sua origem e transmutações.
Para completar a apresentação, o samba, que tem entre os autores a cantora Anitta – cujo santo “de cabeça” é o homenageado no enredo -, foi defendido com garra pelos componentes, e executado com a já tradicional competência da bateria do mestre Casagrande.
Fechando a noite, a Vila Isabel de Paulo Barros levou para a avenida o autoexplicativo enredo “Quanto Mais eu Rezo, Mais Assombração Aparece”.
Puxado por um trem-fantasma no abre-alas, que tinha Martinho da Vila no topo de uma caveira, a escola apostou em signos de fácil leitura para apresentar um pout pourri de elementos do imaginário popular. Indo desde o “velho do saco” até o hollywoodiano “Monstros S.A.”, pivô da maior polêmica do pré-Carnaval.
O destaque, porém, foi o setor musical da apresentação. A bateria do Mestre Macaco Branco e o cantor Tinga formam atualmente uma das melhores parcerias do Carnaval, salvando sambas medianos – como é o caso de Vila Isabel 2025. A atuação brilhante pode colocar a escola num lugar do Desfile das Campeãs, como já aconteceu em outras situações semelhantes.
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