Vereador diz que Carnaval é culto a orixás com dinheiro público e fonte de lucro para tráfico e prostituição

Unidos de Padre Miguel, 2017 – Fernando Grilli/Riotur

O vereador Otoni de Paula (PSC), do Rio de Janeiro, defendeu em discurso no plenário da Câmara Municipal o corte de verba para as escolas de samba da cidade. Em tom histriônico, Otoni nega que a decisão do prefeito Marcelo Crivella tenha motivação religiosa e fez duros ataques ao Carnaval.

“O Carnaval do bussines, da indústria, da Marquês de Sapucaí, se tornou culto aos orixás, guias e caboclos com dinheiro público”, declarou Otoni. “Despacho é cultura, galinha preta na esquina é cultura, cachaça pra orixá cultura. Só não é cultura quando fala de evangélico”, completou. O vídeo com o pronunciamento foi publicado nesta quinta-feira no perfil do parlamentar.

Leia também:
Carnaval SP: Doria sinaliza redução de verba da prefeitura, mas garante recursos
Presidente de escola se desculpa por ter apoiado Crivella nas eleições
Eduardo Paes critica corte de verba e cutuca Crivella
Presidente da Riotur diz que polêmica é favorável e revela mais cortes
Site fala em ‘profecia’ feita por cantora gospel: ‘Carnaval vai falir’
Alcione: ‘nesse país os caras roubam na Petrobras e a culpa é do samba’
Secretário de Crivella sugere corte de 100% da verba para escolas e critica Paes

O vereador leu a letra de sambas da União da Ilha, Império da Tijuca e Unidos de Padre Miguel, com temática afro, para defender sua posição.

“Se é (por motivo) religioso, Crivella tem que cortar 100%”, disparou.

“Lucro para o tráfico”

Otoni acusou o Carnaval de ser “fonte de lucro” para prostituição, promiscuidade e tráfico de drogas.

“Em três dias de Carnaval, se consome mais entorpecente do que em três meses de tráfico”, afirmou, sem dizer de onde havia tirado os dados, mas justificando a ausência de fonte alegando falta de transparência da Liesa. “(A Liesa) Vai abrir a caixa-preta do Carnaval? Não vai, meu irmão”, desafiou.

“Quem vai (ao Sambódromo) volta com o seguinte relatório: é sacanagem a céu aberto, prostituição e mulher pelada. E vem me contar que não…”, disse.

Otoni encerrou o discurso defendendo a privatização do Carnaval, sem detalhar a proposta.

“Quer ir sambar? Samba. Mas não com o meu dinheiro. Quer marchar para Jesus? Marcha, mas não marcha com o meu dinheiro. Quer ter orgulho de ser gay? Pode soltar a franga, mas não solta com meu dinheiro”, declarou.

Veja o vídeo na íntegra:

Entenda o caso

Crivella anunciou que pretende cortar em 50% a verba destinada às escolas de samba para investir em creches. O valor em 2017 foi de R$ 24 milhões, sendo R$ 2 milhões para cada agremiação. Como em 2018 serão 13 escolas no Grupo Especial, a expectativa era que o montante chegasse a R$ 26 milhões. Mas, conforme a Riotur (Empresa Municipal de Turismo do Rio de Janeiro), responsável por organizar a festa, já confirmou, o valor ficará mesmo em R$ 13 milhões.

A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) anunciou que, sem os R$ 13 milhões, os desfiles ficam inviáveis em 2018, e decidiu suspender as apresentações até que as partes cheguem a um acordo. A entidade espera conseguir um encontro com o prefeito, algo que vem tentando há meses, sem sucesso.

A Riotur disse, em nota, que o Carnaval está garantido e afirmou que vai buscar na iniciativa provada os recursos para as escolas. Mas confirma que as creches são prioridade.

Em resposta, sambistas realizaram um protesto no sábado. O grupo se concentrou em frente ao edifício administrativo da prefeitura, na Cidade Nova, e caminhou até a Marquês de Sapucaí.

O prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, se prontificou a ajudar e ofereceu levar os desfiles para a cidade da Baixada Fluminense. “A festa traz receita, movimenta a economia. Tem dinheiro para tudo. Se puder levar a Sapucaí para Caxias, eu banco. Vai dar lucro, traz turistas, é importante para a cidade”, disse Reis ao jornal Extra.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

14 comentários

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

      • Vai melhorar e muito o país. Os socialistas nestes 30 anos de eleições diretas só souberam fazer é roubar, encher o país de drogas, morticínio e insegurança etc.

    • Parabéns ao vereador Otoni. Carnaval é culto à demônios e a igreja católica vai se unir com eles também! Carnaval não é de Deus. Sodomitas caindo no Inferno. Dinheiro público jogado fora e milhares de doentes na fila dos hospitais. Vão ser Hipócritas lá no INFERNO!

      • Só é de deus os ladrões evangélicos com seus pastores do demônio, roubando dos pobres e lavando dinheiro! Esse bispo do demo, discípulo de judeu, nunca foi cristão só engana os otários dos evangélicos que pensam que, com o ódio pelos outros, irão para o paraíso. Bando de hipócritas!! O que pega é que carnaval é flouclore mesmo, e não adianta pastorzinho vereador, mamando dinheiro público, falar m#e3rda! É um enganador, só mais um falso cristão que quer que o prefeitinhno faça uma cidade inteira virar evangélica Grana para carnaval não pode mas para o encontro evangélico e para financiar filme do ladrão mafioso Macedo pode! Corja de hipócritas!!!

  • Alegam que da´lucro, que façam por conta própria. Os cariocas não acordaram ainda que estão abaixo do fundo do poço e estão afundando cada dia mais. Os que apoiam essa gastança devem ser os mesmos que defendem os Bilhões gastos com a Lei Rouanet. Carnaval é incentivo as drogas, bebidas e prostituição. Os turistas vem ao rio e deixam mais filhos que dependerão de creche, hospitais escolas às custas do trabalhador. O Crivela devia é cobrar uma taxa alta das escolas de carnaval para limpeza e gasto com segurança, e para construção de escolas e creches. Não tem que dar um centavo do meu dinheiro para prostituição….

  • Minha Nossa, que ridículo esse vereador!!! Ele deveria usar o tempo dele para discursar sobre a educação, saúde, transporte e as mazelas que afligem os cidadãos de nossa cidade, que afinal paga e “muito caro” o salario dele… para fazer discursos demagogos……

    O carnaval faz parte da cultura de nosso país e isso não irá mudar!!!!! GRAÇA A DEUS!!!

    Mais do que uma ideologia religiosa, o carnaval faz parte do POVO e nada mais forte que o POVO…

    Nossa sorte é que em 2018, teremos a oportunidade de excluir parte destas pessoas de nossa vida publica… depende de cada um de nós……

  • “Devia pegar o tempo para discursar sobre educação, saúde, transporta”… seria bom se pegasse o dinheiro PUBLICO que foi usado no carnaval, para bancar a educação, saúde e transporte não?

  • Que se fale a verdade.: numa pesquisa simples que qualquer um leigo faça no nosso amigo “Google” verificaremos que os grandes patronos das escolas de samba não só tem passagens pela policia como são investigados de crimes como: homicidios, traficos e mais… Então fato é que o carnaval tanto no Rio como em SP tem sim fundos obscuros (para dizer o minimo).
    Sobre a festa Carnaval em cima, não sou contra, desde que os impostos não esteja envolvidos, afinal se vc paga imposto que financia o carnaval o ingresso sai de graça? Não. Então eu estou que vou ao Anhembi/Sapucai pago duas vezes (ingresso e o imposto)? Sim. Pior ainda é que quem nem gosta e é obrigado a pagar, pq o imposto é compulsório. Ou seja, no Rio onde existe uma crise gigantesca, se investir em Carnaval e não se investir em educação, saúde e principalmente segurança publica é um disparate.

    O que me deixa passada é ver as pessoas não falarem desse financiamentos. É a mídia no geral não criticar esses gasto em “cultura” em contraste com os demais gastos que deixam de ser feitos em outras areas?

    Ou o dinheiro ta sobrando e não me avisaram.. quem sabe né?