Zeca Pagodinho é o enredo da Grande Rio para o Carnaval 2023

Zeca Pagodinho no Faustão na Band – Rodrigo Moraes/Band
Zeca Pagodinho no Faustão na Band – Rodrigo Moraes/Band

A Grande Rio anunciou nesta quarta-feira (4) que Zeca Pagodinho será o enredo da escola no Carnaval de 2023. Com isso, a agremiação de Duque de Caxias tentará o bicampeonato com uma homenagem ao sambista, que tem forte relação com a cidade da Baixada Fluminense.

O desenvolvimento do desfile ficará com a dupla de carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, aclamados como duas das principais revelações do Carnaval atual. Eles foram os responsáveis, junto do enredista Vinícius Natal, pela concepção do enredo campeão sobre Exu.

Ainda não há sinopse, mas Haddad deu pistas sobre o desfile e afirmou que a ideia é mostrar o subúrbio carioca, área do homenageado.

“Queremos mostrar a essa malandragem, o subúrbio carioca, o olhar do Zeca sobre o Rio. As músicas que o Zeca canta são extremamente voltadas para isso”, disse esta semana ao podcast “Só Se For Agora,” do presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Perlingeiro.

Assim, no lugar de um enredo biográfico simplesmente, o desfile apresentaria o “mundo de Zeca”, com a vida no subúrbio, as festas e religiões, por exemplo.

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No Twitter, escola e sambista interagiram esta tarde, com a Grande Rio preparando o público para o anúncio.

Zeca tem pelo menos um laço forte com a Grande Rio: Xerém, refúgio do sambista, é distrito de Duque de Caxias, terra da escola.

Além do título oficial, a Grande Rio recebeu o prêmio de melhor escola do Estandarte de Ouro, do jornal O Globo, e o desfile sobre Exu tem sido aclamado como um dos melhores do século 21.

Abre-alas de Grande Rio 2022 – Fabio Motta/Riotur

Zeca, unanimidade nacional

Reconhecido como um dos maiores nomes da música brasileira na atualidade, Jessé Gomes da Silva Filho, o Zeca Pagodinho, é cria do Irajá, bairro da Zona Norte do Rio. É dessa vivência suburbana que o sambista impregnou sua obra desde o início da carreira, quando apenas compunha.

Nos anos 1980, com a explosão do que passou a ser chamado de “pagode”, Zeca foi promovido a cantor, e logo foi alçado ao estrelato pela indústria fonográfica e, claro, pelos fãs – muitos inclusive de fora do universo do samba.

O primeiro álbum solo foi lançado em 1986, que tinha como título o nome do cantor e um punhado de sucessos eternos da música brasileira, como “Coração em Desalinho”, de Monarco e Ratinho, e “SPC”, parceria de Zeca com Arlindo Cruz.

Nos anos 1990, Zeca se tornou um dos maiores vendedores de discos do país, lotando shows, participando de programas de TV e consolidado como uma figura de relevo nacional, capaz de arrebatar fãs desde as parcelas mais ricas do Brasil e mantendo o público fiel das origens suburbanas – geografia presente na sua obra.

E assim é até hoje, tornado um personagem unânime – ou quase -, relacionado aos signos mais simpáticos do imaginário cultural brasileiro e de certa forma de viver. Como os versos de “Deixa a Vida me Levar”, espécie de hino nacional informal.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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