5 escolas por noite, dinheiro, justificativas, o som do Sambódromo e o carnavalesco da Mangueira: veja o que se falou na Sapucaí

Beija-Flor 2025 – Eduardo Hollanda/Rio Carnaval

Terminado o Carnaval 2025, o público da chamada “bolha” carnavalesca, pelas reações nas redes sociais, parece não ter aprovado a redução de seis para quatro escolas por noite no Grupo Especial do Rio de Janeiro. Em dissonância, os líderes das escolas, em sua maioria, se mostram satisfeitos com o modelo. Isso apesar de o presidente da Liesa, Gabriel David, citar, em entrevista ao canal Multishow, a possibilidade do acréscimo de mais uma agremiação.

O presidente da Beija-Flor, Almir Reis, a princípio, gosta da ideia.

“Eu sou do Carnaval. Se puder mudar para para cinco escolas por dia, ou seja, 15 escolas no total, eu não ficaria triste. Eu gosto do espetáculo”, declarou.

Há quem diga não ter opinião formada, como o diretor executivo da Viradouro, Marcelinho Calil, que prefere primeiro ouvir da Liesa os resultados do novo modelo. O dirigente afirma que ainda não há, entre as escolas, um debate formal sobre o assunto. E coloca mais questões, como a eventual divisão do dinheiro arrecadado e da subvenção.

“[Haverá] Aumento ou não de verba para cada escola? Como entender os prós e contras de aumentar uma escola por noite?”, devolve Calil.

Não faltou dinheiro

Por falar em dinheiro, as reclamações por falta de recursos por parte dos cartolas do samba diminuíram consideravelmente em 2025 em comparação os últimos anos.

“Pelo menos na Mangueira não faltou dinheiro”, afirmou a presidente da escola, Guanayra Firmino. “A gestão do Gabriel [David] foi muito importante para isso”, arrematou.

Na mesma linha, o mandatário da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, comemora. Segundo ele, 2025 foi melhor que 2024, o que permitiu fazer um “grande Carnaval” e não precisar pedir dinheiro aos “amigos” da escola. A única reclamação é sobre os prazos.

“Essas verbas [estatais] estão chegando tarde. Elas tinham que chegar mais cedo. do governo do estado e da prefeitura vieram só em janeiro, e a gente começa o Carnaval em julho, junho… Na hora em que eles conseguirem antecipar isso aí, vai ficar ainda melhor”, prevê.

Julgamento (no) final

O Carnaval 2025 ficou marcado também pela mudança no formato dos julgamentos. A partir deste ano, os mapas com as notas passaram a ser fechados a cada dia, impossibilitando a comparação.

Para o diretor de Carnaval da Grande Rio, Thiago Monteiro, todos sambiam da mudança, que afetou todas as escolas. “Tem que analisar com calma”, disse.

Chiquinho da Mangueira, ex-presidente da Verde e Rosa, prefere o modelo antigo. “Tudo na vida é comparativo”, defendeu.

O vice-presidente da Imperatriz, João Felipe Drumond, aprovou e nçao crê que a escola tenha sido impactada pela mudança. A bronca do dirigente é com as notas de samba-enredo da Gresil.

Eis as notas

João afirma discordar “veementemente” das justificativas de samba-enredo. “Mas isso deve ser estudado para o ano que vem. “Não entendi a as notas”, completou ao comentar os dois 9.9 que a escola recebeu, deixando um décimo pelo caminho justamente em um quesito onde a Imperatriz não dava sinais de que perderia ponto.

O som e a fúria

O som do Sambódromo apanhou de quase todo mundo. Os dois mestres de bateria ouvidos pelo blog fizeram severas críticas e pediram mudanças para 2025.

“O som falhou desde o primeiro dia, falhou com todas as escolas”, disse o mestre de bateria da Grande Rio, Fafá. O músico esteve no meio da polêmica sobre o próprio resultado do Carnaval, por causa dos dois 9.9 que recebeu. Fafá disse que não quer confusão, mas reclamou. “Já passou da hora de melhorar o som”, declarou.

No Salgueiro, o mestre Guilherme aprovou os testes de som para todas as escolas, mas entre o ensaio e o desfile, viu a coisa piorar.

“O som em alguns momentos realmente não ajuda. Atrapalha, na verdade. Principalmente na saída do último jurado [setor 10], algo que não aconteceu no ensaio. O som batia muito e voltava”, descreveu. “Parecia toda hora que a bateria estava atravessando”.

Por fim, Guilherme pediu mais “carinho” com o som da Sapucaí.

Vasco

Esse não foi o único motivo de bronca por parte do músico nos últimos dias. Vascaíno doente, Guilherme viu o Gigante da Colina ser novamente eliminado para o rival Flamengo, agora no Campeonato Carioca, após duas derrotas.

“Parecia que o time já estava cansado com 10 minutos do do segundo o tempo, não aguentava correr”, reclamou o músico, que detectou um problema de marcação no time.

Medo

Entre os carnavalescos, o do Paraíso do Tuiuti se mostrou satisfeito com o desfile e a repercussão sobre Xica Manicongo, a primeira travesti não-indígena no Brasil.

“O título do enredo falava de medo, então é para as duas partes perderem o medo. É também para que as mulheres trans e travestis possam andar e circular livremente, ser cidadãs que elas são, sem medo”, disse Jack, que ficou na bronca com um jurado de enredo.

“É o segundo ano em que ele teima em criar um enredo na cabeça dele e quando a gente não atende a expectativa, nos penaliza. Ele tem que se fixar no material que a gente dá, no recorte que a gente propõe”, reclamou, sem citar o nome.

Mangueira é prioridade

Sidney França, da Mangueira, estava animado com a possibilidade de renovar com a Mangueira. Ele vê com otimismo a chance de se firmar no Rio de Janeiro e admite algumas sondagens, mas que, a princípio, quer ficar na Manga.

“Tem tido alguns contatos, mas a Mangueira é minha prioridade”, afirmou.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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