
O carnavalesco João Vitor Araújo, campeão de 2025 com a Beija-Flor de Nilópolis, é considerado um dos maiores talentos do Carnaval, mas que ainda precisava de um título no Grupo Especial para fincar o nome de vez entre os grandes da festa. E ele veio com um enredo sobre Laíla, maior sambista da história da escola da Baixada Fluminense, num desfile em que pode citar uma de suas maiores influências: Joãosinho Trinta.
Junto de Viriato Ferreira, Joãosinho fez a cabeça de Araújo ainda jovem. “São os dois amores da minha vida”, disse o carnavalesco em entrevista ao Setor 1 em 2020.
Araújo começou cedo. Aos 14 anos, já trabalhava com o carnavalesco Alexandre Louzada na Portela. Depois passou por diversas escolas, como Mangueira, Acadêmicos da Rocinha, Viradouro, Unidos da Tijuca e Unidos do Cabuçu, entre outras, atuando em diversas funções, sobretudo como aderecista e assistente.

A estreia como carnavalesco aconteceu no Carnaval de 2014, na Viradouro, quando a escola estava no acesso. Campeão, assinou no ano seguinte seu primeiro desfile no Grupo Especial, na escola de Niterói. O desfile, porém, encarou uma forte chuva, o que comprometeu a apresentação e contribuiu para o rebaixamento.
A nova chance no Especial viria em 2020, quando assumiu o Paraíso do Tuiuti. Ficou em 11º lugar com um enredo sobre Dom Sebastião e Sâo Sebastião (“O Santo e o Rei: Encantarias de Sebastião”). Na mesma escola, ficou em 8º lugar em 2023 com “Mogangueiro da Cara Preta”, sobre a cultura paraense em torno dos búfalos.

A chegada à Beija-Flor aconteceu na temporada do Carnaval de 2024, para realizar o desfile sobre Rás Gonguila, famoso personagem da folia alagoana. Levado pelo presidente Almir Reis, que apostou no trabalho do carnavalesco, mesmo após insucessos em outras agremiações, Araújo ganhou segurança em Nilópolis. De contrato renovado, desenvolveu o enredo campeão sobre Laíla.
Influência de Clodovil
Fora do Carnaval, Araújo tem como principal influência o estilista Clodovil Hernandes. Mas sofria bullying na escola e tinha vergonha de mostrar os desenhos. Acabou que ganhou como apelido o nome do costureiro.

“O que despertou meu interesse pelo figurino foi [o estilista e apresentador] Clodovil Hernandes. Na escola meu apelido era Clodovil, porque sempre gostei de moda. Eu ficava chateado, com vergonha de mostrar meus desenhos para não ser zoado. Na época não se falava em bullying, mas eu sofri muito por volta dos 8 ou 9 anos de idade”, recordou.
Para se defender, retraiu-se. Mas superou o bullying. “Ficava na minha, fazia escondido, e sobrevivi”, declarou o agora campeão do Carnaval carioca.
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