Carnaval da nostalgia: escolas buscam em suas histórias referências para contar enredos

O Carnaval que acabou nesta terça-feira (4) teve sua “edição nostalgia” em 2025. Várias escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro buscaram em suas histórias referências icônicas para contar enredos atuais.

De quebra, tocaram o coração dos mais veteranos da folia com imagens que fazsm parte da iconografia carnavalesca.

Na segunda-feira, a Beija-Flor, ao homenagear o “homem de mil trabalhos” do Carnaval, ex-diretor da própria agremiação nilopolitana, Laíla, levou para a avenida uma réplica do “Cristo mendigo”, de “Ratos e Urubus”, histórico desfile vice-campeão de 1989.

Na versão atual, o carnavalesco João Vitor Araujo trocou os dizeres “Mesmo proibido, olhai por nós” por uma faixa com “Do orun, olhai por nós”.

Em seguida, o Salgueiro do carnavalesco Jorge Silveira abriu o desfile sobre rituais de proteção espiritual e física com um novo preto velho socando um pilão, escultura do cultuado “O negro que virou ouro nas terras do Salgueiro”, de 1992.

Preto velho do Salgueiro 2025 – Romulo Tesi

No último carro, dedicado à falange de rua da umbanda, formada por exus, um letreiro mostrava o grito de guerra do intérprete Quinho: “Arrepia, Salgueiro”.

Quinho, que morreu em janeiro de 2024, vítima de um câncer, deixou uma legião de fãs, sobretudo entre os que passaram dos 30 anos, que se manifestaram nas redes sociais.

Na terça-feira (4), a Mocidade promoveu um grande “varandão da saudade”. Para começar, pela estética noventista, marca do carnavalesco Renato Lage. No lugar do neon, as luzes de led.

Mocidade 2025 – Romulo Tesi
Mocidade 1993 – Reprodução

No penúltimo carro, a escola atualizou o “menino do vídeo game” do desfile de 1993 (“Marraio feridô sou rei”). No lugar do garoto, um robô jogava um game estilo Street Fighter, em que os personagens eram personalidades da geopolítica e economia mundial, como Elon Musk, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg e o líder chinês Xi Jinping.

No carro de som, o intérprete Zé Paulo Sierra veio fantasiado como o menino da alegoria original. Quem sacou a referência vibrou mas redes sociais.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

Adicionar comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.