A guerra entre as escolas de samba do Rio de Janeiro e pelo menos parte da administração municipal da cidade teve mais uma batalha. O secretário de Conservação e Meio Ambiente, Rubens Teixeira, publicou um meme em seu perfil no Facebook em que sugere o corte de 100% da verba da prefeitura para as agremiações, e não de 50%, como anunciou o prefeito Marcelo Crivella.
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Na imagem, com fotos do prefeito, o texto diz: “Crivella anunciou que irá cortar 50% da verba das escolas de samba e mandar o dinheiro para creches. Com isso, a Liga das Escolas de Samba está ameaçando cancelar o desfile de Carnaval do ano que vem. Agora Crivella pode cortar 100% da verba das escolas de samba”. O tom, ainda que o secretário negue, é de piada.
Junto do meme, Teixeira publicou um texto em que sinaliza pelo corte de 100%. Ele diz que o “show” é “apenas para alguns” e que seria ótimo a iniciativa privada explorar”. Leia abaixo:
“E vc, o que acha? Vamos espalhar o debate! Vamos defender o que pensamos! Nem todos os turistas ou cidadãos cariocas que participam do carnaval vão ao sambódromo! A maioria do povo não vai lá. A maioria de quem participa do carnaval vai para blocos de rua e outras programações. Muitos saem da Cidade. Se é um ‘show’ apenas para alguns, seria ótimo a iniciativa privada explorar. Há outras prioridades urgentes que beneficiam a expressiva maioria e que devem ser foco dos gestores sérios.”
O episódio aumentou a polêmica, que passou das fronteiras da comunidade do samba e invadiu a sociedade. Nas redes sociais, as discussões costumam ser acaloradas, de ambos os lados. Há quem veja na decisão de Crivella, bispo licenciado Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), uma perseguição ao Carnaval.
Desde a publicação do post, no último dia 15, Teixeira vem tentado se explicar. Em textos e postagens com imagens no Facebook, o secretário afirma que não fez piada e que apenas deu sua opinião. Ele se dirige diretamente aos jornais Extra, O Globo e “toda a sociedade”. Na área de comentários, o secretário foi criticado, mas também foi defendido. (Leia na íntegra ao fim deste post)
Em um deles, Teixeira cita o ex-prefeito Eduardo Paes, que dobrou a verba destinada às escolas depois que o governo estadual deixou de repassar recursos para as agremiações. Ele insinua que Paes o fez por ser “carnavalesco” e chamou a medida de “desalinhamento ético”.
“Em administração anterior dobrou-se os recursos do carnaval de um ano para o outro, por decisão politica, e não há qualquer demonstração de retorno financeiro proporcional para os cofres da prefeitura. O então prefeito aparecia na mídia como “carnavalesco”. Era como se um religioso dobrasse o dispêndio de recursos públicos para uma atividade religiosa. Não ficaria bem, a meu ver. Mas parece que não foi dada a devida importância a este desalinhamento ético.”
Entenda o caso
Crivella anunciou, esta semana, que pretende cortar em 50% a verba destinada às escolas de samba para investir em creches. O valor em 2017 foi de R$ 24 milhões, sendo R$ 2 milhões para cada agremiação. Como em 2018 serão 13 escolas no Grupo Especial, a expectativa era que o montante subisse para R$ 26 milhões. Mas, conforme a Riotur (Empresa Municipal de Turismo do Rio de Janeiro), responsável por organizar a festa, já confirmou, o valor ficará mesmo em R$ 13 milhões.
A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) anunciou que, sem os R$ 13 milhões, os desfiles ficam inviáveis em 2018, e decidiu suspender as apresentações até que as partes cheguem a um acordo. A entidade espera conseguir um encontro com o prefeito, algo que vem tentando há meses, sem sucesso.
Na última sexta-feira, a Riotur disse, em nota, que o Carnaval está garantido, e afirmou que vai buscar na iniciativa provada os recursos para as escolas. Mas confirma que as creches são prioridade.
Em resposta, sambistas realizaram um protesto no sábado. O grupo se concentrou em frente ao edifício administrativo da prefeitura, na Cidade Nova, e caminhou até a Marquês de Sapucaí.
Leia os textos do secretário Rubens Teixeira em que ele se defende:
Resposta à matéria publicada no jornal Extra intitulada: “Em rede social, secretário defende corte total de verbas para escolas de samba”.
Por Rubens Teixeira
Confesso que li toda a matéria e percebi que o Jornal tem um pensamento sobre o tema que pode ser diferente do meu. O veículo defendeu a sua posição. Não foi um ataque a mim ou a minhas opiniões.
Acho que o jornal Extra fez uma leitura um pouco equivocada em parte do que eu disse. Na verdade eu não disse que tinha que cortar 100%. A leitura correta seria que, tendo em vista a possibilidade da liga das escolas de samba cancelar o desfile de carnaval de 2018, então não teria desfile. Ora, se não vai ter desfile, não precisa da verba que seria destinada ao desfile.
Ademais, estas frases que eu publiquei na minha página não são minhas. Banners com minhas frases, mesmo nas minhas redes, vêm assinados. Esta está circulando pela internet.
A minha leitura é exatamente a que eu fiz acima. Como o Jornal Extra colocou todo o meu post na matéria, foi possível o leitor tirar a sua dúvida e, assim, eu prefiro não dizer qualquer coisa contra o jornal.
Tudo indica que a aurora da matéria, Marina Navarro Lins, escreveu sobre o ponto de vista dela. Eu, neste post, esclareço mais ainda o meu, além do que já havia dito anteriormente no post que ensejou a matéria. Apenas fiz uma leitura do caso concreto usando um banner com uma frase que desconheço o autor, mas achei interessante. A matéria publicada no Jornal Extra a que me refiro está no primeiro comentário abaixo neste post.
RESPOSTA AOS JORNAIS ‘O GLOBO’ “, ‘EXTRA’ E A TODA A SOCIEDADE
Por Rubens Teixeira
Atenção prestigiados jornalistas dos jornais O Globo e Extra, autores e responsáveis pela matéria intitulada: “SECRETÁRIO FAZ PIADA COM REAÇÃO DA LIESA APÓS CORTE DE VERBA PARA O CARNAVAL”. Atenção personalidades que opinaram nas matérias sobre meus posts sobre cortes de recursos do carnaval, da Marcha para Jesus e da Parada Gay. Atenção povo do Rio de Janeiro e do Brasil: NÃO FIZ PIADA. OPNEI. MAS VAMOS AO DEBATE:
(Os links das matérias a que me refiro estão nos primeiros comentários a este post.
1) Agradeço as matérias e os posicionamentos dos que foram ouvidos. Isso é um efeito positivo da democracia.
2) NÃO REMOVI DA MINHA PÁGINA, COMO VOCÊS AFIRMARAM NA MATÉRIA, O POST QUE TRATA DO MEU APOIO AO CORTE DE RECURSOS PÚBLICOS DA MARCHA PARA JESUS E DA PARADA GAY. Confere lá.
3) Gostaria de dizer que, da mesma forma que os jornais, os jornalistas e as demais pessoas se sentem à vontade para se posicionar, eu também me sinto e, respeitosamente, não peço desculpas por minha opinião. Postei em minhas redes o que sinceramente acho melhor para o povo da minha cidade, do meu estado e do meu Brasil.
4) Acho que os jornais deveriam ouvir opiniões divergentes à linha de pensamento deles. Os jornais parecem estar fazendo “proselitismo” de suas opiniões e não fomentando o debate. Mas tudo bem. Entendo que o jornal e os jornalistas pensam diferente de mim.
5) Tenho respeito e apreço pelo prefeito Crivella, bem como pelos meus colegas secretários e todos os membros da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Eles não respondem pelas minhas opiniões que posto em minhas redes.
6) Sempre fui, publicamente, contra uso de recursos públicos em patrocínio às atividades religiosas e defesas de causas. Há vídeos e artigos na internet que falo acerca disso. Senão o poder público deveria bancar todas as manifestações, não apenas algumas. E isso seria uma decisão irracional em um país com tantas demandas reprimidas por falta de recursos. O poder público tem que garantir a realização dos eventos, não embaraçar-lhes, desde que cumpridas as leis.
7) Atividades culturais e econômicas devem ser financiadas pela iniciativa privada quando possível. Há demandas urgentes que alcançam toda a sociedade. O carnaval tem espaço para financiamento privado de quem o explora como atividade econômica.
8) Em administração anterior dobrou-se os recursos do carnaval de um ano para o outro, por decisão politica, e não há qualquer demonstração de retorno financeiro proporcional para os cofres da prefeitura. O então prefeito aparecia na mídia como “carnavalesco”. Era como se um religioso dobrasse o dispêndio de recursos públicos para uma atividade religiosa. Não ficaria bem, a meu ver. Mas parece que não foi dada a devida importância a este desalinhamento ético.
9) Mesmo havendo a duplicação do valor do dispêndio referido acima, não houve comprovação de que isso tenha sido revertido em arrecadação ou benefício em dobro para a sociedade. Todo o povo pagou mais cara a conta da diversão e da promoção de alguns e não há sinais de que houve retorno aumentado na mesma proporção.
10) Por isso, a meu ver, o prefeito Crivella está agindo de forma republicana e correta ao reduzir aos níveis anteriores os recursos utilizados no carnaval, bem como em não patrocinar a Marcha Para Jesus e a Parada Gay. A maioria da sociedade parece também ter aprovado as medidas.
Vamos continuar discutindo este e outros temas e, dos consensos e divergências, construir um consenso maior do que seja melhor para a sociedade.
Acho que deveria cortar 100%,com toda certeza eles n
ão vão deixar de desfilar e vai sobrar muito dinheiro para coisas realmente IMPORTANTES !!!
Acho ótimo cortar 100% da verba dessa inutilidade de carnaval. Mas não acho justo dar o dinheiro só para creche. Se essa gente tiver menos filho vai precisar de menos creche. Se não pode sustentar filho que não tenha. Querem ter filho pra gente sustentar. Vão arrumar o que fazer, como estudar e trabalhar, por exemplo. Essa verba tem que ser usada para a saúde e para a castração de cães e gatos.