O presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, será candidato à presidência do Vasco.
O dirigente anunciou nesta sexta-feira o seu afastamento do cargo de vice-presidente do clube, enviando uma carta ao atual mandatário e agora ex-aliado Eurico Miranda.
“Hoje eu sou candidato, mas só falarei sobre isso na semana que vem”, disse o cartola em breve conversa com o Setor 1.
“O Vasco precisa acabar com a ‘Era do Eu’. E iniciar a ‘Era do Nós'”, diz Horta no comunicado, numa clara crítica ao estilo centralizado de gestão de Eurico.
A presidência do Vasco é um sonho antigo do português, que chegou a disputar o pleito 1988, sendo derrotado por Antônio Soares Calçada. Nos últimos anos, cogitou se lançar na disputa algumas vezes, sem concretizar o projeto.
Desta vez, a saída de Horta do Vasco era algo iminente. O presidente da Unidos da Tijuca já não se entendia com Eurico como antigamente. O Setor 1 apurou inclusive que, entre o fim do ano passado e o início deste, Horta já ia pouco a São Januário.
“Permaneci em São Januário, a contragosto, como mero observador de tudo o que acontecia no nosso clube, incomodado, chateado. Mas essa experiência amarga decerto será de enorme valia para o futuro que nos aguarda”, afirma Horta, sem esconder o descontentamento: “Eurico se fechou. Ele se fechou para o Vasco, para mim e eu me fechei para ele”.
“Nunca fui consultado pelo presidente para absolutamente nada, em nenhum momento, nem quando o Vasco estava próximo da queda para a segunda divisão”, reclama Horta.
No estatuto do Vasco não há impedimento para que o dirigente presida as duas instituições simultaneamente.
Atualmente, o Vasco tem pelo menos quatro candidatos de oposição: Alexandre Campello, Otto de Carvalho, Julio Brant e, agora, Fernando Horta. Publicamente, a situação ainda não tem um nome definido, e não há certeza nem sobre uma candidatura de Eurico. Do outro lado, os opositores tentam chegar a um acordo para uma chapa única, com mais chances de derrotar o atual mandatário. Mas as negociações não são fáceis, e a entrada de Horta no páreo deve embolar ainda mais a corrida presidencial na Colina.
As eleições no Vasco acontecerão em novembro, ainda sem data definida.
Em 1998, quando Eurico ainda era vice-presidente de Futebol do Vasco, a Unidos da Tijuca, já presidida por Horta, homenageou o clube em seu centenário, no enredo “De Gama a Vasco, a Epopeia da Tijuca”. A escola terminou em 13º lugar e acabou rebaixada.
Leia abaixo o comunicado de Fernando Horta na íntegra:
“Ao Clube de Regatas Vasco da Gama
Aos cuidados do presidente Eurico Miranda
Carta de licenciamento
O Vasco precisa acabar com a “Era do Eu”. E iniciar a “Era do Nós”
Esta carta está na minha cabeça há anos. Eu já a escrevi em meus pensamentos muitas vezes. E ela nunca foi publicada para não criar uma crise institucional para o Vasco ainda maior do que o clube vive agora.
Permaneci em São Januário, a contragosto, como mero observador de tudo o que acontecia no nosso clube, incomodado, chateado. Mas essa experiência amarga decerto será de enorme valia para o futuro que nos aguarda.
É oficial: estou no dia de hoje, 18 de agosto de 2017, pedindo licença do cargo de primeiro vice-presidente geral do Vasco até dia 20 de novembro de 2017, para cumprir uma missão que é a nossa missão primordial: recolocar o clube na posição de gigante que sempre foi.
Minha ruptura com o presidente Eurico Miranda teve início logo na primeira semana de sua administração, após apoiá-lo nas eleições de 2014, convencido que fui por grupos, personagens importantes da história do Vasco e pelo próprio Eurico, que me asseguraram que ele se mostrava diferente, mais aberto, após tanto tempo afastado do nosso clube.
Mas isso, infelizmente, não se confirmou.
Nunca fui consultado pelo presidente para absolutamente nada, em nenhum momento, nem quando o Vasco estava próximo da queda para a segunda divisão.
Nunca tive acesso ao futebol, por exemplo. Eu tinha minhas opiniões, evidentemente, mas em todos esses anos sempre fui alijado das grandes decisões, certas ou erradas, do presidente.
Eurico se fechou. Ele se fechou para o Vasco, para mim e eu me fechei para ele.
O Vasco que eu desejo em meu coração e na minha mente é um Vasco em que os vascaínos possam participar efetivamente das decisões, com um conselho diretor ativo, no qual o futuro do clube seja decidido pelos vascaínos.
O Vasco precisa acabar com a “Era do Eu”. E iniciar a “Era do Nós”.
Convido os vascaínos de todo o Brasil, sócios ou não, a partilhar de nossos ideais.
Ideais que são coletivos: amor pelo Vasco, responsabilidade com as finanças do clube, modernidade, transparência e, principalmente, cuidado com as nossas origens.
Fernando Horta – vice-presidente geral do Vasco
Rio de Janeiro, 18 de agosto de 2017”
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