O Carnaval 2017, que insiste em não acabar, trouxe mais uma notícia trágica neste sábado, com a morte da radialista Elizabeth Joffe. Ela foi uma das vítimas do atropelamento pelo carro da Paraíso do Tuiuti, que atingiu 20 pessoas. O acidente, entre outras ocorrências nos desfiles deste ano, escancararam a necessidade de mudanças profundas na festa, desde a segurança até a dinâmica dos desfiles.
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Na parte policial, quatro pessoas foram indiciadas: o motorista do carro alegórico, Francisco de Assis Lopes, o engenheiro que projetou a alegoria, Edson Marcos Gaspar de Andrade, e dois diretores da Tuiuti: Jaime Benevides de Araújo Filho e Leandro Azevedo Machado. Eles respondem por crime culposo (sem intenção), e as penas variam de seis meses a dois anos de detenção.
MP de olho
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), por sua vez, se mobilizou. A 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva e Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Capital do MP-RJ instaurou inquérito para cobrar melhorias na segurança dos desfiles.
A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Corpo de Bombeiros do Rio, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ) e Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) estão entre os órgãos alvos de questionamentos do MP-RJ.
Abaixo, o que o MP-RJ cobra de cada um:
Liesa – Tempo previsto para a tomada de providências de segurança necessárias à prevenção de novos acidentes, com a apresentação de cronograma relativo a cada uma das adequações a serem implementadas até o próximo desfile.
Corpo de Bombeiros – Comprovações se os carros alegóricos possuíam equipamentos e seguiam as normas de segurança contra incêndio e quais medidas podem ser complementares como garantia de maior segurança.
Crea-RJ – Informações sobre exigências técnicas de estrutura e engenharia, quais melhorias podem ser aplicadas, e laudos referentes à essas exigências no desfile deste ano. (Os motoristas dos carros, por exemplo, contam com visibilidade quase zero ao dirigir as alegorias na avenida, algo que deve mudar para 2018)
Inmetro – Informações sobre o projeto de definição de regramento especial de segurança a ser elaborado conforme informado na reunião de emergência convocada pelo MPRJ, no dia 2 de março.
Pista como palco e realização de simulações
Por fim, a Riotur já anunciou algumas medidas que pretende tomar para 2018. O presidente da Riotur, Marcelo Alves, disse em entrevista ao Setor 1 que pretende se reunir com a Liesa para debater o que pode ser feito, mas adiantou que quer reduzir a aglomeração de pessoas na avenida. Para isso, mira uma maior restrição na distribuição de credenciais.
A ideia é passar a tratar a avenida como palco, e assim só deixar na pista quem está participando do desfile.
“A gente precisa ouvir a Liesa, que é a responsável por coordenar a parte técnica do desfile. Mas o que quero propor ao Jorge Castanheira (presidente da Liesa) é diminuir o número de pessoas na pista. É uma missão nossa. Nós já reduzimos muito esse ano. Eu quero reduzir isso muito, porque entendo que ali não é pista, é palco. E no palco não entra ninguém além dos artistas, que são as pessoas das escolas”, declarou Alves.
O presidente da Riotur afirmou que faltou comando no momento dos acidentes da Tuiuti e da Unidos da Tijuca, e que a Defesa Civil já ficou incumbida da missão de dirigir eventuais ocorrências. O órgão poderia, por exemplo, determinar a interrupção dos desfiles em caso de emergência.
Alves também anunciou que os ensaios técnicos das escolas, feitos no Sambódromo nos meses que antecedem o Carnaval, serão usados para simulações de acidentes.
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