O Rio de Janeiro teve mais uma vez um título dividido no Carnaval. A situação, apesar do alvoroço causado, não chega a ser uma novidade. Na história, contando com a de 2017, são nove disputas com mais de uma escola considerada campeã. Boa parte delas, é verdade, por causa dos diferentes concursos, realizados por organizações independentes.
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Logo em 1934, Mangueira e Recreio de Ramos ganham desfiles distintos, cada um organizado por um jornal: “O País” e “A Hora”, respectivamente.
Em 1950, quatro escolas fora campeãs por três entidades organizadoras: Império Serrano, Mangueira, Prazer da Serrinha e Unidos da Capela.
No entanto, é em 1960 que uma confusão generalizada acaba fazendo com que nada menos que cinco escolas fossem campeãs – todas desfilando no mesmo campeonato.
Em sua autobiografia (O Encarnado e o Branco, Editora Novaterra), o carnavalesco Fernando Pamplona conta que, na apuração, no prédio da ABI, no Centro do Rio, as escolas que estouraram o tempo de desfile – Salgueiro fora delas – foram contra a abertura do envelope com as pontuações negativas. Assim aconteceu, apesar dos protestos, e Natal, o poderoso patrono portelense, após brigar até com a polícia, levou o troféu de campeão para Madureira.
O Salgueiro tentou recorrer na Justiça. Antes, porém, de ver a briga parar nos tribunais, Natal decidiu, com o apoio de outras escolas – menos o Salgueiro, conta Pamplona -, sugerir que o título fosse dividido entre as cinco primeiras agremiações: Portela, Mangueira, Unidos da Capela e Império Serrano, além do Salgueiro.
Pamplona, que fazia sua estreia e começava a revolucionar o Carnaval, conta a história com desolação no livro, de tão certo que estava da vitória na Justiça.
Regulamentos confusos
Em 1980, até a hora da apuração, ninguém sabia se haveria ou não desempates. Há relatos de desavenças entre os presidentes das escolas, que não se entendiam sobre o regulamento. Não teve desempate e três agremiações ficaram com o título: Imperatriz, Beija-Flor e Portela.
Em 1984, Portela a Mangueira dividem o título, com cada uma campeã de um dia de desfiles no recém-inaugurado Sambódromo. No Sábado, as três primeiras de cada dia desfilaram novamente, quando a Manga conquista o Supercampeonato. O formato de disputa nunca mais se repetiria.
Um regulamento confuso voltaria a causar problemas (ou quase) em 1998, mas Mangueira e Beija-Flor terminaram empatadas e dividiram o caneco sem brigas e disputas no tapetão. Foi o primeiro título da escola de Nilópolis no Sambódromo.
Veja os Carnavais com mais de uma campeã:
1934
Mangueira
Recreio de Ramos
1949
Império Serrano (FBES)
Mangueira (UCES)
1950
Império Serrano (FBES)
Mangueira (UCES)
Prazer da Serrinha (UGESB)
Unidos da Capela (UGESB)
1951
Império Serrano (FBES)
Portela (UGESB)
1960 (AESB e CBES)
Portela
Mangueira
Salgueiro
Unidos da Capela
Império Serrano
1980 (AESCRJ)
Beija-Flor
Imperatriz
Portela
1984 (AESCRJ)
Mangueira
Portela
1998 (Liesa)
Beija-Flor
Mangueira
2017 (Liesa)
Portela
Mocidade
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