Tradicional escola do Rio, Caprichosos não desfilará em 2018, diz liga

Caprichosos de Pilares em 2015 – Tata Barreto/Riotur

A Caprichosos de Pilares está fora do Carnaval 2018.

A escola, uma das mais tradicionais e queridas do Rio de Janeiro, pena com uma crise política e financeira sem fim, e não desfilará na Série C este ano, na Estrada Intendente Magalhães.

O presidente da Liesb (Liga Independente das Escolas de Samba do Brasil), responsável pela organização dos desfiles das séries B, C, D e E, Gustavo Barros, confirmou ao Setor 1 que a escola não se apresentará. Assim, será rebaixada automaticamente para a Série D – equivalente à quinta e penúltima divisão do samba carioca. A Caprichosos seria a segunda a desfilar na segunda-feira.

Por decisão da Justiça, o presidente Carlos Leandro foi afastado do cargo. Sem um representante legal, a agremiação não pode assinar os contratos com a Riotur e Liesb, nem receber os recursos da subvenção. Com isso, fica impedida de desfilar.

Por trás da barração da Caprichosos está uma disputa judicial entre Leandro e o ex-presidente da agremiação, Gilberto Nilo, e uma guerra para decidir quem deve assumir o comando da escola – a última eleição teve o resultado questionado na Justiça.

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“Quero votar!”

Com a decisão, será a primeira vez em 68 anos que a Caprichosos – fundada em 1949 – ficará fora de um Carnaval.

Apesar do passado recente de crises e desfiles abaixo da crítica, a escola fez história com enredos críticos e irreverentes, marca deixada pelo carnavalesco Luiz Fernando Reis, um dos mais engajados e criativos artistas do samba.

Com Luiz Fernando, a agremiação é responsável por pelo menos um clássico absoluto: “E por falar em saudade”, de 1985, que valeu um 5º lugar. Nele, o samba, obrigatório em qualquer compilação do gênero, exigia o direito ao voto e lembrava: “Diretamente, o povo escolhia o presidente”.

Caprichosos de Pilares em 2015 – Alexandre Macieira/Riotur

Recentemente, a Caprichosos foi responsável por “lançar” mais um carnavalesco: Leandro Vieira, hoje na Mangueira e reconhecido como o artista mais importante do carnaval atualmente. Vieira chegou à Manga após o elogiado “Na minha mão é mais barato”, que rendeu um inesperado 7º lugar na Série A (segunda divisão).

No entanto, logo no ano seguinte, sem Vieira (que seria campeão na Verde-e-Rosa com o enredo sobre Maria Bethânia), a Caprichosos seria rebaixada com o desfile sobre o jogador de futebol sérvio Petkovic. Uma “bola fora” involuntária do craque. Com vários componentes sem fantasia para desfilar, e alguns atravessando a Sapucaí de chinelos, a agremiação de Pilares protagonizou um dos momentos mais tristes da história do Carnaval.

Em 2017, já na Intendente, Reis voltou à escola, mas precisou se afastar por problemas de saúde. O enredo “Não deu pra mudar o começo, mas vamos mudar o final” marcava o retorno da escola à crítica, mas, sem recursos, veio um novo rebaixamento.

Veja abaixo o despacho com a decisão do desembargador Ferdinaldo do Nascimento:

Caprichosos de Pilares

 

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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