Com Zé Espinguela, Arranco volta à Sapucaí para contar a história de um dos pais do Carnaval do Rio

A Band vai transmitir os desfiles das escolas de samba da Série Ouro, principal divisão de acesso do Carnaval do Rio de Janeiro. Para fazer o esquenta, a emissora preparou uma série de reportagens sobre as agremiações que se apresentarão no Sambódromo da Marquês de Sapucaí nos dias 17 e 18 de fevereiro. O primeiro episódio é com o Arranco do Engenho de Dentro, que depois de 10 anos vai voltar a desfilar na Sapucaí, com o enredo “Zé Espinguela – Chão do Meu Terreiro”.

Imagens: João Fraga / Reportagem: Amanda Martins / Produção: Ana Clara Serafim / Edição: Suellen Faria

Por Amanda Martins, da Band Rio

Em meados da década de 1950, um bloco carnavalesco do subúrbio carioca “arrancava” as pessoas de casa e levava uma multidão por onde passava. Era o Bloco dos Sujos, que em 1973 se transformou na escola “Arranco do Engenho de Dentro”. Foi a primeira agremiação a desfilar na rua Marquês de Sapucaí antes mesmo da construção do Sambódromo. Durante a sua trajetória, conquistou quatro títulos: três na Série Bronze e um na Série Ouro. No ano passado, foi a vice-campeã da Série Prata.

Veja a ordem dos desfiles da Série Ouro em 2023

De volta à Serie Ouro (principal divisão de acesso do Carnaval do Rio) após 10 anos, o Arranco vai contar a história de Zé Espinguela. O sambista, pai de santo, jornalista e escritor foi o responsável por criar a primeira disputa entre escolas de samba em 1929. O desfile aconteceu aqui na rua Adolfo Bergamini, mesma rua onde está a quadra da agremiação.

Apesar de ser mangueirense, Zé Espinguela foi imparcial como juiz do concurso e deu o prêmio ao Conjunto Oswaldo Cruz, hoje a Portela, que aliás é considerada madrinha do Arranco.

Homenagear Espinguela foi uma ideia do carnavalesco Antônio Gonzaga, que estreia no posto esse ano.

“Assim que eu recebi o convite pensei que o Arranco precisava de um enredo que falasse sobre ele. Zé Espinguela é desconhecido do público de uma forma geral. Ele tinha um terreiro que era justamente aqui onde era a quadra do Arranco. Então ele é um dos pais do Carnaval carioca. Foi um pioneiro. Fundou a Mangueira e plantou nesse chão a semente do Carnaval que existe hoje. A gente brinca que o Carnaval nasceu aonde o Arranco tem suas raízes”, diz Gonzaga.

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Voltar às raízes e se aprofundar na própria história era um desejo da comunidade, que em 2023 festeja os 50 anos de fundação.

“É uma emoção, depois de 10 anos na Intendente [Magalhães, avenida do bairro do Campinho, na zona norte, onde desfilava a Série Prata] e voltar com estrutura toda que a gente não tinha. Fazer fantasia, trazer componentes, fazer um brilhantismo… Está sendo uma missão muito grande fazer em tão pouco tempo”, afirma a presidente Tatiana Santos.

O ano é de renovação e de mudanças. Pela primeira vez, a escola vai contar com uma intérprete: Pâmela Falcão vai fazer dupla com Diego Nicolau. Juntos, vão entoar o samba do Arranco na avenida.

Na quadra, muito ensaio, samba e trabalho. E o que era protótipo, vai se transformando em fantasia.

“Tudo passa pela minha mão. Eu estou muito feliz. Meu coração quer é que [a escola] fique em sexto, quinto… É ficar na Série Ouro. Estou lutando porque foram 10 anos de sofrimento na Intendente”, declara a vice-presidente, Diná Costa.

Para continuar na Série Ouro, a Azul e Branco do Engenho de Dentro aposta na própria história e no legado deixado pelas gerações anteriores.

“A gente abre o desfile trazendo as raízes ancestrais”, conclui Gonzaga.

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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