Muito antes de colocar o público para refletir no Sambódromo, Leandro Vieira já era um jovem questionador e preocupado com as mazelas sociais do Brasil. Quem conta é Wilton Porciuncula, professor de História do carnavalesco da Mangueira nos três anos de Ensino Médio.
“Leandro era aquele tipo de aluno extremamente curioso, perguntador. sempre participando das aulas ativamente. O foco central dele não era fazer anotações para o vestibular. Era muito crítico, se posicionava, queria saber mais sobre o que era debatido”, conta Wilton ao Setor 1, quase 20 anos depois de conhecer o mangueirense em um colégio da Ilha do Governador.
“Cheguei a pensar que ele seguiria a carreia de História, pelo grande interesse, sempre pedindo indicações de livros e filmes, mas o plano dele sempre foi fazer Belas Artes”, lembra.
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O portelense Wilton vive agora a expectativa de ver o ex-aluno levar para a avenida o enredo mais histórico da curta e vitoriosa carreira de carnavalesco. Até porque alguns dos personagens que serão exaltados no desfile de 2019, sobre os heróis brasileiros esquecidos pela literatura oficial, foram conhecidos por Leandro nas aulas do professor.
“Minhas aulas nunca foram conteudistas. Eu sempre quis fazer links com o que estava acontecendo nas ruas para debater na sala de aula”, recorda Wilton, animado com a “História Para Ninar Gente Grande” concebida por Leandro.
Coragem
“É um enredo extremante atual e corajoso, pela situação que vivemos agora. Essa mitificação dos heróis era um debate que rolava nas nossas aulas no ensino médico. Eu sempre fui muito crítico a isso. Durante um período isso deu uma melhorada, mas mas parece que agora vamos voltar aos velhos tempos”, comenta.
“Independentemente de protagonismos importantes e fundamentais, e o próprio Leandro não nega isso no enredo, o que ele faz é resgatar protagonistas da História que os livros não citam”, completa Wilton.
Professor e ex-aluno se distanciaram após o término do Ensino Médio, mas se esbarrariam tempos depois em rodas de samba e quadras de escolas nos anos 2000. Um dos últimos reencontros se deu em um bar da Rua do Lavradio, no Centro do Rio, quando Leandro contou que havia acabado de assumir o Carnaval mangueirense.
Retribuição
Curiosamente, anos depois de ajudar a fazer a cabeça do ex-aluno carnavalesco, agora é a vez de Leandro contribuir com o trabalho do mestre, que planeja usar o enredo e o samba da Mangueira de 2019 nas aulas.
“Ele [Leandro] fará um grande debate sobre esses heróis que a História oficialesca não identifica e nem reconhece. Nesse momento é um debate muito oportuno. Eu gosto de usar sambas-enredo nas aulas sempre que possível, e com certeza vou usar [o da Mangueira]”, diz.
Caraí, esse professor me entupia até o talo! Ele era foda, pena que encontrou uma garota da sala…