A Festa da Penha terá sua história contada no Carnaval, festejo que ela ajudou a fomentar. Em 2021, um dos eventos mais importantes para o Brasil será o enredo da Independentes de Olaria, do Grupo Especial da Intendente Magalhães.
A escola fez o anúncio nesta quinta-feira, 23. O desenvolvimento do desfile ficará a cargo dos carnavalescos Caio Cidrini e Alex Carvalho. Assina também o enredo, batizado (com o perdão do trocadilho) “Batuque pra Penha”, o diretor artístico Guilherme Estevão, carnavalesco do Império da Tijuca.
Olaria, terra da Independentes, é vizinha da igreja, ponto mais importante da Zona da Leopoldina. Quem sobe seus 382 degraus – ou vai de plano inclinado – tem uma vista de 360 graus de boa parte da Zona Norte, incluindo o conjunto de favelas da Penha.
Será a primeira vez que a Festa da Penha terá um enredo integralmente dedicado a ela. A Grande Rio pré-fusão, em 1981, desfilou no então Grupo 2A com “As grandes festas do Rio nas quatros estações do ano”, mas apenas a citava.
A importância da Festa da Penha não se limita à esfera religiosa. No início do século 20, o evento em outubro servia como espaço para o lançamento das músicas – incluindo os sambas – que poderiam – ou não – estourar no Carnaval do ano seguinte. Se fizesse sucesso na Penha, provavelmente ganharia a cidade em fevereiro. E isso bem longe da região central do Rio.
Apesar de católica, a festa também era lugar de culto aos orixás, onde o povo, de todas as regiões da cidade, comia, dançava e cantava, mesmo sob repressão policial.
Nesse ambiente, o samba superou os limites privados das casas das tias da Praça Onze e se tornou ainda mais popular. A mais famosa delas, Ciata, montava sua barraquinha de moqueca na festa. A baiana foi, inclusive, uma das pioneiras no processo que mudou a cara do evento, antes de forte sotaque português, mas que foi ao longo do fim do século 19 ficando mais preta. E mais sambista.
(Em tempo: a festa acontece até hoje, durante os domingos de outubro)
Veja o logo do enredo:
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