Marcado pelo Facebook, ensaio extraoficial na Sapucaí tem cerca de 9 mil interessados

Ensaio técnico do Salgueiro em 2017 – Alexandre Macieira/Riotur

O pré-Carnaval de 2018 ficou sem os ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí, mas o povo do samba não parece disposto a enrolar a bandeira.

No Facebook, um evento batizado como “O ensaio é nosso, mas é por direito” convoca as pessoas a tomarem o Sambódromo no dia 7 de janeiro, às 19h. A ideia é realizar um ensaio extraoficial, sem a chancela da Liesa ou até das escolas, como forma de protesto.

Até a noite desta quinta-feira, cerca de 4.200 pessoas já tinham confirmado presença, e outros quase 9 mil demonstraram interesse em comparecer.

“Aos sambistas!! Galera é momento de reagir, antes que toda nossa cultura perca o direito de ir, não é momento de por o dedo na cara das escolas e culpá-las, mas é momento de assumir a direção da festa! O ensaio técnico não é só para escolas fazerem testes, ensaio é para povo, ensaio é para turista, ensaio é pra quem gosta de festa, ensaio é pra nossa cultura, ensaio movimenta a economia formal e informal, ensaio mostrar a força do samba com o povo, o ensaio serve de vitrine para existência da festa. A Liesa não tá pensando no carnaval, essa é uma medida incabível, que ira trazer graves e irrecuperáveis transtornos/problemas! Vai ter luta, vai ter lavagem, vai ter tambor, vai ter Ziriguidum, vai ter o tio do cooler, a tia da empada, o carinha que vende pipoca e fatura o dindin da semana, vai ter ensaio!”, diz o texto do evento, cujo título faz menção ao samba da Mangueira de 2018. (Leia o comunicado na íntegra ao fim do texto).

Capa do evento no Facebook

Os próprios organizadores admitem a possibilidade de o evento não acontecer, mas insistem na necessidade de mostrar força dos indignados.

“Vamos compartilhar, essa é nossa forma de demostra indignação, e no dia 7 vamos todos, cantar, sambar, gritar no nosso lar (Sambódromo)!”, dizem.

Para não dizer que não haverá ensaios, ao menos duas apresentações estão programadas para o dia 4 de fevereiro, quando Portela e Mocidade cruzarão a Sapucaí para os testes de luz e som. Até lá, as escolas que quiserem ensaiar em condições semelhantes às do desfile, terão que usar as ruas.

A Liesa cancelou os ensaios de 2018 alegando não ter os R$ 4 milhões necessários para a realização das apresentações.

A Riotur chegou a cogitar usar o ensaios para a realização de simulações de acidentes, mas, sem o evento, a ideia foi descartada.

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Veja abaixo o texto na íntegra.

Aos sambistas!!

Galera é momento de reagir, antes que toda nossa cultura perca o direito de ir, não é momento de por o dedo na cara das escolas e culpá-las, mas é momento de assumir a direção da festa!

O ensaio técnico não é só para escolas fazerem testes, ensaio é para povo, ensaio é para turista, ensaio é pra quem gosta de festa, ensaio é pra nossa cultura, ensaio movimenta a economia formal e informal, ensaio mostrar a força do samba com o povo, o ensaio serve de vitrine para existência da festa.

A Liesa não tá pensando no carnaval, essa é uma medida incabível, que ira trazer graves e irrecuperáveis transtornos/problemas!

Vai ter luta, vai ter lavagem, vai ter tambor, vai ter Ziriguidum, vai ter o tio do cooler, a tia da empada, o carinha que vende pipoca e fatura o dindin da semana, vai ter ensaio!

O morro da Mangueira vai descer, o morro do São Carlos vai invadir, o morro do Borel e salgueiro vão aplaudir, o povo de Madureira já chegou sambando. Lá da baixada os trens já vêm chegando, até o povo que vem das barcas já chegou e a zona oeste, comovida de paixão, vem trazendo um arrastão!

Você da zona sul também é convidado, mas vem sem medo, é carnaval!

Confirme sua presença, compartilhe, compartilhe ao máximo, quem sabe assim de alguma forma mostramos nossa força, nossa indignação e sejamos visto e ouvidos por todos aqueles que parecem estar satisfeito com tal atitude!

Mesmo que essa data não aconteça, vamos compartilhar, essa é nossa forma de demostra indignação, e no dia 7 vamos todos, cantar, sambar, gritar no nosso lar (Sambódromo)!

Galera não temos ajuda de nenhuma escola ou patrocínio. Não teremos carro de som nem bateria, mas leve sua bandeira, leve uma lata, leve sua alegria, leve confete, serpentinas, vá sem roupa, vá como pode, mas vá! Vamos fazer como nos antigos carnavais, vamos galera, é um clamor por nossa cultura, por nossa festa!

Conto com todos, TODOS!

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

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