O presidente da Riotur, Marcelo Alves, comparou os desfile das escolas de samba ao Rock in Rio, só que com mais força para faturar. Alves defende que as agremiações pensem com mais carinho em seus projetos de marketing para a geração de receita – uma alternativa ao corte de 50% da verba da Prefeitura.
“O desfile das escolas de samba precisa se atualizar num grande projeto de marketing. As grandes marcas querem estar no Carnaval. A festa na Sapucaí tem 10 vezes mais potencial de faturamento que o Rock in Rio. Temos que buscar juntos uma solução”, disse Alves nesta quarta-feira, em declaração reproduzida pelo site oficial da Prefeitura do Rio.
Alves esteve no encontro do prefeito Marcelo Crivella e membros da sua equipe com os representantes das escolas de samba – entre eles o presidente da Liesa, Jorge Castanheira. O presidente da Riotur afirma ter três projetos para apresentar à Liesa.
Segundo dados da Prefeitura, o Rock in Rio, que acontece a cada dois anos, fatura cerca de R$ 250 milhões e tem um lucro de R$ 100 milhões. O festival já “esteve” na Sapucaí, em 2013, quando foi enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel.
O principal assunto da reunião foi o corte de 50% nas verbas oficiais destinadas à escolas de samba. As agremiações ainda tentam convencer Crivella a pelo menos reduzir o percentual da “facada”, mas o prefeito, até agora, se mostra irredutível. Um novo encontro foi marcado para a próxima segunda-feira.
Outros temas também estiveram em pauta, como as obras no Sambódromo. Alves é entusiasta de uma modernização da Marquês de Sapucaí. A instalação de lâmpadas de led e telões, reforma de 36 banheiros coletivos e a colocação de assentos nas arquibancadas são algumas das medidas citadas pela Prefeitura.
Segundo a administração municipal, as intervenções foram orçadas em R$ 1,1 milhão pela Riourbe, que realizou uma vistoria no Sambódromo há 15 dias. Fora isso, a Prefeitura diz que gastou R$ 19 milhões com a operação do Carnaval em 2017, fora os R$ 24 milhões repassados às escolas.
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Entenda o caso
Crivella anunciou que pretende cortar em 50% a verba destinada às escolas de samba para investir em creches. O valor em 2017 foi de R$ 24 milhões, sendo R$ 2 milhões para cada agremiação. Como em 2018 serão 13 escolas no Grupo Especial, a expectativa era que o montante chegasse a R$ 26 milhões. Mas, conforme a Riotur (Empresa Municipal de Turismo do Rio de Janeiro), responsável por organizar a festa, já confirmou, o valor ficará mesmo em R$ 13 milhões.
A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) anunciou que, sem os R$ 13 milhões, os desfiles ficam inviáveis em 2018, e decidiu suspender as apresentações até que as partes cheguem a um acordo. A entidade espera conseguir um encontro com o prefeito, algo que vem tentando há meses, sem sucesso.
A Riotur disse, em nota, que o Carnaval está garantido e afirmou que vai buscar na iniciativa provada os recursos para as escolas. Mas confirma que as creches são prioridade.
Em resposta, sambistas realizaram um protesto. O grupo se concentrou em frente ao edifício administrativo da prefeitura, na Cidade Nova, e caminhou até a Marquês de Sapucaí.
O prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, se prontificou a ajudar e ofereceu levar os desfiles para a cidade da Baixada Fluminense. “A festa traz receita, movimenta a economia. Tem dinheiro para tudo. Se puder levar a Sapucaí para Caxias, eu banco. Vai dar lucro, traz turistas, é importante para a cidade”, disse Reis ao jornal Extra.
No dia 28 de junho, Crivella recebeu as escolas de samba e ficou decidido que haverá desfile em 2018.
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