Mestre Marcão diz que ainda tem dinheiro a receber do Salgueiro; escola vê possível irregularidade em contrato

Marcão no comando da bateria do Salgueiro no Carnaval de 2016 – Gabriel Santos/Riotur

Demitido do Salgueiro no fim do ano passado, após a posse do presidente André Vaz, o mestre de bateria Marcão disse ao Setor 1 que ainda tem salários atrasados para receber da escola, além de um valor pela quebra de contrato.

“Estou aguardando alguém (da diretoria) me ligar para resolver essa pendência”, afirmou ao blog o ritmista, que não descarta ir à Justiça. “Mas não posso esperar muito, porque tenho filho para criar e conta para pagar”, declarou.

Marcão afirmou que já tem propostas para assumir o comando de baterias de escolas do Rio e de São Paulo, onde, inclusive, vai desfilar este ano ao lado do mestre Zoinho à frente dos ritmistas do Império de Casa Verde, do Grupo Especial. A estreia aconteceu no último domingo, no ensaio técnico no Anhembi.

A saída do Salgueiro, afirma Marcão, ainda marca. “Estou ferido”, admitiu o ritmista, que nega ter se comprometido politicamente com a ex-presidente Regina Celi durante a sua campanha para reeleição, motivo alegado pela nova diretoria para dispensá-lo.

“Não me meto em política, não me meti. A única coisa que ninguém compra é o meu caráter. Sofro um pouquinho, mas abrem novos horizontes”, disse.

Detalhe de um tamborim do Salgueiro em 2018 – Foto: Gabriel Nascimento/Riotur

O outro lado

Procurada pelo blog, a direção salgueirense reagiu com surpresa às declarações de Marcão.

Em nota enviada ao Setor 1 pela assessoria de imprensa, a diretoria afirma que Marcão, por ser benemérito da escola, não poderia “exercer atividade remunerada ou ter vínculo contratual” com o Salgueiro, de acordo com o estatuto. O caso será enviado ao Departamento Jurídico da escola, anuncia a direção.

“Isto também é mais uma prova que depõe contra a gestão anterior, a qual comprovadamente descumpre o estatuto da escola e o encara como uma revista que nunca foi lida”, diz a cúpula salgueirense.

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“Mar de dívidas”

A atual direção afirmou ainda que há mais profissionais, além de Marcão, com salários atrasados. “Isto somente reforça a incapacidade administrativa da gestão anterior. O presidente André Vaz assumiu a presidência do Acadêmicos do Salgueiro com a missão não só de colocar um carnaval campeão na Sapucaí, mas de sanar os problemas financeiros herdados da ex-presidente”, declarou.

“O Salgueiro é um mar de dívidas. A atual gestão está desde o dia 14 de dezembro (data da posse de André), com muito planejamento, trabalhando incansavelmente para recuperar a saúde financeira do Salgueiro”, diz a atual gestão, que afirma já ter resolvido as pendências financeiras com
funcionários do barracão, da quadra, prestadores de serviço e fornecedores.

“Isto resgata a credibilidade da escola para dar continuidade ao projeto desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza”, conclui o comunicado.

André Vaz, presidente do Salgueiro – Alex Nunes/Salgueiro

Leia abaixo o posicionamento do Salgueiro na íntegra:

“Em relação a quebra de contrato, vamos enviar o caso para apreciação do nosso Departamento Jurídico visto que, Mestre Marcão é Benemérito da escola e, segundo o estatuto, Beneméritos não podem exercer atividade remunerada ou ter vínculo contratual com o GRÊMIO RECREATIVO. Isto também é mais uma prova que depõe contra a gestão anterior, a qual comprovadamente descumpre o estatuto da escola e o encara como uma revista que nunca foi lida.

“Em relação aos salários atrasados, isto somente reforça a incapacidade administrativa da gestão anterior. O presidente André Vaz assumiu a presidência do Acadêmicos do Salgueiro com a missão não só de colocar um carnaval campeão na Sapucaí, mas de sanar os problemas financeiros herdados da ex-presidente. Não só mestre Marcão tem seus salários atrasados, mas os funcionários da Vila Olímpica, da quadra, do barracão, além dos prestadores de serviço e fornecedores da escola. Ou seja, o Salgueiro é um mar de dívidas. A atual gestão está desde o dia 14 de dezembro (data da posse de André), com muito planejamento, trabalhando incansavelmente para recuperar a saúde financeira do Salgueiro. Prova disto é que atualmente, funcionários do barracão e da quadra, além dos prestadores de serviço e fornecedores, estão com seus pagamentos em ordem e isto resgata a credibilidade da escola para dar continuidade ao projeto desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza.”

Romulo Tesi

Romulo Tesi Jornalista carioca, criado na Penha, residente em São Paulo desde 2009 e pai da Malu. Nasci meses antes do Bumbum Paticumbum Prugurundum imperiano de Aluisio Machado, Beto Sem Braço e Rosa Magalhães, em um dia de Vasco x Flamengo, num hospital das Cinco Bocas de Olaria, pertinho da Rua Bariri e a uma caminhada do Cacique de Ramos, do outro lado da linha do trem. Por aí virei gente. E aqui é o meu, o nosso espaço para falar de samba e Carnaval.

2 comentários

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  • Fecharam a Vila olímpica e não pagaram os professores. Alegaram que iam fazer obra e mais de mil crianças atletas da Vila olímpica foram jogadas na rua, priorizando o carnaval . Lembrando que só pode ter ensaio na escola de samba se a Vila olímpica tiver aberta, pois esse é o acordo com a prefeitura. E aí? Cadê o ministério público? Carnaval é mais importante que todo trabalho social desenvolvido ao longo de todo ano? Carnaval é mais importante que cidadania?