Bruno Filippo*
As quatro décadas da morte de Elis Regina, completadas neste 19 de janeiro, continuam a encerrar o epiteto de “a maior cantora brasileira” que lhe é atribuído. Bem ao contrário, sua ausência serve como guia para entender sua obra e seu legado – e um Brasil que, se hoje parece distante, ainda é referência para as novas gerações.
Dona de uma voz potente, reflexo da influência das cantoras do rádio, sobretudo Angela Maria, Elis soube aliar emoção e técnica. Quando despontou no cenário cultural brasileiro, vivia-se uma ebulição. A bossa-nova atraia cada vez mais músicos e cantores, ao passo que a jovem guarda fazia a cabeça da juventude.
Elis foi original porque criou um estilo próprio que lhe permitiu cantar muitos gêneros, sem enquadrar-se por completo em cada um deles. E, nisso, estava próxima da MPB – seja porque esta sigla abrange diversos estilos, seja porque ajudou a revelar muitos nomes que se tornaram canônicos. Ela cantou bossa-nova, samba, jazz e rock.
A MPB é fruto da Era dos Festivais; e Elis, sua primeira grande estrela. Estão, portanto, entrelaçadas desde a origem de ambas.
*Bruno Filippo é jornalista e sociólogo.
Este texto não reflete necessariamente a opinião do Setor 1.
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